13. Esse filha da puta

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 As mãos de Jaebeom tremiam e ele recuava a mesma, com medo de errar o bendito delineado. Apesar de ser difícil, Im nunca errava tal detalhe e, se isso acontecesse, sabia que seu irmão notaria seu nervoso. O rapaz não queria deixar o irmão nervoso.

- Ei, o que há? – Kunpimook tirou o pincel da mão do irmão e se colocou de pé, ficando mais perto do espelho para então se maquiar. – Você parece tenso...

- Também achei. – Yugyeom comentou, largando o celular no espaço vago que tinha ao seu lado no sofá e encarando o mais velho pelo espelho. – Você não chegou como nos outros dias. Não brincou, não falou sobre como foi na floricultura e nem se animou para ajudar como barman...

Jaebeom suspirou e arrumou as muletas de lado. Os braços já estavam cansados demais e ele sentia que passava os limites que a fisioterapeuta havia recomendado, desse modo, recorrendo a sua antiga amiga: A cadeira de rodas. Ele manobrou e arrumou-se de modo que conseguisse olhar aos dois irmãos enquanto conversava.

- Eu não pareço tenso.

- Conta ou...

- Eu estou tenso. – Ele interrompeu Kunpimook que já se virava com expressão brava, largando o pincel sobre a mesa depois de finalizar a exagerada maquiagem de Drag queen que ele utilizava em suas performances. – Você me prometeu que ele não iria me procurar, Mook... Prometeu que ele tinha me esquecido!

Yugyeom e Kunpimook se entreolharam e ambos se aproximaram do irmão. Yug se ajoelhou ao lado da cadeira de rodas, assim como o tailandês que pegou na mão do outro e olhou no fundo dos olhos que carregavam um olhar triste; agora ambos conseguiam compreender as bolsas abaixo dos olhos e a vermelhidão dos glóbulos oculares.

- Do que ele está falando, Mook? – Interpelou Yugyeom.

- Sobre Jinyoung.

Os dois irmãos sabiam da importância de Park na vida do mais velho e, também sabia, o quão filho da mãe fora com o garoto em dos momentos mais tensos da vida do mesmo. Não souberam o que dizer de início, ainda mais Kunpimook que travara no lugar como uma estátua.

- Normal ele te procurar depois de seis anos e...

- Normal? – Mook olhou o mais novo.

- Ele me abandonou, Yug... Eu compreendo a pureza do seu coraçãozinho, mas você acha mesmo que eu deveria esperar Jinyoung voltar? Estar com meus braços abertos e o acolher como se fizessem apenas horas desde a última vez que nos vimos? – Jaebeom comentou e soltou suas mãos do apego dos garotos. – Jinyoung chegou como se estivesse tudo bem e ainda teve a cara de pau de falar que achava que eu estava morto... – O menino segurou nas rodas e moveu a cadeira até um bebedouro que o camarim possuía. – Ele me matou na cabeça dele e fica por aí me matando para os outros...

O silêncio dominou entre os três, deixando apenas o som da música alta que tocava na boate, junto com os murmúrios e demais conversas entre os primeiros clientes a chegarem no estabelecimento. Os dois mais novos trocavam olhares enquanto refletiam o que falar ou perguntar, já Jaebeom revivia toda a cena em sua cabeça e lembrava cada detalhe da feição de Park.

Ele crescera e ficara muito lindo. Seria muito prazeroso abraça-lo e matar as saudades, caso Jaebeom não guardasse tanto rancor em seu peito.

- Jinyoung foi atrás de você na floricultura? – Yugyeom quis saber.

- Sim.

- E como foi?

Im respirou e olhou para Kunpimook, que fizera a pergunta, revelando as lágrimas que tomavam seus olhos, deixando sua feição tão decepcionada. Ele queria poder dizer que fora maravilhoso, encantador e simplesmente mágico. Mas a angustia que tomava seu coração faziam as palavras lhe faltarem e ser impossível pronunciar até os mais simples dos adjetivos.

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