Capítulo: 32 ✔

4.6K 466 99
                                    

Kurenai

Minha irmã reservou uma mesa em um restaurante para o meu aniversário, mesmo que eu não esteja no clima de festejar vou fazer um esforço para que ela não fique triste. Olhei para os três com uma felicidade indescritível no coração, quanto mais tempo passo longe do trio, mais saudades tenho. É estranho, no início do ano morava com Rise e Namjoon, agora já no final do ano, estou passando aqui apenas para visitá-los. Eles formam uma bela família, estão se saindo muito bem e parecem estar muito felizes, não vou mentir, queria ter uma família assim. Já tenho vinte e quatro anos, muitos já estariam pensando em formar um ciclo familiar e estabilizar a própria vida. Há, há, há, grande merda. Como eu conseguiria realizar uma façanha dessas antes dos trinta? As únicas pessoas em quem confio cegamente são Rise e Namjoon, mais ninguém. Que sentido teria correr atrás de alguém agora? Não preciso de mais uma decepção, eu não quero mais uma desilusão amorosa para a minha lista. Não quero sofrer de novo.

Ah mas e o Jungkook? Ele não te ama? Não diz estar apaixonado? *Leia as últimas três frases com a voz de uma criança irritante* Essa é a porra do problema! Eu não consigo confiar direito nele, só pelo fato de ter escondido que me conhece desde que eu era um feto ambulante — conhecido popularmente como criança — já é motivo suficiente para não confiar. Não venham me dizer que estou errada, ou que isso — rejeitar — não é coisa que se faça com um idiota apaixonado. Acontece que eu estou tentando me proteger, de trouxa já fui feita mais que o necessário nessa vida. Tenho cicatrizes suficientes para ter razão, posso muito bem falar que não estou pronta para ter algo com ele.

— Ela está mais nervosa que o normal, ou eu estou alucinando? — Namjoon perguntou a própria esposa ao me observar com mais cuidado, sem se importar de dizer isso na minha cara.

— Acho que está com raiva sim. — Rise respondeu num sussurro, mas foi alto e não adiantou nada usar aquele tom de voz.

— Estou escutando vocês sussurrando tão bem como alguém gritando no meu ouvido. — Sorri forçado enrolando o macarrão ao girar meu garfo, brinquei tanto com a comida que nem percebi o tempo passar. — Por que estão me olhando assim?

— Você ficou parada que nem uma estátua fissurada nesse prato de comida. — Apontou minha irmã tomando um gole de seu suco, depois limpou a boca com um guardanapo. — Quase joguei água na sua cara, para, sei lá. Te acordar desse transe?

— Faz tempo que você não faz isso, o que está te irritando? Hum? Quer que eu meta a porrada em alguém para você? — O Kim esfregou uma mão na outra, para só depois fechar os punhos como se fosse um lutador famoso querendo brigar. — Posso bater em qualquer cara, só me fale o nome e onde mora.

— Você não aguenta nem a Rise. — Zombei rindo forçado e ele me encarou com um olhar desafiador, nessa hora o clima mudou, estava meio estranho. — E olha que ela não consegue ganhar de um ursinho de pelúcia.

— Ei! Sua vaca, eu sei me defender! — Bateu a mão direita na mesa e com a esquerda apontou bem para o meu rosto. — Respeite sua irmã mais velha, mocinha! — Se sentou novamente com preguiça e sorriu tristemente segurando minha mão, depois me olhou com ternura. — Você sempre fica feliz no seu aniversário... O que está acontecendo Nay?

— Eu não sei. Sinceramente eu não faço ideia. — Afasto o prato e passo as mãos no rosto ficando com a cara enterrada entre as minhas duas mãos, meus olhos permanecem fechados e imóveis. Não queria olhar para o casal, não queria demonstrar o que eu estou sentindo. Isso é frustrante, contar só seria mais uma maneira de me humilhar e apelar para a dó. Eu não preciso que tenham pena de mim, só quero uma solução para os meus problemas. Abro uma fresta minúscula entre dois de meus dedos para olhar para eles, mas só o suficiente, não quero que eles vejam minhas reações. — Eu quero ele... Mas não, não posso. Tenho que me proteger.

𝐏𝐨𝐬𝐬𝐞𝐬𝐬𝐢𝐯𝐞 𝐋𝐨𝐯𝐞 • sᴇɴᴅᴏ ʀᴇᴇsᴄʀɪᴛᴀ.Onde histórias criam vida. Descubra agora