SINA DEINERT
O dia passou rápido e logo a tarde chegou, o dia estava meio escuro, provavelmente choveria mais tarde. Passei a manhã toda em meu quarto pensando no que aconteceu e me culpando, não posso negar que foi muito bom, mas só naquele momento. Agora eu sinto que não deveria ter feito isso.
Sai do quarto e fui até a sala de dança. Dançar me acalmava, me fazia sentir bem, dancei por longas horas até minhas pernas não aguentarem mais me manter em pé. Estava suada e ofegante.
Me joguei no chão e fiquei lá por alguns minutos com os olhos fechados. Quando abri vi Joalin em pé na minha frente.
- Vai tomar banho, Si, mamãe e papai estão voltando - ela diz.
Depois de um ano longe eles estão voltando? Pra que? Pra estragar minha vida de novo agora que tudo está realmente bem?
- Você não pode estar falando sério - falo e me levanto.
- Eu estou falando sério! Mamãe acabou de dizer que já estão chegando. Melhor você ir tomar um banho - Joalin diz.
Não respondo nada, apenas saio de lá e bato a porta. Subo as escadas rapidamente e vou para o banheiro. Resolvi tomar banho, mas só porque eu estava suada, meus pais não merecem nem esse mínimo esforço.
Termino o banho e vou até o closet, escolho uma roupa confortável e me deito na cama. Enfio a cara no travesseiro e começo a pensar no quanto meus pais me mudaram. Eles me transformaram em uma pessoa fria, que não se importa com ninguém além de si mesma, me fizeram acreditar que ninguém nunca vai me amar, me fizeram desistir do amor, eu nem me reconheço mais.
Entre pensamentos e mais pensamentos, uma chuva forte começou a cair do lado de fora e eu acabei pegando no sono.
QDT
Acordei com algumas batidas na porta, odiava já saber quem era, não queria que eles voltassem. Me levanto me preparando psicologicamente e vou até a porta dando de cara com meus pais segurando várias sacolas.
- Olá, Sina - minha mãe diz sorrindo - trouxemos isso para você - os dois entram em meu quarto e colocam as sacolas sobre a cama.
- Obrigado - falo sem nenhuma expressão.
- Não sentiu nossa falta, querida? - meu pai pergunta e meus olhos se enchem de lágrimas.
Eles me olham parecendo frustados pela minha reação.
- Não - falo e as lágrimas caem mas eu continuo olhando para eles. O resto de esperança que transparecia nos rostos deles desaparece.
- Sua mal agradecida! Sempre fizemos de tudo por você e é assim que você retribuí? Tem que se dar muito mal na vida mesmo, não merece nada do que tem! - meu pai fala parecendo mais bravo do que nunca.
- Se acalme! - minha mãe diz para ele.
- Me acalmar? Me arrependo por ter tido uma filha como essa! Sempre demos tudo que ela precisou e ela continua nos desmerecendo! - meu pai volta a falar e eu só conseguia chorar.
Era assim toda vez que eles estavam perto, eu parecia uma garotinha indefesa, eu pensei que depois de um ano eu conseguiria encara-los sem chorar e sem parecer que tinha levado facadas no coração, mas eu não consigo, é muito difícil ouvir tudo isso.
- Eu aprendi a perder vocês, eu fiz tudo que eu pude pra fazer vocês ficarem e me amarem do jeito que eu sou, mas nada impediu que vocês fossem embora. O amor de vocês sempre soou tão falso, e minhas expectativas nem são difíceis de atingir - falo colocando tudo pra fora enquanto as lágrimas não paravam de cair - e o que adianta eu ter tudo e ao mesmo tempo não ter o mais importante que é o amor de vocês? Eu tenho tudo, mas sem isso é como se eu não tivesse nada!
Seco minhas lágrimas e os encaro. O olhar da minha mãe era de puro arrependimento e tristeza, já o do meu pai, não transmitia nada, muito menos arrependimento. Nenhum dos dois falaram, meus olhos se encheram de lágrimas de novo, então eu sai de lá.
Essa merda é embaraçosa, porque um dia eles já foram meu tudo, e agora a única coisa que fazem é me deixar triste pra caramba e eu sei que eles nunca vão sentir muito por isso.
Saio de casa tentando controlar as lágrimas que queriam cair, a chuva gelada entrou em contato com meu corpo, mas aquilo não me abalou.
Por coincidência eu estava com uma lâmina atrás da capinha do meu celular, estava cogitando a ideia de me cortar de novo, isso alivia, não tanto quanto a dança, mas alivia.
Já estava anoitecendo e um trovão se fez presente me assustando. Eu estava andando sem rumo, apenas sentindo as lágrimas caírem sobre meu rosto, estava tendo uma recaída.
Me sentei na calçada sentindo a chuva cair sobre minha cabeça. A água gelada da chuva se misturavam com as minhas lágrimas quentes. Peguei meu celular que por sorte é a prova d'água e tirei a capinha. Pego a lâmina e penso bem antes de fazer o que eu queria fazer. Quase não fiz, mas a dor precisava ir embora de alguma forma.
Fiz o primeiro corte sentindo uma ardência e uma dor enorme, mas não parei. Depois de fazer uns cinco cortes resolvi parar, mas aquilo não foi suficiente pra acabar com a dor que eu sentia no coração.
Olhei para meu pulso vendo que saia muito sangue deles. Joguei a lâmina pra longe antes que eu cortasse mais. Tentei me levantar mas já estava ficando sem forças, tanto psicologicamente, quanto fisicamente.
Me deitei na calçada apenas sentindo a chuva cair, meu pulso sangrar, meu coração se despedaçar cada vez que as palavras do meu pai vinha á minha cabeça e meus olhos se fecharem.
Desculpa a demora pra postar, é que tô escrevendo alguns capítulos pra ir soltando aos poucos.
xoxo Lah<3

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𝗕𝗔𝗗 𝗚𝗜𝗥𝗟 ⁿᵒᵃʳᵗ [✓]
Romance𝗇𝗈𝖺𝗋𝗍 +| " Mesmo que eles descubram, foda-se, eu dou um jeito! Eu só quero me divertir um pouco com você" 𝖲𝗂𝗇𝗈𝗉𝗌𝖾: Sina, é uma garota um tanto quanto complicada, quem mexe com ela tem consequências depois. A verdade é que por trás de to...