Capítulo: 30 ✔

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Kurenai

Me balancei para frente e para trás com meu sobrinho no colo, tentava botar a criança para dormir enquanto minha irmã estava rolando em fotografias sobre o carpete da sala e se divertindo com álbuns de foto.

Eu vim com a missão de descobrir mais sobre o meu passado, mas acabei tendo que lidar com a Rise imersa em uma onda de nostalgia. Namjoon saiu para fazer compras e eu aproveitei para ter uma conversa mais íntima com a mais velha, tocando principalmente em nossos traumas... Os meus traumas. Ela disse lembrar um pouco dos meus amigos de infância, disse que nunca soube o nome de nenhum e que eu chamava eles por apelidos esquisitos. Também afirmou que um dos amigos usava uma focinheira, falou que todos achavam que usava de brincadeira, mas agora eu sei que era Jungkook e que seu pai obrigava ele a usar o item. Isso é doente, uma maldade sem escrúpulos. Se já fazia isso publicamente, imagine o que fazia com os meninos no off? Que horror.

— O médico disse para tomar cuidado com os pontos da Cesária, sua vagabunda. — Joguei uma almofada na direção da morena que foi acertada bem na cara, minha mira está boa. — E não esquece o motivo de eu ter vindo aqui, foca no problema e para de ver fotos da minha formatura.

— Aish, você está tão chata. — Engatinhou até a caixa de papelão que estavam todas as fotos, ainda tinham álbuns lá dentro, ela ficou mexendo nas coisas por uns instantes até achar algo. — Aqui, esse álbum é sobre você e seus amigos. Vovó fez questão de tirar fotos de literalmente todos os momentos que você estava feliz e com seus amigos, ou seja, quase nunca. — Levantou um álbum de cor escura, era vinho e parecia bem velho, estava coberto de poeira e tinha um desenho de uma borboleta vermelha na capa. — Quando acabar de ler, pode ficar com ele... É seu mesmo, só peço que me deixe algumas fotos.

— Arigatō, prometo cuidar bem dele. — Inclinei a cabeça para frente em forma de agradecimento, ela repetiu o ato sorrindo.

— Sei que vai, mas agora me devolve meu bebê. — Abriu os braços na minha direção totalmente apaixonada pelo filho, estava feliz e isso é bom. Rise sofreu tanto quanto eu, pelo menos uma de nós merece um final feliz. — Já estou com saudades do meu pequeno.

— Que mãe coruja você é. — Me levantei com o neném no colo e fui até ela, devolvendo o Hideki para a própria mãe. — Deixa o garoto respirar um pouco, quando ele estiver na faculdade você vai levar a lancheira dele?

— Ele é um recém-nascido, precisa de atenção. — Beijou a testa do garotinho, depois me olhou risonha. — A lancheira parece uma boa ideia, podia ser até de desenho animado. — Brincou e eu acabei rindo enquanto me jogava de volta no sofá. — Mas agora é sério, eu quero fazer para ele tudo o que nossa mãe deixou de fazer por nós, não vou deixar faltar nada para ele. Podem chamá-lo de mimado ou filhinho da mamãe, mas já estivemos na merda e eu sei o quão ruim é depender de alguém que...

— Não queria que você nascesse? — Completei e ela concordou num aceno, eu suspirei e tombei a cabeça para trás. — A mamãe era foda... Odiava ela. Na verdade odiava nosso pai também, os amantes dela e a nossa madrasta... Tudo foi tão horrível, a única que eu amava era a Vovó.

— Você também amava seus amigos, eu me lembro bem dessa parte. — Falou do nada e eu levantei minha cabeça para olhar para ela, quando percebeu que atraiu minha atenção suspirou fundo. — Principalmente o da focinheira, esse era o que a mamãe mais odiava.

— Por que odiava?

— Ela tinha inveja de vocês dois, pareciam um casalzinho de conto de fadas. Ela te proibiu de te ver ele por um tempo, mas sempre te ajudei a fugir para a rua e encontrar com ele. — Se levantou com o filho no colo e o álbum em uma das mãos, veio até o meu lado e se sentou deixando o livro no meu colo. — Uma vez, ela descobriu que fazíamos isso. Eu acabei apanhando, você foi quase espancada e ela só não bateu no garoto porque o pai dele tinha fama de louco.

𝐏𝐨𝐬𝐬𝐞𝐬𝐬𝐢𝐯𝐞 𝐋𝐨𝐯𝐞 • sᴇɴᴅᴏ ʀᴇᴇsᴄʀɪᴛᴀ.Onde histórias criam vida. Descubra agora