4. Adeus

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Seis anos atrás

Os meses se passaram e Jinyoung conseguiu realizar seus sonhos de todas as formas. A diretora no orfanato havia se resolvido com os responsáveis legais pelo órfão em Seoul e agora o mais novo já podia se considerar um garoto da cidade grande. Era tão surreal em sua cabeça, que enquanto dava Tchau e abraçava cada um dos moradores e funcionários do lugar, ele se pegava imaginando quando acordaria daquele sonho fantástico.

- O rapaz irá vir te buscar em um carro... Não saía daqui, uh? E nem vá com qualquer um, espere com que ele te mostre o crachá da empresa. - A diretora dizia, esmagando a bochecha de Jinyoung contra seu peito em um abraço. - Estou tão orgulhosa de você, pequeno... Sinto muito que dá primeira vez não tenhamos dado o suporte necessário... Mas agora você está aqui, indo para Seoul ficar famoso.

O menino ria de forma tímida, sentindo suas orelhas queimarem e as bochechas ficarem coradas. Ele se afastou um pouco após agradecimentos abafados pelo aperto da senhora e sorriu, curvando-se em um ato de respeito pela mulher e recebendo um afago nos cabelos.

- Eu irei lá dentro resolver alguns problemas, qualquer coisa me grite.

- Certo, eu irei. - Replicou Jinyoung com um sorriso sem mostrar os dentes. - Eu estou muito grato por qualquer ajuda que tem me oferecido! Lembrarei-me eternamente da forma como não poupou esforços para mim realizar meu sonho. - Disse e após um abraço de mais alguns segundos, a mulher adentrou a casa e o menino se pôs a esperar do lado de fora.

Seus olhos viajavam o cenário ao redor pensando que seria a última vez que veria o lugar dentro de alguns meses - claro, já que ele não pouparia seus esforços na outra cidade para se tornar alguém. Era tão tenso se imaginar saindo da própria zona de conforto, Jinyoung começou até mesmo tremer com uma certa ansiedade.

Os pêlos de seu corpo pareciam arrepiarem com a série de pensamentos que sua mente tomava. Desde os mais positivos até os mais tranquilos... Jinyoung tinha 14 anos e tanta coisa ainda poderia acontecer na sua vida, tanta coisa aconteceria e ele nem mesmo sabia como agir/reagir com aquilo.

Assim como ele poderia ter sorte, poderia continuar sendo um anônimo.

Assim como poderia ser famoso, poderia se arrepender de ter deixado tudo para trás.

Com tudo, ele se referia a Im, seu melhor amigo. Jaebeom era seu tudo, Jaebeom era quem sempre esteve com ele... Como seria passar tanto tempo longe do garoto? Como seria não ver mais o rosto dele por tanto tempo? Como seria não ter um abraço apertado de seu melhor amigo durante a pior das crises?

- Beom, onde está você? - Ele se perguntava, observando por onde Im deveria vir. Seus olhos, agora, estavam fixos naquela bendita esquina. A esquina por onde ele sempre viu o mais velho indo embora.

Jinyoung apenas queria ver seu amigo. Aquele sorriso simpático que o mesmo possuía e - não conseguia se negar ao luxo da curiosidade - saber qual presente o outro dissera que lhe preparara... Jaebeom dissera, para atiçar o amigo, para que fora algo artesanal e que Jinyoung poderia guardar para todo o sempre.

Ainda que fosse uma coisinha banal, Jinyoung guardaria para sempre. Mesmo que apodrecesse, ficasse com um mau cheiro e fosse insuportável manter o presente consigo, Jinyoung o manteria para sempre.

Ele só tinha um desejo.

Apesar da distância, o mais novo queria sentir Im sempre consigo...

Vez ou outra o menino avaliava a tela de seu velho celular, esperando que Jaebeom tivesse enviado alguma mensagem como "Estou indo" ou alguma explicação sobre o porquê não iria... Im não era o tipo de pessoa que não se explica. Se ele não fosse, já teria encontrado maneiras diferentes de deixar o amigo ciente.

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