Capítulo 14

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Scarlett

— Eu já volto. — Jack sorri em concordância e vai cuidar dos outros clientes. Eu ando em direção à porta e cuidadosamente enfio minha cabeça para fora. — Warren? — Eu o vejo sentado em um banco. Ele não se mexe, mas eu sei que ele me ouviu. Vou até ele e me sento cuidadosamente ao seu lado. — Você está bem? — Depois de alguns momentos de silêncio, ele finalmente me responde.

— Acho que só precisava de um pouco de ar fresco.

— A gente não precisa conversar sobre isso, se você não quiser. — Falo o olhando.

— Não é isso. Eu só não me permitia pensar muito nela faz um bom tempo. — Fala e olha para um ponto fixo no lago à frente.

— Uma paixão antiga, né. Ela te magoou? — Pergunto preocupada.

— Tipo isso. — Fala e eu espero com paciência, não querendo pressioná-lo a falar. Mas não preciso esperar muito. — Acho que eu devia começar do início. Bom, quando a gente estava no Afeganistão, perdemos muitas pessoas boas. Éramos poucos, e a gente basicamente perdeu contato com todo mundo em casa. — Eu olho para ele, e ele está olhando diretamente para frente, aparentemente perdido em pensamentos. — Nosso navio era pequeno e nossa tripulação era menor ainda. Fomos repartidos em grupos e nos espalharam pelo oceano pra aumentar o perímetro.

— Quantas pessoas estavam no seu navio? — Pergunto curiosa.

— Tinha uns quinze, todos homens. Eles não deixam mulheres serem fuzileiras-navais naquela época. — Fala pensativo.

— Quinze homens? — Pergunto impressionada. — Não parece tão pouco.

— Pode acreditar... Quando você fica num navio vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, é pouco. Imagina viver em lugares apertados com outras catorze pessoas. Imagina viver em lugares apertados com outras catorze pessoas. Nós comiamos todas as refeições juntos, ficávamos jogando cartas por horas. E não havia muita privacidade. Às vezes a gente ficava entediado com os próprios pensamentos.  — Fala olhando pra mim e tirando a vista em seguida.

— Então, como você conheceu ela? — Pergunto curiosa.

— Ela era uma garota que a gente conheceu num bar local. A gente tinha uns dias de folga de vez em quando, dependendo do nosso turno, então a gente aproveitava todas as oportunidades pra fazer alguma coisa diferente. Alguns de nós ficamos bêbados, e o Jack sugeriu que a gente jogasse um jogo idiota com umas mulheres da área. Eu nem me lembro qual era o jogo. Verdade ou Consequência, talvez? — Ele balança a cabeça e suspira. — Eu e a Lola fomos desafiados a ficar juntos, por mais infantil que isso pareça. Eu me lembro de me virar pra dizer que a gente não precisava fazer isso, mas ela me abraçou e me beijou antes que eu dissesse uma palavra. A gente continua se vendo por um tempo. — Ele encolhe os ombros. — Eu não saía do navio com muita frequência, mas ela me escrevia cartas. A gente planejou começar uma família nos Estados Unidos, assim que o meu tempo de serviço terminasse. Eu até comprei uma aliança pra ela. Na época, eu pensei que estava pronto pra isso. Agora vejo que eu era só um idiota sonhador com 23 anos. No dia em que decidi pedi-la em casamento, encontrei-a na cama com outro cara. — Fala e eu fico chocada. — Ao invés de se explicar, ela me disse pra sair e nunca mais voltar.

— Por que ela faria isso? Ela não te amava? — Pergunto incrédula e ele encolhe os ombros.

— Talvez em algum momento ela tivesse me amado, mas eu nunca vou saber. Descobri um tempo depois que ela estava na verdade saindo com aquele cara e comigo ao mesmo tempo. Sempre que eu saía pra embarcar no navio, ela corria de volta pra ele. Algumas mulheres adoram a ideia de ficar com um soldado... E não percebem o compromisso real que existe nisso. É muita espera, passam tempo demais sozinhas, imaginando se seus maridos, namorados ou noivos  vão voltar pra casa. Não posso culpá-la por querer mais. — Fala e continua olhando para frente.

O Guarda-Costas [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora