Capítulo 21 - Ilha da Alegria

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Um a um, nossos heróis foram emergindo da água quentinha da banheira. Arrastaram-se pelo sorvete molenga da margem e deixaram o lamaçal doce, chegando à região mais sólida.

Ane, Shad, Eucrânio e Cogumelo Guri estavam todos melados do sorvete da Ilha da Alegria, e embora o cogumelo estivesse lambendo a si mesmo, não era hora para distração. Shad sinalizou para que todos se escondessem atrás das arbustos de alcaçuz.

Aneline observava tudo. Via os flashes passando entre as árvores adocicadas e a luz colorida sendo refletida nas pedras de chocolate e nos bombons ainda embalados presos ao chão de napolitano.

Provavelmente havia uma festa não muito longe. Eles ouviam o "tuts tuts" da música ecoando por entre a floresta caramelizada.

Eucrânio verificou a área com suas habilidades de mago. Ele formou um olho mágico ao movimentar seu cajado, então aquele olho flutuou pela floresta, procurando possíveis inimigos ali perto. Não encontrando nada, eles avançaram cautelosos.

A garota sacou sua Hidromarreta e o escudo de coração. Estava atenta a todos movimentos. As árvores âmbar de açúcar contrastavam com o chão de flocos daquela área. Um lugar frio. A túnica roxa de elfo que a garota vestia a mantinha aquecida.

Ela se sentia confortável, exceto pelo fato de estar ainda coberta pelo sorvete derretido da praia, que já estava melequento na pele dela. Ela deu uma lambidinha no canto do lábio e seguiu adiante.

Tudo parecia tranquilo, enquanto o som de "tuts tuts" ficava mais alto. Não pareciam ter inimigos ali por perto. O olho de Eucrânio flutuava ao redor, atento às movimentações, mas ele não poderia prever os guardas-brigadeiro que brotaram do solo. Eles se ergueram como zumbis e sacaram suas lanças de debaixo daquele sorvete congelado.

Não precisou de cerimônia. Cada um dos nossos guerreiros depreciáveis já haviam enfrentado vários adoráveis. Principalmente Aneline. A garota rodou a marreta aquática em sua mão e se preparou. Seriam apenas mais inimigos doces a serem derrotados por ela durante a jornada.

Ane investiu, saltando em direção ao guarda-brigadeiro. Seu golpe foi forte contra a lança de chocolate do adorável. Granulados coloridos o cobriam, e um envelope rosa revestia sua cintura. A cada golpe da garota na lança, água era repelida, assim como granulados caídos ao chão.

O guarda se afastou com um golpe poderoso dela, deixando marcas no sorvete. Mesmo de longe, a garota atacou. Assim que golpeou o chão com a Hidromarreta, um redemoinho foi formado embaixo do guarda, fazendo-o girar no turbilhão aquático e cair de bunda logo depois.

Shad surgiu rapidamente e atacou com a Motosserra Vexatória, transformando o guarda-brigadeiro em requeijão vencido.

— Achei fácil — disse o vampiro.

Seguindo adiante, eles chegaram à região do sorvete de limão. Deixavam pegadas fundas ali. Pareciam estar em uma constante subida. A vegetação mudou, dando lugar aos arvoredos de pirulitos. Aneline lambeu alguns de gosto azedo, mas Shad chamou a atenção dela.

— Não lamba esses pirulitos, Ane. Ficou doida? — O vampiro se preocupou com ela.

A garota riu e depois mostrou a língua para ele. O vampiro fez careta ao ver a língua esverdeada de Ane devido às substâncias do pirulito. Shad odiava doces.

Os quatro estavam bem silenciosos. Andavam de maneira sorrateira. Eucrânio segurava a mão do Cogumelo Guri o tempo todo para que não se perdesse. O pequeno nunca tirava o sorriso do rosto.

De onde estavam, já conseguiam ouvir um pouco da música da festa.

"La ra ra ri la ra la ra", era o que ouviam.

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