Capítulo 10 - Castelo das Loucuras

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O sol já havia se posto, e a luz se despedia daquela floresta. Shad foi a frente. Aneline manteve uma certa distância e o seguiu. Mesmo trilhando a estrada, ela não se sentiu segura. Carregava seu escudo e espada nas mãos. Mal enxergava de dia, pior ainda durante a noite. A garota se preocupou.

O vampiro permaneceu por algumas horas em silêncio, sem qualquer sinal de que queria conversar. Ane entendeu que ele precisava de um tempo sozinho. Mesmo assim, ela inundou sua mente com inúmeras explicações para a situação. Até que, por fim, decidiu deixar isso de lado.

Eles montaram um acampamento e, lá, deitaram nos sacos de dormir tirados da mochila mágica de dimensão própria. Ane olhou para as estrelas se apresentando entre as copas das árvores. Ela viu elas brilharem, e então adormeceu.

No dia seguinte, levantaram cedo. O começo do novo dia parecia um renovo. Comeram algumas frutas e conversaram sobre o sabor. Ane gostou mesmo da colheita de Shad. Eles pegaram suas coisas e partiram por um caminho diferente, que nunca haviam passado.

— Você não vai me falar nada? — perguntou a garota, com carência de saber sobre a situação. Ela entendeu que poderia ser um assunto delicado entre ele e o lobisomem. Ficou com medo de estar tocando em um assunto sensível.

Este caminho levou os dois para próximo de uma cachoeira, onde havia um pilar de pedra. Shad se aproximou, e Ane com ele. Ela observou o vampiro apertar um botão com a imagem de um pato de borracha usando chapéu de mafioso. Após isso, luzes vermelhas acenderam nos olhos do pato, indicando que algum mecanismo foi ativado. Ela não disse nada, apenas esperou. O sentimento em seu coração era confuso, pouco decifrável.

Porém, a garota teve algo para se encantar. Até deixou uma expressão falada sair de sua boca.

— Uau!

O que ela viu foi um corvo gigante pousar ali ao lado. Este possuía uma cela nas costas. Shad montou na ave e convidou a Ane. Estendeu a mão para ajudá-la a subir. O corvo levantou voo, deixando um frio no estômago da garota devido a sensação entusiasmante.

Ela sorriu. Foi inevitável. Tudo era muito lindo. Pôde ver do alto, toda Terra do Meio e boa parte do mar. A alegria deu lugar ao medo, a ave realmente estava subindo muito. Um voo vertical que deixou a garota em pânico. Ela se agarrou à cintura do vampiro, enquanto a ave transpassava as várias nuvens rosadas do amanhecer.

Após a turbulência, ela viu, abaixo, o manto de nuvens que se estendia até o fim da vista. O sol reinava no horizonte, deixando tudo muito belo. A garota olhou para o alto, e viu algo. Manteve-se atenta naquilo, aguardando o corvo gigante se aproximar cada vez mais. Ela apertava os olhos tentando entender o quanto antes.

"Claro! Um castelo acima das nuvens...", pensou ela, muito fascinada com tudo.

Era o Castelo das Loucuras que Shad mencionou. De cor cinza e com telhados de cor avermelhada, a magnífica construção repousava por sobre densas e peculiares nuvens.

"Parecem falsas, feitas magicamente de alguma forma", ponderou a garota, bem imaginativa.

A ave pousou na parte de trás do castelo. Shad desceu ao piso de cor pastel e ajudou a garota a descer. O corvo foi embora. Talvez voltasse depois. Shad já partia para o interior do castelo com uma certa pressa, andando com cautela, escondendo-se atrás das pilastras do salão de teto alto.

— Que lugar é esse exatamente? — perguntou Aneline, de braços cruzados pelo frio. Ainda permanecia atônita, observando tudo. Seguia devagar.

— É uma das bases da máfia. Um castelo de gigantes — respondeu ele, atento ao que acontecia ao redor. Não poderiam ser vistos.

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