32. Olá, tudo bem?

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Jaebeom observou o pessoal da funerária colocar as flores com cuidado sobre o carro; ele ofereceu ajuda, mas os homens disseram que não seria necessário e fizeram o serviço num piscar de olhos. Enquanto um ajeitava os belos arranjos sobre o automóvel o outro acertava com Im o valor total.

- Você chegou a conhece-lo? – Indagou Im enquanto rascunhava o orçamento dos produtos e via qual o maior desconto que poderia oferecer. – Ele fazia doações mensais para meu canil... era uma boa pessoa.

- Ele era primo de meu pai. – O homem comentou, pegando a caneta que tinha no bolso e seu talão de cheques. – Não éramos próximos, mas foi uma grande perda para nossa família...

- Sinto muito. – Jaebeom sorriu levemente desgostoso e tentando parecer empático; em seguida entregou o valor final das flores que iriam ser utilizadas para preparar o digníssimo velório que o homem merecia. – Como fora sempre um doador fiel com os animais resgatados, ajudarei a família com a metade dos gastos do funeral....

- Isso é muito gentil de sua parte...

- É por meu funcionário também. – Im aprumou a coluna e levantou-se da cadeira onde estava, arrumando seu apoio axilar. – Do Kyungsoo, esse homem era tio dele... moravam juntos. – Explicou. – Pelo que o coitado me contou, a morte não foi nada natural...

O funcionário da funerária assinou o cheque e em seguida o entregou para Jaebeom, pigarreando e deixando explicito o desconforto sobre tal assunto; era muito delicado falar sobre um assassinato, ainda mais um tão violento quanto aquele, onde haviam muitos sinais de que a vítima morrera em agonia.

- Perdão...

- Não, tudo bem... – Ele sorriu e então se despediu. – Vou indo com meu parceiro de serviço para organizarmos o salão do velório; tenho certeza que a família agradece pela generosidade. – Disse e em seguida caminhou rumo a saída do estabelecimento, com passos largos e então fazendo com que o sininho da porta ecoasse em um chacoalhar ao que a abriu.

Im ouviu o motor do carro que se afastava e logo após o silêncio que reinava pela cidade; todo o furdúncio daqueles que se organizavam para o festival agora cessara, em silêncio e respeito há quem se fora  – claro que com exceção de algumas crianças que passaram correndo, enquanto aproveitavam o vento para empinar suas pipas.

Ou então pessoas que sempre corriam e faziam caminhada naquele horário e, também, as clientes vips de Im, que precisavam buscar as mudas que encomendaram e que não abriam mão de suas plantinhas viscosas, que vinham sempre da melhor estufa. Tirando as idosas que agitaram o mínimo a manhã do rapaz, Jaebeom tinha aquela manhã quase livre e, agora, colocava suas leituras de mangá em dia.

Seus olhos quase se fechavam a cada palavra lida, visto que passara a madrugada toda pensando em Jinyoung, pensando naquela carta e procurando pela mesma... embora tenha a encontrado, ainda não tivera a coragem de tirar do envelope plástico na qual guardara – para proteger do clima.

Não sabia ao certo porque procurou por tal coisa, nem mesmo imaginou que ela iria para as mãos de Jinyoung como deveria ter ido a seis anos atrás; O ator iria embora em poucos dias, faltava tão pouco para que houvesse um segundo adeus que sua mente se questionava se valia a pena... se valia a pena tentar uma reconciliação.

Valia a pena tentar algo?

Valia a pena, sabendo que nem ele abriria mão da floricultura e nem Jinyoung da carreira? E, que, querendo ou não, o futuro que traçaram agora os colocava de costas um ao outro?

- Jiny... – Resmungou e ergueu o olhar quando pensou ser um cliente adentrando na floricultura. – Ah, é só você...

- Como assim, "só você"? – Kunpimook fingiu indignação pelo descaso alheio. – Eu larguei minhas coisas para ficar aqui contigo, garoto. Mais consideração...

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