8. Temporada de caos

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NOTA DO AUTOR: O capítulo quase não sai, mas promessa é dívida!!! Divirtam-se e sigam no Instagram para mais conteúdos: @lorde_underworld. 

Nem todos os bruxos deste mundo lidam com demônios

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Nem todos os bruxos deste mundo lidam com demônios. Na realidade, a minha família é uma das únicas que se especializou neste tipo de atuação. A maioria dos bruxos de casta mais alta, como os da Elite, preocupam-se com coisas muito mais mundanas: como guerras, conspirações, segredos obscuros e maldições cotidianas.

Mesmo assim, todos nós, feiticeiros e bruxos, temos algo em comum: compartilhamos da mesma fonte de magia. Ninguém sabe exatamente o que ela é, alguns acreditam que foi criada por seres celestiais enquanto outros pensam que os demônios foram os responsáveis. De qualquer forma, quando você nasce com isso dentro de você, não há nada capaz de tirar-lhe a sensação de ser capaz de fazer qualquer coisa — para o bem ou para o mal.

Ser poderoso é a meta de quase qualquer criatura mágica, por isso acaba que a magia corrompe e deprime aqueles que não conseguem ir muito longe com ela, como Jonathan.

O garoto ainda não entendia o quanto era especial. Tudo o que ele ouviu desde criança foi que era inútil por não ser capaz de demonstrar o mesmo nível de poder que os demais membros da família. Na realidade, eu mesmo o subestimava e acreditava que não seria capaz de ir muito mais longe como feiticeiro. Porém, ouvindo Sebastian, comecei a acreditar que eu estava enganado.

— Não toquem em nada – ele falou, abrindo a porta da cabana e dando espaço para que passássemos.

Não havia praticamente nada por lá. Apenas uma cadeira, uma mesa qualquer, móveis surrados e poeira. As paredes, manchadas de sangue, revelavam a história sombria por trás daquele local. Jonathan permaneceu grudado em mim por todo o trajeto.

— Se veio aqui para descobrir uma forma de despertar a magia do seu colega, já aviso que essa não é a minha alçada. Conheço contrabandistas de escravos que podem ajudá-los, mas, pelo que sei, a sua família não aceitaria bem isso.

— Sim – admiti. – Para eles, feiticeiros que usam escravos são fracos. Matariam o Jonathan e jogariam os restos no poço.

Meu primo não era o único feiticeiro que nascia sem magia. Em nosso mundo, pessoas como ele eram capazes de usar escravos para absorver a magia deles pelo resto da vida. Com isso, os escravos ficavam presos em um ciclo sem fim, servindo de bateria para uma classe inferior que não era capaz de produzir sua própria — ou manter aquela que roubavam para sempre.

— Eles têm certa razão. Escravos não passam de um paliativo. Ele continuaria oco e obrigado a absorver a magia dos outros pelo resto da vida. – lembrou Sebastian. – Sem contar que escravos sempre se rebelam uma hora ou outra. Conheço a história de um que cansou de ser abusado pelo seu senhor e rasgou o pau do cara com a corda de um violão. Imagine só. Ter o pau cortado por um instrumento musical!

— Vamos tentar manter o foco por aqui, por favor – pedi, lembrando como meu antigo tutor tinha a tendência a deixar-se levar pela própria voz.

— Ah, sim, claro... Como eu estava dizendo, não sou capaz de despertar a magia dele, mas podemos dar um jeito de descobrir por que toda criatura mágica está fugindo dele.

Sebastian estalou os dedos para que mais cadeiras se materializassem próximas à mesa e fez um gesto charmoso para que o acompanhássemos até lá.

Jonathan parecia relutante, ouvia tudo atentamente e não deixava transparecer pânico. Quando nossos olhos se encontraram ainda sorri para ele, para acalmá-lo, mas não obtive nenhuma reação em troca.

— Como deve ter percebido pelos meus lindos dentes, sou uma cruza imperfeita entre uma bela jovem bruxa com um demônio de nível inferior. É por isso que consigo sentir quando há algo maligno próximo.

— Acha que existe algo maligno em mim? – Jonathan perguntou, nervoso.

— Não exatamente. Consigo sentir algo estranho em você, mas não consigo identificar se é mesmo maligno. Para isso, preciso de um pouco de sangue. Pode me dar?

Ele concordou. Pegou do bolso da calça um pequeno canivete e esperou que Sebastian cobrisse a mesa com uma toalha branca antes de cortar a palma da mão e deixar que as gotas circulassem entre seus dedos até atingirem o pano.

— Que surpresa! Vejo que seu sangue ainda tem resquícios de pureza. Isso deve tornar a leitura fácil de realizar.

Meu primo ficou ruborizado e evitou olhar na minha direção. Aquilo foi o suficiente para Sebastian entender o que havia acontecido entre nós dois para que o sangue dele não estivesse mais puro. Merda.

— Olha só, consigo entender agora por que trouxe seu primo até mim – ele gargalhou, ainda observando as gotas se sangue e tentando concentrar seus poderes nelas. – Nunca me enganou, Theo. Eu sabia que você era...

Ele mesmo se interrompeu. Não precisei fazer nada ou demonstrar a minha insatisfação.

Sua expressão mudou abruptamente, seus olhos escuros tomaram um brilho perigoso e suas narinas se mexeram. Seja lá qual foi a leitura, não parecia ter sido algo bom.

— Meu querido, - ele continuando, voltando-se para Jonathan. – Poderia me deixar sozinho com o meu antigo pupilo, por gentileza?

Jonathan não entendeu o porquê daquilo.

— Sim... Mas não vai me dizer o que vê aí?

— Não seja mal-educado – falei, pondo a mão sobre o ombro dele e insistindo. – Vá lavar o rosto, mais tarde conversamos.

Jonathan não pareceu satisfeito, mas levantou-se mesmo assim.

O feiticeiro observou toda a trajetória dele até sair para o interior da cabana. Havia um grande interesse ali, era como se Sebastian estivesse secando o meu primo descaradamente.

— Uau... Que bunda gostosa esse garoto tem! Não paro de imaginar meu pau roçando naquele pedacinho de carne.

— Vai continuar mudando de assunto? – perguntei, incomodado.

— Não tenho muito o que dizer, na realidade. Achei melhor contar apenas a você que o garoto não tem nenhuma magia dentro dele, não há absolutamente nada para ser despertado. Mesmo tendo nascido em uma família como a sua, ele não passa de um humano.

Humano? Isso não é possível.

— O sangue não mente.

— Tem magia dentro dele! Sei disso, já senti. Além do mais, nunca na história da minha família um Abraham nasceu humano.

— Pois você se enganou. – Sebastian cruzou as pernas e esfregou uma mão à outra.

— Droga... Vão querer matá-lo quando souberem disso.

— Eles terão muitos outros motivos para fazer isso. – ele revelou. – Pelo que vi, seu garoto tem raiva demais acumulada dentro dele. Nunca, em toda a minha vida, vi uma fúria tão grande como essa. Trata-se de uma bomba atômica prestes a explodir.

Minha pele arrepiou-se.

Comecei a entender o que ele falava. E o perigo que Jonathan poderia representar.

— Você sabe o que acontece quando um humano deixa a raiva dentro de se explodir, não sabe? – ele me questionou.

— Uma maldição.

— Exatamente. E o seu garoto é o receptáculo de uma das maiores maldições que já testemunhei. Só o Diabo sabe o que ele será capaz de fazer com todos nós quando enfim libertá-la. 

Ele é o mal (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora