Olhei para os destroços do meu antigo celular durante alguns minutos antes de tomar coragem para pressioná-lo entre as minhas mãos e dizer as palavras para repará-lo magicamente.
Tinha acabado de amanhecer, mas não preguei os olhos desde a noite passada, quando Jonathan deixou meu quarto.
Minha mente estava conturbada e a culpa começava a tomar conta de mim. Comprovei isso quando a tela do aparelho ligou e as notícias — centenas de notificações — dificultaram o desbloqueio do aparelho.
Deitei na cama, olhei para as mensagens e li algumas — vendo o que causei no Alef por ter ficado tanto tempo sem falar com ele.
As coisas, de fato, haviam ficado incompletas entre nós. E foi pensando nisso que resolvi discar seu número de telefone.
Tive tempo suficiente para pensar em desligar, mas não fiz isso. Apenas me mantive firme até finalmente ouvir sua voz.
— Imaginei que ligaria. Sabia que, se eu insistisse bastante, hora ou outra a gente teria essa conversa.
Sua voz ainda me despertava sentimentos confusos e me fazia lembrar todos os bons momentos que passamos antes dele ser amaldiçoado.
— Desculpe ter demorado tanto – confessei, com a voz fraca e sem jeito. Ele era a única pessoa no mundo que conseguia me deixar sem saber o que dizer. – Achei melhor que ficássemos distantes um do outro.
— Por conta da maldição ou por conta do seu novo namorado?
Não havia mágoa na voz dele, aquilo foi mais como um puxão de orelhas do que alguém com ciúmes.
— Está tudo bem, eu te entendo. – Ele continuou, com um riso bobo. – O Jonathan parece ser alguém legal. E combina de você, apesar do lance do incesto.
— Deveria parar de vir à mansão. As crianças daqui são piores que os meus demônios, vão atirar pedras em você e te enterrar vivo.
— Sou duro na queda. Não pode se livrar de mim assim tão fácil.
— Acho que não entendeu como a sua maldição funciona. A Jéssica é uma das bruxas mais poderosas que conheço, não tem forma da gente quebrar isso. Você continuará virando um corvo toda vez que chegar perto de mim.
— Não é ruim poder voar. O que mata é a parte dos insetos e outros animais que encontro no caminho, mas Theo... Sinto a sua falta. As coisas entre nós ainda não acabaram.
Aquilo machucava.
Não era justo para o Alef, mantê-lo agarrado a um romance que não tinha nenhum futuro. Ele precisava seguir em frente e conhecer alguém que pudesse retribuir todo o carinho que sempre me deu.
— Estou com o Jonathan agora. – Afirmei, mesmo que aquilo fosse somente parte da verdade. – Siga a sua vida, viva como um humano e longe dessa casa amaldiçoada. Talvez um dia a gente ainda se encontre por aí, mas até lá é melhor me esquecer.
Antes que ele pudesse se opor ao que eu disse, desliguei o celular e o escondi entre os travesseiros da minha cama.
Ainda não tinha certeza sobre o que eu estava fazendo da minha vida. Não sabia se eu amava o Jonathan ou o Alef, mas o que tinha certeza era que precisava proteger os dois. Um só ficaria seguro enquanto estivesse comigo e o outro precisava manter-se longe.
Era hora de esquecer o Alef.
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Ele é o mal (Romance Gay)
General FictionGay | +18 | Em um mundo onde a magia é real, Theodoro está prestes a completar 21 anos e precisa lidar com a pressão familiar para casar-se e manter a linhagem pura da família. Apesar disso, ele se deixa apaixonar por Jonathan - um jovem com sede d...