22. Telefonema

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Olhei para os destroços do meu antigo celular durante alguns minutos antes de tomar coragem para pressioná-lo entre as minhas mãos e dizer as palavras para repará-lo magicamente

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Olhei para os destroços do meu antigo celular durante alguns minutos antes de tomar coragem para pressioná-lo entre as minhas mãos e dizer as palavras para repará-lo magicamente.

Tinha acabado de amanhecer, mas não preguei os olhos desde a noite passada, quando Jonathan deixou meu quarto.

Minha mente estava conturbada e a culpa começava a tomar conta de mim. Comprovei isso quando a tela do aparelho ligou e as notícias — centenas de notificações — dificultaram o desbloqueio do aparelho.

Deitei na cama, olhei para as mensagens e li algumas — vendo o que causei no Alef por ter ficado tanto tempo sem falar com ele.

As coisas, de fato, haviam ficado incompletas entre nós. E foi pensando nisso que resolvi discar seu número de telefone.

Tive tempo suficiente para pensar em desligar, mas não fiz isso. Apenas me mantive firme até finalmente ouvir sua voz.

Imaginei que ligaria. Sabia que, se eu insistisse bastante, hora ou outra a gente teria essa conversa.

Sua voz ainda me despertava sentimentos confusos e me fazia lembrar todos os bons momentos que passamos antes dele ser amaldiçoado.

— Desculpe ter demorado tanto – confessei, com a voz fraca e sem jeito. Ele era a única pessoa no mundo que conseguia me deixar sem saber o que dizer. – Achei melhor que ficássemos distantes um do outro.

Por conta da maldição ou por conta do seu novo namorado?

Não havia mágoa na voz dele, aquilo foi mais como um puxão de orelhas do que alguém com ciúmes.

Está tudo bem, eu te entendo. – Ele continuou, com um riso bobo. – O Jonathan parece ser alguém legal. E combina de você, apesar do lance do incesto.

— Deveria parar de vir à mansão. As crianças daqui são piores que os meus demônios, vão atirar pedras em você e te enterrar vivo.

Sou duro na queda. Não pode se livrar de mim assim tão fácil.

— Acho que não entendeu como a sua maldição funciona. A Jéssica é uma das bruxas mais poderosas que conheço, não tem forma da gente quebrar isso. Você continuará virando um corvo toda vez que chegar perto de mim.

Não é ruim poder voar. O que mata é a parte dos insetos e outros animais que encontro no caminho, mas Theo... Sinto a sua falta. As coisas entre nós ainda não acabaram.

Aquilo machucava.

Não era justo para o Alef, mantê-lo agarrado a um romance que não tinha nenhum futuro. Ele precisava seguir em frente e conhecer alguém que pudesse retribuir todo o carinho que sempre me deu.

— Estou com o Jonathan agora. – Afirmei, mesmo que aquilo fosse somente parte da verdade. – Siga a sua vida, viva como um humano e longe dessa casa amaldiçoada. Talvez um dia a gente ainda se encontre por aí, mas até lá é melhor me esquecer.

Antes que ele pudesse se opor ao que eu disse, desliguei o celular e o escondi entre os travesseiros da minha cama.

Ainda não tinha certeza sobre o que eu estava fazendo da minha vida. Não sabia se eu amava o Jonathan ou o Alef, mas o que tinha certeza era que precisava proteger os dois. Um só ficaria seguro enquanto estivesse comigo e o outro precisava manter-se longe.

Era hora de esquecer o Alef.

Ele é o mal (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora