Capítulo 7 - Torre do Desafio (parte 2)

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— Como assim, Shad? Como a varinha sumiu? Você não estava de olho na mochila? — perguntou Ane, toda estressada, quase a chorar.

— Sim, querida. Estive aqui o tempo todo. Isso não aconteceu agora... — O semblante do vampiro-fada era abatido e confuso. — Eu vou dar um jeito. Mantenha o foco na sua próxima luta. — Ele engoliu em seco.

Este vacilo poderia custar toda a missão. Alguém mal intencionado, o que era bem provável em Terro do Meio, poderia vender a varinha a algum ser adorável. E isso poderia custar a vida de todos os seres viventes do universo. Todos virariam cupcakes dançantes, ou até mesmo unicórnios. Seria o fim!

Ane suspirou. Estava desapontada. Fechou os olhos por alguns segundos e umidificou os lábios. Shad, ainda triste, pegou a poção de Hidrogênese Citrina na bolsa: um frasco gordinho com um líquido amarelo vibrante. Ane pegou aquilo e bebeu em goladas. Ela ficou animada e revigorada. Olhou para Shad e devolveu o frasco.

— Tudo bem, amigo. Vamos conseguir recuperar a varinha. — Ane sorriu. O fada vampiro correspondeu, aliviado.

— Boa sorte na luta!

Ane pegou sua espada de madeira e o escudo de coração reflexivo. Foi em direção à arena do segundo andar. Shad a acompanhou, arrastando a bolsa. E, logicamente, ainda fingindo ser um gargulazinho com aquela fantasia do brechó. Depois de subirem as escadas, ouviram os aplausos dos torcedores... quero dizer... apostadores.

Shad se posicionou no canto da arena, próximo a grade que o separava do público. Ane foi ao centro da arena.

No telão foi mostrado a frase do Mestre do 2° andar: 

"Estou seguindo meu sonho! :D"

Ouviu-se um som de microfonia. "Preparados?!", o locutor anunciou a próxima luta.

"Sim!!", gritou a multidão em resposta.

Não se esqueçam das câmeras no local. A Torre do Desafio também era um programa de TV!

O chão começou a vibrar. Ane não sabia se era porque os espectadores pulavam. Ela deu alguns passos para trás, então o centro da arena circular foi aberto como que por aquelas portas automáticas. Dali, subiu uma plataforma preenchendo a abertura. Ane ficou chocada com seu próximo adversário. Um espírito congelado dentro de uma armadura tecnológica robusta. O espírito estava dentro de uma cúpula de vidro no topo. Ele controlava as pernas e os braços mecânicos.

"Em quem vocês apostam? Aneline, a humana, ou na Aparição Tecnológica? Façam suas apostas!" 

Após o locutor, o goblin juiz sinalizou o início do combate.

O robô veio marchando a passos pesados, e desferiu um golpe de karatê com a mão. Ane desviou com facilidade. O robô se movimentava devagar. Ane o evitava, tentando encontrar um ponto fraco.

Outra vez, mais um golpe de karatê. O robô golpeava com a lateral da mão, e palma aberta. O chão tremia toda vez que ele fazia isso. Um golpe poderoso.

O espírito congelado, no interior do robô, expressava cara maliciosa. Parecia se divertir com aqueles controladores.

"OK. Um padrão, como naqueles videogames chatos. Me lembro do meu pai programando. Ele falava tanto desses tais padrões", pensou Aneline.

A garota deu uma cambalhota, desviando do golpe seguinte. O momento de distração havia permitido uma maior aproximação da Aparição Tecnológica. Vendo-se encurralada, ela foi para debaixo do robô e engatinhou, fugindo das pisadas. Seu coração disparou. O robô se movimentava, procurando-a, até desferir um poderoso pisão que a tudo estremeceu. Ela conseguiu desviar facilmente. Aproveitou o momento em que a máquina voltava a posição inicial para sair dali.

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