15. O que houve?

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Mais duas noites de sexo com Jéssica e agora dividíamos um quarto, como se realmente fossemos um casal

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Mais duas noites de sexo com Jéssica e agora dividíamos um quarto, como se realmente fossemos um casal. 

Ela parecia satisfeita com isso, estampava um sorriso radiante e acordava todas as manhãs me chamando de "seu maridinho", como se o que tivéssemos fosse algo realmente verdadeiro.

Tudo nela me irritava: sua voz, seu cheiro, seu cabelo comprido que deixava fios espalhados por todos os cantos, suas unhas que sempre me arranhavam durante o sexo e até a forma como ela mastigava o cereal pela manhã.

— Sabe que não precisa mastigar a colher junto, não sabe? – questionei, após ouvir seus dentes encostarem no metal do talher pela terceira vez. – Esse barulho entra fundo em meus ouvidos.

— Não vai comer? – ela perguntou, sorrindo graciosamente. – Não tocou em seu café da manhã. Não seria melhor se manter forte? Soube que tem um exorcismo para fazer hoje, na casa dos negros.

— Sabe, Jéssica, feiticeiras foram queimadas por muito menos. – Rebati. – Hoje em dia acho que ninguém se importaria em ver uma bruxa racista tendo a carne queimada em praça pública.

— Diz isso só porque enfeiticei um deles? Qualé! Não sou racista... Apenas má.

Fechei o jornal, irritado, e quis deixar a cozinha. 

Antes que eu tivesse a oportunidade, a voz ela me parou.

— Jonathan acorda hoje – contou, mordendo a colher mais uma vez na hora de comer. – Espero que seja uma boa notícia para você, apesar de que tenho certeza de que as coisas serão ainda mais conturbadas para vocês dois. Afinal, seu pai resolveu criar um novo ranking.

Novo ranking?

Nunca tinha ouvido falar de algo do tipo, mas a notícia não poderia ser boa.

— Que história é essa de novo ranking?

— A ideia foi dele. Segundo seu pai, muitos estão insatisfeitos com as suas posições atuais e ele dará uma chance para cada um de nós atingir uma nova colocação.

Aquela notícia congelou meu sangue.

É claro que essa decisão repentina tinha a ver com a minha ameaça contra ele. O velho era mais rancoroso do que eu poderia imaginar e agora queria atacar mais uma vez o Jonathan para me atingir.

O poço sempre era o destino final para quem ficava no final do ranking...

Se isso acontecesse com Jonathan, todo o meu sacrifício seria em vão e eu não suportaria ter que aguentar aquela família crescer e estender sua maldade ainda mais.

Precisava pensar em uma maneira de deter aquilo tudo.

— Você deve estar agora mesmo pensando em uma maneira de salvar seu aprendiz, não é mesmo? – Jéssica pareceu ler a minha mente. – Sabe, se você conseguisse o primeiro lugar, ainda mais junto da sua noiva, tenho certeza que poderíamos acabar de vez com essa tradição inconveniente do poço.

Cruzei os braços, intrigadoa.

— Quer uma parceria? É isso o que estou ouvindo?

— Nós somos o futuro dessa família, bobinho. É isso o que pessoas revolucionárias fazem desde os tempos da primeira guerra: elas lutam para mudar o status quo. – e sorriu maliciosamente – Essas pessoas têm vivido tempo demais girando a mesma roda de moinho velha e ultrapassada.

— Quebrar tradições não é fácil como você imagina.

— É, quando somos os mais fortes.

Pelo visto Jéssica era bem mais determinada e perigosa do que eu poderia imaginar. Sempre soube que ela tinha uma sede de poder insaciável, mas era a primeira vez que essa sua característica pesava ao meu favor.

Resolvi voltar para a mesa, ocupando meu lugar ao seu lado e olhando firme em seus olhos em busca de algum sinal de hesitação ou "pegadinha". Não encontrei nada que pudesse soar como um blefe.

— Se me garantir que irá acabar com esse ranking estúpido, concordo em te ajudar.

— Então temos um acordo! Mas é bom que saiba que temos apenas 2 semanas para nos tornarmos os mais poderosos desses lugar.

Ela mastigou com força o cereal, atingindo a colher novamente e sorrindo como se tivesse conseguido atingir seu objetivo mais obscuro.

— É tempo mais que o suficiente. - respondi, com um sorriso cúmplice - Até lá, terei absorvido o máximo de demônios que eu puder. 

Ele é o mal (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora