Kurenai
Coloquei mais um curativo em meu dedo, tem tantos que eu deveria ter ido logo ao médico por perder tanto sangue. Acontece que a vida de estilista não é um mar de rosas, furar o dedo com agulhas e coisas afiadas faz parte da rotina, quase como se fosse um ritual de iniciação na vida de costureira. Passei os últimos três dias indo na casa do Hoseok para continuar o vestido, estamos quase no final e amanhã é o último dia de produção. Não temos mais tempo depois disso, já que no domingo depois de amanhã é o dia da festa. Está de noite e eu continuo na cozinha cuidando dos meus machucados, não doem tanto, mas são bem incómodos na hora de fazer meu trabalho de secretária.
Jungkook está tentando ter aquela conversa comigo já tem dias, mas sempre tem algo para atrapalhar ele — seja seus irmãos, mesmo que sem querer, ou o trabalho. Eu não estou tão incomodada como antes, parece que me acostumei com o fato de ser traída pelas pessoas. É um péssimo hábito, eu sei. Mas, não consigo mais evitar. Ele pelo menos está tentando me contar a verdade, isso de certa forma é um alívio, significa que ele quer consertar as coisas. Conversei com Hoseok sobre o que estava acontecendo enquanto fazíamos o vestido, ele me deu vários conselhos, não só sobre o trio, mas também sobre Natsu e meu problema em confiar nas pessoas.
Quando a hora de conversar chegar e eu sei que vai chegar, quero esclarecer muitas coisas e perguntar mais coisas ainda. Eles vão contar, sei que vão... Pelo menos Jeon e Kim vão, o Park eu não tenho tanta certeza. Sua aversão pela verdade me deixou incomodada até agora, parecia nervoso só de pensar na possibilidade de me contar a verdade — como se quisesse esconder algo as sete chaves.
— Se furar o dedo mais uma vez vai acabar secando, como você pode ter tanto sangue no corpo? — Taehyung entrou no cômodo contornando o balcão, depois foi até a cafeteira para preparar sua bebida. Café estranhamente deixa ele com sono e como está de noite, com certeza vai tomar uma xícara inteira.
— Talvez eu seja imortal. — Brinquei guardando o restante das coisas que sobraram no kit de primeiros socorros, em seguida peguei o último curativo em cima da mesa e me preparei para por ele em um corte raso na lateral da mão. — Está com insônia de novo?
— Talvez a lua esteja apaixonada por mim e não queira que eu durma para que possa aproveitar a noite comigo. — Teorizou botando a xícara no suporte da cafeteira, após isso colocou uma cápsula na parte de cima, pôs água no compartimento do lado e apertou três botões. — Depois de uma boa xícara de café poderei dormir.
— Ainda não entra na minha cabeça que café te deixe com sono, isso é loucura. — Separei a parte que gruda do band-aid da que é inútil, depois colei ele por cima do meu corte já limpo. Todos eram da Hello Kitty e em sua maioria eram rosas, bem fofos e infantis, gosto de coisinhas assim. Os normais são bem sem graça.
— Loucura é uma palavra muito forte. O que é considerado louco para você, pode ser normal para mim e vice-versa. — Se aproximou de mim apoiando os cotovelos no balcão, levou as mãos até as minhas e as segurou com delicadeza para analisar os desenhos estampados nos curativos. Sua reação foi dar um sorriso soprado, deve ter achado graça da minha infantilidade. — Além do mais, eu nem gosto de café. Só tomo porque me ajuda.
— Isso sim não é normal. — Sussurrei reclamando e ele sorriu de canto.
— Se você diz. — Olhou para a grande janela ao lado da porra de entrada e manteve o sorriso, depois me olhou. — Adoro clima de chuva.
— Chuva, mas não está chovendo e... — Um trovão interrompeu minha frase me dando um choque de realidade, estava tão imersa na minha própria mente que nem percebi as trovoadas lá fora, era uma chuva forte. — Meu Deus!
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𝐏𝐨𝐬𝐬𝐞𝐬𝐬𝐢𝐯𝐞 𝐋𝐨𝐯𝐞 • sᴇɴᴅᴏ ʀᴇᴇsᴄʀɪᴛᴀ.
Hayran Kurgu𝐏𝐨𝐬𝐬𝐞𝐬𝐬𝐢𝐯𝐞 𝐋𝐨𝐯𝐞 ___ sᴇɴᴅᴏ ʀᴇᴇsᴄʀɪᴛᴀ Doroki Kurenai não imaginava que alguém iria se interessar por sua personalidade forte ou humor fora do comum, porém, não só um, como três dos homens mais conhecidos da Coreia começaram...