5. Aprendendo a nadar

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Carlito veio me entregar o mapa logo no dia seguinte, antes do treinamento com a família começar

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Carlito veio me entregar o mapa logo no dia seguinte, antes do treinamento com a família começar. Ele não parou de me olhar, praticamente me comendo com os olhos e procurando uma chance de dizer que queria algo mais do que sexo oral.

Evitei encará-lo, apenas peguei o mapa das suas mãos.

Quando nossos dedos se tocaram, o garoto ainda sorriu, falou que me via mais tarde e deixou o casebre, cantarolando.

Não sei por que ele estava tão vidrado assim em mim. Chegava a ser um pouco doentio, mas não queria me preocupar com aquilo. Tinha muito mais o que fazer, por isso peguei todas os ingredientes e poções importantes que eu tinha — guardei tudo na minha mochila, junto com o mapa, e corri até a cerca viva que rodeava o território da família.

Atravessei rápido, escondido para que ninguém me visse. O caminho para a mata, o seguro pelo menos, eu conhecia bem. Deixei a trilha até o ponto de encontro com o Alef e me surpreendi por já encontrá-lo ali.

Não o alertei de imediato. Fiquei observando-o andar de um lado para o outro, gesticulando e falando com o ar. Ele conversava sozinho, ensaiando alguma fala, e achei aquilo tão curioso que resolvi me aproximar de uma vez.

— Oi! – falei, interrompendo-o, com um sorriso. – Chegou cedo. Achei que fosse demorar hoje.

Alef congelou quando me viu, gaguejou um pouco e me lançou um sorriso desconsertado.

— Oi! Quanto tempo! – ele se embolou. – Vim de moto desta vez. Meu primo... me emprestou.

Observei o jeito dele.

Alef estava quase suando, mordia o lábio como se estivesse se segurando para não dizer algo e não fixava os pés no chão. Batia a sola, marcando os segundos em um ritmo quase perfeito.

— Você está estranho. Aconteceu alguma coisa?

— Errr... Não, estou bem. Só animado com mais uma aventura.

— Ótimo, então vamos. O caminho até o lago é bem longo.

Ele decidiu ir à frente, por estar armado.

Alef sabia sobre a minha maldição — pelo menos um pouco do que fui capaz de contar — e, mesmo sabendo que a maioria dos animais selvagens da região se afastava assim que sentiam a minha presença, ele continuava com a necessidade de me proteger. Por isso roubava a arma do pai sempre que saíamos.

O senhor Guiar jamais desconfiaria que o filho sabia do segredo do cofre onde ele guardava o revólver, documentos importantes e a quantia de 60 mil em notas de U$ 100. Na verdade, 59 mil desde que Alef passou a pegar do dinheiro para comprar meus mantimentos e, vez ou outra, abastecer o carro para me visitar.

No caminho até o lago, perguntei o que seus pais diriam se soubessem que ele andava roubando e andando com um garoto amaldiçoado.

— Também sou um garoto amaldiçoado – ele lembrou, piscando um olho para mim e sorrindo. – Sinceramente, às vezes tenho saudades de virar corvo. Poder voar é incrível! É uma liberdade que poucos conseguem experimentar.

Ele é o mal (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora