Aura

37. Cala a boca!

Nove anos atrás

Alerta de gatilho - Violência doméstica!

Jaebeom prendia a respiração para que seu choro não fosse ouvido do lado de fora; pressionava-se no chão para que pudesse se esconder confortavelmente sob a cama. Seu nariz estava entupido e o ar falhava em ir para os pulmões, o que lhe fazia abrir a boca e respirar pela mesma; sentindo a poeira do chão adentrar em sua garganta e gerar cócegas em suas amígdalas.

- Deixa o menino em paz, Youngguk... ele é uma criança.

- Eu também era criança e meu pai não evitava brigar comigo! – A voz do homem soou alta e seus pés pisaram com firmeza sobre o assoalho, que tremia aos seus passos firmes.

- Seu pai nunca te ergueu a mão, homem.... Jaebeom não tem culpa!

Im se mantinha escondido, porém, levantou-se rapidamente assim que escutou um estalo. Um estalo que era nada mais, nada menos que o ruído da mão do pai contra a face de sua mãe; mais um tapa, mais uma agressão que Jaebeom não conseguia tolerar... mas um hematoma que a mulher carregaria sem nenhum motivo de verdade.

- Meu filho, eu educo como eu preferir!

- Por favor, querido... por favor.

- Im Jaebeom! – Youngguk gritou, abrindo a porta do quarto e a batendo de modo que causasse um estardalhaço. A mente do adolescente acalmou-se quando lembrou que seus irmãos caçulas estavam na floricultura com o avô, brincando com as mudas de flores e com a mente longe de toda a confusão. – Eu vou contar até três e você vai sair de onde estiver escondido, caso contrário, eu vou te tirar a força!

- Amor, vem com a mamãe. – Yuna chamou e Jaebeom agoniou-se para segurar o choro. – Vamos conversar, okay? A mamãe não vai deixar que batam em você...

- Cala a boca, vadia.

- Não fala assim com a minha mãe. – O garoto suspirou, por fim saindo de onde estava escondido. – O seu problema é comigo, pare de agir como covarde e bater nela!

- Ah, resolveu aparecer. – Youngguk levou a mão até o cinto, abrindo-o e o tirando na calça que se afrouxou um pouco e caiu alguns centímetros, deixando o cós da cueca aparecer. – Se escondeu como um coelhinho assustado e vira macho quando eu chamo a mamãezinha de vadia...?

Yuna passou pelo marido e andou rápido até o filho, acolhendo o menino em um abraço intenso e escondendo o rosto do mesmo contra seu peito; deixou carícias nos cabelos bagunçados e beijou o topo da cabeça. Sua respiração estava pesada e a agonia preenchia o coração... era tudo sua culpa.

- Youngguk, você disse que pararia com isso...

- E eu parei. Veja Yugyeom e Bambam... ele estão bem e felizes. – O homem disse. – O problema é que cresceu alguns pentelhos no saco de Jaebeom e ele acha que pode ir contra o que eu falo. – Irritou-se e segurou o braço do garoto, puxando-o para longe da mãe. – Não precisa concordar com meu método de educar, mas também não me impeça!

Jaebeom resmungou quando sentiu seu braço ser puxado e os dedos firmes do pai marcarem sua pele; o que provavelmente deixaria lesões avermelhadas. Seus punhos e antebraços já estavam com alguns hematomas pela forma como Youngguk o puxara em todo o caminho da escola até em casa; e a bochecha do pequeno Im deixava claro o tapa que atingiu sua face.

- Você chega batendo no menino, brigando com ele... e nem me explica o que aconteceu na escola? – Yuna questionou; ela também já chorava. Um misto de agonia e ansiedade que preenchia sua alma... um arrependimento; a sensação de que o carma havia colocado uma situação em sua vida; o castigo por ter tido a carne fraca e agora precisar ver que seus filhos pagariam por todos os seus pecados. – Eu já estou cansada de você bater nos meninos toda as vezes que discutimos! Estou cansada de você!