42. Maldita hora.

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Um ano atrás

Alerta de gatilho!

Depressão, ansiedade, pensamentos suicidas.

Jaebeom sentia sua coluna relaxar conforme se acomodava na cadeira de rodas; a mente estava a mil e o corpo exausto. Kunpimook andava de um lado ao outro da floricultura, enquanto um Yugyeom chapado resmungava deitado no chão do estabelecimento e tagarelava com alguma planta.

Foram horas de conversa. Horas até que ele conseguisse os argumentos ideais para livrar a barra de seu irmão que, apesar de ser de menor, poderia se foder bonitinho com toda aquela situação; reformatório e um nome sujo que o prejudicaria a conseguir qualquer coisa no futuro. E, embora fosse seríssimo, ele continuava a usufruir dos efeitos da droga que utilizara.

- E agora...?

- E agora, Kunpimook? – Jaebeom ergueu o olhar. – E agora que os shows de Lady Cherry e as performances de Yugyeom são cortados até que vocês sejam oficialmente de maior... você sabe o quão grande foi minha dor de cabeça naquela delegacia devido a isso? – Questionou e largou o celular sobre a balcão do caixa.

- Somos donos daquilo lá também!

- Realmente, Mook. Mas eu não posso arriscar minha ficha limpa nisso. – Observou – Eu não fiz merda nenhuma até agora... só permiti que vocês, de menores, se expusessem em shows num ambiente que abrange pessoas de maior... entende? É incoerente ser exigido identidade para entrar, mas em nossa grade de funcionários ter crianças.

O tailandês não disse nada, concordando com a cabeça e compreendendo aquela preocupação do alheio; embora soubesse que em nada daria e que dentro de uma semana já estaria tudo ao normal. A polícia da cidade era corrupta demais para realmente levar a sério as leis; queriam que as coisas estivessem fora de ordem para suas chantagens e milhares que ganhavam em cima da vulnerabilidade dos outros.

- E quanto a menina? – Yugyeom finalmente se deu ao trabalho de perguntar algo.

- Eu dei meu depoimento. – Im explicou. – O policial colocou que ela saiu viva da boate e culpou Hyun woo, acusando que foi ele quem vendeu as drogas.... Ele não pagou aquela graninha mensal para o delegado, agora estão querendo a cabeça dele. – Ergueu o olhar e suspirou. – Eu não me senti feliz mentindo...

- Mas livrou nossa barra. – O menino sorriu e correu até o irmão para abraça-lo. – Obrigado, Beom.

Jaebeom suspirou e retribuiu ao abraço, fechando seus olhos e sentindo paz por alguns instantes. Finalmente se tranquilizando após a pressão que sofreu entre os guardas que lhe encaravam com olhos famintos, as mãos posicionadas próximas ao cabo da arma e suas fardas que eram quase como um passe livre para atirar e machucar alguém sem sofrerem as reais consequências.

Ele só tinha 21 anos e embora fosse de maior, ainda era muito jovem para aguentar toda aquela situação... suportava-a somente para que seus caçulas não precisassem passar por tantos traumas ainda na adolescência. Para que seus irmãos não precisassem carregar aquela dor na consciência que ele precisava ter.

- Não preocupe, Mook e nem agradeça. – Falou acariciando os cabelos do garoto. – Eu já resolvi tudo... já dei conta para que nenhum de nós precise pagar por essas infelizes situações.

Im não abriu a floricultura naquele dia e, a cada vez que fechava o estabelecimento por problemas pessoais, sentia que falhava com seu avô que mesmo triste recebia os clientes com um sorriso nos lábios; mas ele não era seu avô. Ele jamais seria o homem que o idoso fora e tentava se tranquilizar pensando que seus atos de irresponsabilidade com seu estabelecimento, era pelo bem dos meninos que tanto amava.

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