51. Hyuna ou Jinyoung?

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Vinte anos atrás

Yuna encarou-se no espelho e acariciou sua própria barriga. Ela havia descoberto a gestação a pouco tempo e o bebezinho de apenas dois meses nem mesmo fazia volume; embora ela ainda conseguisse enxergar uma pequena protuberância onde o doutor havia informado que o feto estava localizado.

Não dava para saber como seria a criança e nem mesmo imaginar se era menino ou menina. A mulher até mesmo se questionava se conseguiria ser mãe, afinal, aquela era uma grande novidade para si.... A criança que viria seria muito amada, ou deveria ser, ainda mais porque fora capaz de salvar seu casamento com Youngguk.

- Você será muito amada. – Comentou, repuxando o tecido da camisa para que a mesma marcasse em seu ventre e sorrindo de forma boba e genuína. – Youngguk logo há de chegar... você irá chamá-lo de papai, não é? – Questionou. – Oh céus... onde estou com a cabeça? – Olhou no fundo de seus olhos no espelho e aos poucos viu a felicidade esvair.

Só Deus sabia como ela queria poder gerar e cuidar daquela criança... mas, de qualquer forma, ela simplesmente não poderia zelar pela pequena assim que ela nascesse. Se fosse um menino, Yuna não o veria se tornar um homem; se fosse menina, Yuna jamais seria capaz de contar à própria filha sobre a menstruação e as mudanças que a mesma sentiria em seu corpo.

Independente do gênero do bebê. Essa criança não teria o apoio de uma mãe para nada.

- Eu preciso falar com seu pai... – Ela negou com a cabeça, agitando seus cabelos escuros em um corte Chanel. – Preciso fazer algo a respeito... não posso simplesmente continuar vivendo em mentiras, posso?

Alcançou seu celular de Flip sobre a mesa de cabeceiro e iniciou a digitação de uma mensagem de texto para o pai da criança. Tentou ser breve e sincera em suas palavras; queria que o homem fosse capaz de compreender toda sua angústia e trouxesse soluções viáveis para todo o transtorno que estavam vivendo.

"Por favor... você conhece seu irmão. Não venha me encher e falar que toda minha ansiedade são os hormônios da gravidez porque não são! Estou sendo racional... por Deus... pare de me ignorar se você se importa pelo menos um pouco comigo."

A jovem finalizou a mensagem e esperou a confirmação de que o SMS havia sido enviado; logo guardando o celular no bolso da calça e respirando fundo. Afrouxou a camisa para que a barriga não fosse mais vista e fechou os olhos com firmeza, desejando evitar as lágrimas que ameaçavam rolar por suas bochechas.

- Meu bem, o que houve? – A voz de Youngguk adentrou o quarto e as pernas dela, por um momento, bambearam. – Por que essa expressão de choro? – Ele abraçou-a por trás e colocou a mão por dentro da roupa alheia, sentindo a barriga e sorrindo ao imaginar quando aquele bebezinho estivesse chutando.

- Oh... eu nem mesmo sei. – A mulher acabou rindo, permitindo que o choro rolasse pelas bochechas e secando-o rapidamente. – Peguei-me admirando no espelho e imaginando como será esse bebê quando crescer...

- Não chore. – Ele beijou a nuca dela, continuando a dedilhar sua pele. – Esse neném crescerá super saudável e será muito forte como o pai dele... – Comentou. – Já me imagino nós três caminhando na rua e as pessoas fofocando sobre como a criança no carrinho parece comigo! Minha genética é muito forte, sabia? As pessoas achavam que meu irmão e eu éramos gêmeos por parecer tanto...

- E quanto parecer a mim... uh? – Yuna riu. – Esse é o menor dos detalhes, na verdade. – Ela virou-se, ficando de frente para o marido e unindo seus lábios em um beijo sem muito gosto. Era sem graça, sem emoção e sem amor; mas Youngguk parecia gostar e isso era mais que o suficiente. – Deveríamos pensar em como chamar nosso pequeno...

Afastou-se do homem após dizer, caminhando até a porta do quarto e segurando o batente enquanto encarava-o e esperava que fossem juntos até a cozinha para o jantar. Ela havia preparado macarrão com queijo, já que sentira muita vontade de comer tal coisa e sabia que o esposo amava; a refeição de hoje seria a menor das complicações.

- A comida já está pronta. – Disse. – Venha comer, sente-se e eu irei te servir. – Falou e então alcançou os pratos de porcelana que ela deixara sobre a bancada. – E enquanto comemos, vamos comentar quais nomes mais gostamos... – Alcançou os talheres e os colocou sobre a mesa. – Eu penso que será um menino, afinal...

- Eu gostaria que fosse menina. – Falou Youngguk. – Eu amaria se fosse uma menininha do papai... eu a protegeria dos garotos e ela só namoraria depois dos 20 anos e olhe lá.

Yuna não riu, o homem também não. Ambos sabiam que aquilo não era uma brincadeira de um suposto pai ciumento.

- E se for a sua menininha, oppa... Qual nome você gostaria que ela tivesse? – Questionou após terminar de preencher o prato dele com comida e colocar sobre a mesa, esperando que ele começasse a comer para se servir também.

- Eu amo o nome Hyuna... – Youngguk comentou. – Combina com Yuna... seria o nome perfeito para eu soltar na roda de amigos. – Levou algumas colheradas de comida para a boca, alternando entre conversar e mastigar. – "Deixe-me ir para casa, rapazes.... Yuna e Hyuna precisam que o homem da casa fique com elas".

A esposa riu, sentando-se para então começar a comer.

- Hm... Se for menina chamará Hyuna. – Pensou alto. – Então... se for menino, se chamará Jinyoung. – Falou. – Uma enfermeira me disse sobre esse nome na última consulta que fiz ao ginecologista... Significa algo como "menino de ouro", além de que acho que combina com Youngguk.

- Jinyoung. – O homem refletiu um pouco, dando de ombros. – Sendo um homem de verdade quando crescer, o nome é o que menos importa...

- Gguk! Claro que importa... – Ela fez um bico. – O nome é muito importante, não é mesmo Hyuna ou Jinyoung? – Indagou para sua própria barriga, não demorando a sentir o celular vibrar em sua coxa. – Oh meu deus... só um momento.

Ela levantou-se fingindo seus enjoos costumeiros, indo rápido ao banheiro e retirando o celular do bolso quando já estava dentro do cômodo. O enjoo até podia ser real, mas não por causa da gestação... mas devido a sua ansiedade.

Quando a mulher abriu o celular e deu de cara com a notificação que alertava-a sobre uma nova mensagem, sentou-se sobre o vaso e abraçou a própria barriga. Lendo a mensagem de texto simplista que lhe fora enviada... Não haviam muitos detalhes, apenas palavras vagas que eram uma resposta; mas não aquela que Yuna desejava.

"Já foram iniciadas as construções. Não me envie mensagens. Não me envie mensagens. Não vou mudar de ideia. Aborto não".

Era casada por um homem que não lhe permitia o direito da escolha; e engravidou de um que não queria assumir a parcela mínima de culpa por ter engravidado a cunhada.

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