Concupiscentes

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— Gosta de pegar os primeiros raiar do sol?
Não era uma das melhores coisas a se dizer, mas foi por isso que vim falar com ela, pra agradecer e fazer amizade, ou uma espécie de reconciliação de meninas, eu não sei, nunca fiz isso.
— Não é de seu interesse. Vá embora e me deixe sozinha.
Bom, então só agradecer.
— Eu só vim dizer obrigada por me salvar naquele momento, nossa, se você não...
— Já acabou? Acho que você não entendeu o porquê eu te salvei. Não te salvei porque tive piedade, mas porque era preciso. Agora vá embora.
— E porque seria preciso? Megan não queria que ninguém se machucasse?
— Eu já disse, não é do seu interesse.
— Você já me disse um monte de coisas que nem eram do meu interesse, além de serem coisas muito estranhas.
—Eu digo coisas estranhas pra todos, você não é especial.
Eu já havia ouvido isso...
— Não deveríamos estar num banheiro?
Disse isso involuntariamente, eu nem sabia o porquê essas palavras foram a minha boca.
— Então você se lembra?
— Não, não me lembro de nada. Eu nem sei o porquê eu disse isso.
Ela então me segurou e me fez olhar para uma das janelas que mal refletiam o reflexo.
— Olhe para o nosso reflexo.
— E precisa me segurar pra isso? Me solta ora.
Ela me soltou imediatamente, e fui prestar atenção no reflexo da janela.
— Não vejo nada demais...
Vi meu reflexo com o dela, e vi a mim mesma no lugar do reflexo da Sarah. Eu olhei para o lado e via Sarah, mas olhando para a janela eu continuava me vendo.
— Que porcaria é essa?
— Não tá entendendo ainda? Eu sou você, meu anjo.
— Não, você é alguma hipnologa ou uma bruxa, eu sei lá. Do jeito que mexe com satanás deve ter adquirido alguma coisa dele. Tira isso.
— Dizem que reflexos são os espelhos da alma, e alma é única, posso mudar de corpo quantas vezes eu quiser, mas meu reflexo a mim mesmo não muda.
— Você é uma louca, uma bruxa.
— E você acha que ter um livro mágico te torna uma pessoa normal?
— Meu diário não é mágico, ele só é diferente.
— NÃO, eu também disse isso, que loucura. Achei que quando isso fosse acontecer comigo, seria bem mais natural.
Eu estava enlouquecendo, apavorada com o que estava acontecendo, e ela rindo.
— Não estou interessada em mais conversar com você.
— Não, agora você vai ficar, ou você não quer entender o que esta acontecendo?
— Se você puder ser breve.
— É muito simples, você escolheu, e a propósito eu escolhi. Ser o que sou ser a Sarah. Ter que nascer em um local totalmente diferente, e ver eu mesma falando comigo, aprontar todas para mim mesma. E no final, virar essa gótica.
Então era gótica... OK.
— E dai? Por que tudo isso?
— Porque muita besteira vai acontecer se você não souber das às corretas escolhas ao seu diário.
— Até agora, ninguém morreu.
— Nesta versão de mundo.
— Como?
— Eu venho de várias versões do mundo, versões a qual tivemos a mesma conversa ou as quais você fez a mesma coisa, apesar de ser tão diferente sua vida.
Era muita loucura pra um só sábado.
— Se isso é verdade, então prove.
Ela tirou um baralho de cartas do bolso. E me mostrou todas elas, cartas coloridas, eram muito diferentes do convencional.
— Isso se chama tarô. Ele funciona como um mapa para guiar o destino de todos, ele funciona como se fosse o universo, consegue ver várias versões da sua vida, e uma delas vai se concretizar com suas atitudes. O seu diário funciona da mesma forma, como se fosse um tarô em escritas, a escolha que ele fizer vai alterar sua vida. Porém, assim como o tarô, tem certas que coisas que não podem ser mudadas, apenas adiadas. E diferente do tarô, seu diário é mais poderoso, seu diário pode não somente decidir, mas também escrever coisas que nunca aconteceram e que vão se concretizar sem quaisquer problemas, e ninguém, a não ser quem tiver outro diário irá perceber. Um diário não pode interferir na vida do outro, apenas no universo, e o universo sempre recomeça.
— Tudo o que escrever no diário pode se tornar verdade?
— Tenha cuidado com o que você pode escrever, as coisas podem se complicar.
— Se você sou eu, como foi que me tornei Sarah?
— A Sarah sempre foi você, e agora se pergunte quem é você?
E ela se retirou, e me deixando sozinha.
— Quem sou eu?

~FIM~

PARABÉNS, VOCÊ CHEGOU A UM DOS FINAIS DA NOSSA HISTÓRIA, A CONTINUAÇÃO DESDE FINAL AINDA NÃO É CERTA, POIS ESTÁ HISTÓRIA É APENAS UM TESTE, SE VOCÊ CHEGOU A ESTE FINAL, POR FAVOR, COMENTE.

Bolinha de Lã - Livro InterativoOnde histórias criam vida. Descubra agora