9- Ela não merecia isso.

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By: Priscila Pugliese

Priscila: Natalie! - toquei em seu rosto - olha para mim, não me deixe, por favor. - gritei em desespero aos emprantos, aquilo estava me machucado demais, ela não podia despertar um sentimento tão forte em mim e me deixar assim, não mesmo. E eu sei que não vai. Ela é forte.

Ela vai voltar para mim.

Policial: Senhora, por favor você precisa sair daqui, a emergência já está a caminho, venha comigo. - tentou me afastar de Natalie segurando meu braço. Eu não queria sair de perto dela, eu tenho medo. Não quero perder ela. Dói tanto aqui.

Priscila: Não! Eu não vou sair daqui. Me larga.

Policial: Senhora você precisa. A emergência está chegando, precisamos levá-la o quanto antes. - como poderia deixar ela ali?  Sangrando, na chuva, desacordada? Meu deus, isso é tão desesperador. Eu sinto que preciso estar do seu lado.

Priscila: eu acompanho ela - levei minhas mãos tentando me livrar um pouco da água da chuva e lágrimas que embaçava minha visão. Os socorristas preparavam tudo ao lado dela para perder levá-la daqui.

Seguravam em seu corpo e transferiram para a maca de forma habilidosa a levando para dentro da ambulância. Eu logo entrei junto com eles para poder acompanhá - la. Eles continuaram os procedimentos, vestiram sobre seu corpo um cobertor térmico de proteção para manter a temperatura adequada.

"Ela está perdendo muito sangue"

Ouvir aquilo apertou meu coração de forma lancinante, mal conseguia respirar mais. Minhas mãos estavam trêmulas, incontroláveis, meus olhos sobre Natalie desacordada, apertei meus dedos uns nos outros sobre meu colo tentando manter calma, uma calma que eu não teria tão cedo.

Velocidade alta e sirene tocando quase ensurdecedora. É impressionante a forma como os paramédicos atuam, de forma tão habilidosa e experiente, mantendo dentro possível sua calma, sem demonstrar tantas emoções e afetividade, apenas fazendo seu trabalho em salvar vidas. Estava nervosa a ponto de querer vomitar, sentia meu corpo fraco, levei minha mão à nuca levemente dolorida, massageei rapidamente. Nunca esperaria que esse dia terminasse assim, tão louco, com tanta angústia e temor. Um dos paramédicos veio até mim ao perceber meu estado letárgico, de choque, e mediu minha pressão. Pelo meu estado ele me deu um remédio, que por não conseguir prestar atenção em nada do que ele havia dito, não sabia do que se tratava, apenas tomei.

Em alguns minutos chegamos no hospital, ela foi retirada da ambulância e eu os segui por entre os corredores. O médico só estava a espera dela, no caminho as informações forma passadas e tudo foi preparado para sua chegada. Natalie foi levada diretamente diretamente para o centro cirúrgico.

Mais momentos de angústia por espera.

Precisava de alguém aqui comigo, não ia suportar muito aqui sozinha, eu estava instável, sem condições de ficar ao menos em pé. Mas, estava tão em choque e inquieta que também não conseguia ficar sentada. Andava pelo corredor, sentia minhas pernas bambas e fracas e voltava a sentar, na cadeira não tinha paciência de ficar por muito tempo e voltava a levantar. Uma loucura. Liguei para Rodrigo e fiquei a sua espera, precisávamos estar juntos agora. Dados forças e tentando passar por isso, torcendo para que dê tudo certo.

Voltei a sentar com os cotovelos apoiados no meu colo e meu rosto entre minhas mãos, olhava para o chão perdida. Perdas... perdas nunca são fáceis, nunca soube lidar com isso, seja da forma mais simples às mais dolorosas. E as mais doidas são aquelas que perdemos por definitivo sem chances de se esbarrar que seja por aí. Ao longo da minha vida tenho perdido pessoas, algumas que simplesmente decidem ir embora, outros que se vão pela trágica sorte de não termos vida eterna. E não importa quantos anos passem a saudade só cresce e clamo por presenças que não vou ter.

MINHA PEQUENAOnde histórias criam vida. Descubra agora