Capítulo: 27 ✔

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Kurenai

Coloquei as mãos no vidro e me inclinei para frente para poder ver melhor do outro lado. Vários bebês estavam em incubadoras e no meio deles meu sobrinho estava dormindo, foi um parto difícil mas minha irmã e o bebê conseguiram sair bem e saudáveis. Ela foi encaminhada para um quarto do hospital até a anestesia passar, meu cunhado ficou com ela para fazer companhia. Eu fiquei encarregada de vigiar meu sobrinho no Maternal do hospital, porque meu cunhado tem um medo estranho de que alguém possa roubar o bebê. Acho que esse medo do Namjoon começou depois que ele viu uma reportagem sobre isso na televisão, então praticamente me obrigou a vigiar meu sobrinho.

Kim Hideki seja bem vindo ao mundo.

Estava tão entretida com o pequeno neném que quase não notei a aproximação de uma pessoa até o meu lado, encarei Hideki por mais um uns segundos até olhar para o lado de canto de olhos. Quando percebi quem era, suspirei e ergui meu rosto consertando a minha postura, balancei a cabeça para os lados tentando botar minha mente no lugar e suspirei outra vez.

— O que quer?

— Quero muitas coisas. — Emma disse olhando na mesma direção que eu, para sala cheia de bebês, ela não sabe qual deles é meu sobrinho então não tenho motivos para me preocupar com sua presença. — Sabe, eu ainda lembro de quando meus filhos nasceram... Lembro de todos eles em incubadoras, depois em casa, lembro dos primeiros passos... Eu me lembro.

— As coisas passam rápido, não é? — Finalmente olhei para a mulher e ela concordou, seu rosto abalado ainda era muito novo para mim, parecia embalada numa fina camada de nostalgia. — O que quer comigo Emma?

— Não fique tão na defensiva, não quero brigar hoje. — Se abraçou passando as mãos pelo próprio corpo, em seguida se apoiou na parede ao lado da janela de vidro. — Quero conversar...

— Sobre?

— Tudo, tudo Kurenai. — Mordeu os lábios com força encarando o piso recém limpo do corredor, seu olhar parecia um tanto perdido e só agora pude notar os machucados. Eram hematomas esverdeados, tinham alguns roxos que faziam companhia para arranhões e cortes recém tratados. — Natsu contou que correu atrás de você na rua, disse que queria matá-la... Sabe, ficou tão nervoso que descontou em mim e nas crianças. Ele nunca fez nada com nossos filhos, sempre aguentei tudo pelos meus pequenos... Mas dessa vez, dessa vez ele arrebentou as únicas coisas que eu amo nessa vida. Eu quero vingança.

— Por que não vai embora? — Cruzei os braços me pondo na frente dela, aqui é um bom lugar para conversar sem tirar os olhos do meu sobrinho. — Fuja de casa ou leve o caso na polícia, você é uma CEO famosa, com certeza tem dinheiro para bons advogados.

— E adianta? Natsu sempre dá um jeito de escapar dessas coisas, aquele carisma de merda ferra todo mundo que ele quer. — Bateu o pé no chão com raiva, mas logo voltou à posição anterior. — Fora que é ele quem manda na empresa, eu só sou a representante... De qualquer maneira, a única forma de escapar de um escroto como aquele é matando-o. Ele sempre me manipulou, eu realmente acreditei que você era amante dele porque queria ser... Só depois percebi que estava errada, que tanto você quanto eu somos as vítimas da situação.

— Percebeu antes ou depois de apanhar pela primeira vez? — Perguntei genuinamente fazendo-a me olhar com certa raiva, sei que esse é um assunto delicado e extremo para nós duas. Demorou segundos até sua expressão se suavizou, trazendo novamente o clima tranquilo até nós duas. — Eu só percebi depois que descobri a verdade sobre ele ter uma família.

— Só depois... De apanhar. — Massageou as próprias têmporas com uma careta de dor, deve ser psicológico. — Quero pedir desculpas, pela forma como te tratei... Pelas coisas que eu fiz.

𝐏𝐨𝐬𝐬𝐞𝐬𝐬𝐢𝐯𝐞 𝐋𝐨𝐯𝐞 • sᴇɴᴅᴏ ʀᴇᴇsᴄʀɪᴛᴀ.Onde histórias criam vida. Descubra agora