32 - Preparativos

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Meus olhos me traem e mostram de forma visível o que meu coração procura esconder (B.L)

Boa leitura...

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By: Priscila Pugliese

Um dia antes para a virada do ano conseguimos encontrar um dos museus mais lindos e muitas vezes esquecido. Minha noiva e eu saímos mais uma vez pela cidade aproveitando nossas férias de fim de ano. O Museu de Diversidade Sexual de São Paulo fica localizado dentro da Estação República do Metrô passando despercebido por muitos, mas não por nós. Vale ressaltar que construir e manter espaços como este é um desafio e tanto em nossa sociedade.

Pela dificuldade de manter exposições fixas no museu, então se mantém em boa parte com exposições temporárias, entre documentos, fotos, relatos da comunidade LGBT +. Ao visitarmos ficamos encantadas com a parte interna do museu, com paredes coloridas e outros ambientes em tons escuros que combinavam com as fotos em preto em branco enquadradas nas paredes. Tudo é planejado para agradar aos olhos, as cores, a posição e tamanho dos quadros, de onde as luzes devem sair e iluminar para valorizar a exposição. Um dos acervos chamou tanto minha atenção quanto de Natalie, estavam expostas fotografias de corpos nus, mas não eram só corpos nus, eram uma mescla entre diferentes corpos, como por exemplo um deles que era do busto para cima a imagem de uma mulher branca, os seios uma colagem de outro corpo negro, a parte do órgão sexual era masculino, mostrando com clareza o tema diversidade.

A virada do ano novo foi incrível, alguns familiares nossos foram para a casa dos meus pais, arrumamos uma longa mesa em meio ao jardim e passamos a noite festiva ali, regada de muita comida, bebida, família, muito amor e felicidade. Natalie muito mais solta e extrovertida do que eu, pegou amizade com todos, especialmente com a minha prima Gabriela e seu pequeno Adrian de dois anos, conversavam sobre tudo, ela chegou até a me esquecer as vezes, logo Natalie que não me largava por nada. Gostei de ver a interação dela com o pequeno, fiquei encantada, ela leva muito jeito com crianças e eu, claro, fiquei babando vendo ela assim.

Na contagem regressiva eu abracei Natalie por trás e ficamos olhando para o céu à espera de que os fogos coloridos anunciassem a todos sobre a chegada de mais um ano. Eu como sempre fiquei emocionada, não conheço ninguém mais emotiva, emociono-me com tudo, sério. Ano passado eu não estava com ninguém nesse momento, mas dessa vez eu estava com uma mulher incrível do meu lado que tanto amo. Vi na entrada do ano novo a porta de muitas coisas que estavam por vir.

Quando olhei para aqueles olhos, sempre tão intensos, que me fitavam eu sabia que ela era e sempre será a minha felicidade, a minha pessoa e a mulher que quero para o resto da minha vida. Não me via e nem queria ver ou projetar um futuro que não fosse ao lado dela. Fizemos os nossos pedidos e eu pedi à Deus, aos céus, ao universo, aos Orixás, as forças boas do mundo que ela fosse minha não só naquele ano, mas por toda a minha vida. Abracei e apertei ela como se fosse nosso último abraço, mas na verdade era o nosso primeiro de muitos daquele ano.

Minha Natalie, a personificação da felicidade.

A minha pessoa.

Minha mulher

Minha vida

Mas, como tudo que é bom acaba viajamos de volta para nossa casa, para o Rio de Janeiro. De volta a tudo, ao nosso lar, nosso trabalho, nossa rotina. Mas, como sempre falo, se eu tenho minha noiva pertinho de mim, eu tenho tudo e um pouco mais, ela me transborda.

Semanas depois.

Natalie e eu conversamos muito sobre os preparativos do nosso casamento, já havíamos iniciado tudo, conversado com nossos pais, sempre pedindo ajuda, opiniões, indicações a eles. Tínhamos que preparar, pensar e conversar à noite quando estivéssemos em casa, mas estava dando tudo certo.

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