13• A Ressaca.

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O celular tinha caído das minhas mãos, mas conseguia ouvir pequenas palavras não completas da Lucy.

— Jay, seu pai...morreu....

Sua voz pesada pelo choro não sai da minha cabeça.Ligo novamente o carro , desligo o celular e vou direto pra empresa.

Chegando lá eu avisto a ambulância.Cercado de vários funcionários e pessoas aleatórias da rua.Saio do carro a tempo de ver a maca sendo empurrada até o veículo.Um plástico preto estava cobrindo o corpo.

Passo por entre as pessoas até chegar nela.

—...e 47 anos, parece que foi um infarto...— A mulher dizia para um socorrista.

— Ei, você não pode....

— Sou o filho dele.— Respondo antes de puxar o plástico para ver sua cabeça.

Os olhos estavam fechados e o rosto impassível.Parecia que estava dormindo.Eu tinha o visto a alguns dias e ele estava bem.

Oh não...Ele não estava.Não estava bem desde que seu nariz sangrou pela primeira vez quando tinha 29 anos.

A hora do F.P.....

Podia acontecer a qualquer momento.E aconteceu.Ele apenas teve um mês de bônus para que pudesse ver o filho ingrato que tinha, uma última vez.E eu fiz de tudo para evita-lo.

--- Betty ---

Meus dedos contornavam a taça de vinho que eu bebia.Minha cabeça escorada na outra mão...Eu era a unica pessoa que estava sozinha naquele restaurante chique.

Olho pro celular.Já faz uma hora que era pra ele ter me encontrado aqui.Eu tinha enviado mensagens que não foram vistas e nem respondidas.Respiro fundo.Estava magoada.

— Agora vai pedir alguma coisa, senhorita? — O garçom gentil, que já tinha me perguntado isso três vezes, estava com o bloco dos pedidos na mão.

— A conta.Por favor. — Em um só gole, eu acabo com o vinho.

***

As ruas estavam escuras, apenas brechas de luz a iluminavam no centro.Me arrependo de ter vindo de vestido.Cruzo meus braços para que o frio vá embora.Eu trocava rápidos olhares para as paredes laterais escuras e para trás de mim, com a sensação de estar sendo seguida.

Minha bateria estava acabando, por conta de todo o tempo que eu perdi mexendo nele atoa.Ao conseguir entrar no aplicativo, o celular mostra o logo de sua marca e desliga por completo.

— Ah, vai se foder... — Aperto o aparelho contra meu peito e passo uma mão no rosto, para tentar afastar o ódio que eu estava sentindo.

E o Campus estava muito longe de onde eu estava.E pra piorar eu não conhecia ninguém aqui perto.Seria uma longa, longa caminhada.Acelero, mas era difícil com o pequeno salto e vestido justo.Algumas vezes eu olhava pro chão, pra achar algo para me defender caso um escroto aparecesse.Nessas horas eu queria ser o batman.Ou pelos saber lutar.

Quase morro do coração quando um rato passa correndo por cima do meu pé, me fazendo escorar na parede e respirar várias vezes.

Eu estava me sentindo fraca e indefesa sozinha.Não queria, mas eu estava.Minhas costas deslizam pela parede, até eu estar sentada no chão úmido no meio do nada.Não sei durante quanto tempo eu fiquei ali.Mas meus olhos já estavam pesando pelo sono.Dou um tapa na minha cara para me manter acordada.Tiro meus saltos e começo a andar novamente.Eu não podia passar a noite na rua com o risco de ser violada ou pior.

PRAZER MORTAL °RiverdaleOnde histórias criam vida. Descubra agora