4. Seis meses depois

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— Merda, fica de olho na porta!

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— Merda, fica de olho na porta!

— Tem certeza de que não vem ninguém aqui?

— Tenho, anda logo.

— Velho, e se o líder pega a gente?

— Ele não vai fazer nada. É o Jonathan quem sempre apanha.

Os dois riram enquanto falavam.

Meu primo, Lúcio, um garoto alto, de cabelo branco idêntico ao do Theo e um sorriso largo e brilhante passou para o irmão a poção. O outro, um ruivo sardento, um pouco acima do peso e de olhos azuis-escuros abriu a tampa do frasco e cheirou o conteúdo de uma só vez.

— Puta merda, meu nariz quase sangra. Essa porra é muito forte.

— Ei! – chamei a atenção deles, enquanto riam alto e comentavam sobre a poção. – Trouxeram o que desta vez?

Carlito, o irmão ruivo, já estava visivelmente chapado, mas tirou uma flor vermelha do bolso — com as pétalas esfareladas — e jogou na minha direção.

Tive que pegar o que consegui no ar, com a planta quase se desintegrando entre os meus dedos. Quando conferi os pedaços, franzi a testa.

— É pouco – falei, irritado. – Preciso de ingredientes de verdade, isso aqui não deve prestar pra mais nada.

— É o que temos pra hoje. – Lúcio respondeu, aproximando a minha poção de novo do nariz e inspirando fundo.

— O líder controla cada vez que a gente usa o buraco de minhoca. – acrescentou o mais velho. – Não dá para ficar indo ao mercado clandestino.

É claro que ele controlava, refleti, irritado.

Fazia meses desde que os jovens da casa tinham começado a treinar com o pai do Theodoro. Todos os dias, eles eram levados ao pátio e aprendiam a conjurar feitiços diferentes. Acompanhei alguns desses treinamentos e pareciam ser pesados — tanto que dois primos meus já haviam morrido e o líder da família não parecia nem um pouco disposto a diminuir o ritmo.

Tudo agora era mais rígido. Até conseguir comida estava mais complicado — afinal, a maioria ali conjurava o que queria e eu tinha que me virar como podia.

— Parece que estamos no exército! – continuou o ruivo. – Ele não fala o porquê disso tudo, nem pra onde foi o resto da família, mas pelo menos não temos mais que nos importar com aquele ranking idiota.

Não era verdade. O ranking ainda existia, mas para os mais fracos.

Os que não tinham um bom desempenho nas aulas eram obrigados a desempenharem as piores tarefas da casa e, quase sempre, recebiam castigos pesados.

Quanto a mim, me tornei persona non grata. Fui proibido de entrar na mansão, não podia participar dos treinamentos e a maioria dos jovens me tratava como se eu fosse uma espécie de serviçal, bichinho de estimação ou inseto. Agora, eu dormia nas barracas do lado de fora da mansão e tinha que me virar da forma que podia para conseguir comida, água e ingredientes para as minhas poções.

Ele é o mal (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora