Pride of Time by AnubisAnkh- Tradução

Quarenta e Oito

A floresta estava surpreendentemente silenciosa enquanto Hermione esperava. As folhas de gigantes e velhos carvalhos farfalhavam na brisa fresca da noite, assobiando uma música rouca, mas isso era tudo. Hermione permaneceu em uma das raízes que se erguia do chão, encostada na árvore com um ombro e os braços em volta do peito - e sua varinha estava puxada e acesa, balançando com a casualidade incomum dos dedos soltos.

Ela não pôde deixar de passar o tempo pensando em seus amigos, queridos e mortos. Ela teve a oportunidade de vê-los novamente, teve a oportunidade de, pelo menos, obter alguma aparência de perdão deles - o que só faria algum bem se ela pudesse perdoar a si mesma - mas, em breve, ela se perguntou se poderia não estar adicionando mais um fardo de culpa em seus ombros. Se Harry não voltasse... se ela estivesse errada... se seu afilhado realmente morresse tentando destruir aquele último pedaço da alma fétida de Voldemort agarrada a ele...

Se Harry não voltasse...

Um súbito distúrbio no ar, um formigamento de força mágica que ecoou das profundezas da floresta, passou por ela e fez Hermione repentinamente se levantar, alerta. Desvaneceu-se rapidamente, e ela não conseguiu discernir o que era - mas suas suspeitas começaram a aumentar quando os sons de gritos vagos roçando as árvores lhe disseram que muito à frente, algo havia acontecido para causar uma comoção. Um distúrbio mágico. Mas o que estava acontecendo lá? O que Harry fez?

Mas quase tão rapidamente quanto apareceu, desapareceu, espalhado pelo vento, deixando Hermione com nada além de uma sensação de crescente inquietação. E então o chão tremeu com passos audíveis, e Hermione tropeçou para trás, quase caindo das raízes das árvores quando começou a avançar em sua direção. Certamente não era Harry - não poderia ser - e estava marchando em sua direção em um ritmo constante de passos pesados. Ela rapidamente correu para se esconder, querendo ficar ao mesmo tempo, mas sem saber se não deveria fugir. Sua autopreservação chutou um momento depois, e ela rapidamente usou sua nova forma de Animagus para subir na árvore mais próxima.

Os pássaros gritaram e voaram enquanto o barulho ficava mais alto, mais estridente, e Hermione ficou bem onde estava, sem ousar mover um músculo.

Ela se empoleirou nos galhos, escondendo-se entre a espessura das folhas e a escuridão, e se agachou bem a tempo de seus olhos dourados localizarem a fonte do som que passava abaixo dela. Uma cabeça grande e desgrenhada passou apenas alguns centímetros abaixo dela, a quem ela reconheceu instantaneamente como sendo de Hagrid - algemado e forçado a andar. Ao seu redor estavam as figuras encobertas e mascaradas dos Comensais da Morte - todos zombando e cantando em triunfo, embora suas vozes estivessem misturadas com os soluços pesados ​​e trêmulos do meio gigante enquanto...

Enquanto ele carregava Harry nos braços.

Hermione não esperou. Ela ficou de pé e deslizou ao longo do galho para a próxima árvore, seguindo silenciosamente a procissão vitoriosa, tentando olhar, tentando ver e entender tudo.

Os óculos de Harry estavam torcidos no rosto, como se alguém os tivesse empurrado sem cuidado; seus olhos estavam fechados e sua boca estava aberta e pendendo, um pouquinho de baba escorrendo pelo lado do queixo. Isso fez Hermione fazer uma pausa. Ela tinha visto muitos cadáveres em sua vida para saber que uma pessoa não se parecia com isso na morte. Isso era cômico, quase cômico demais e, por um momento, seu coração pulou na esperança de que talvez Harry estivesse fingindo. Harry estava tentando demais parecer morto. E Voldemort, cuja figura escamosa liderava a marcha, parecia triunfante demais para não notar.