5. Vocês eram melhores amigos!

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Seis anos atrás

Jinyoung nem mesmo conseguia mais fazer as contas de quantos dias se passaram desde que assistira o amigo ser lançado aos ares. Suas mãos tremiam só de lembrar da cena e os olhos enchiam de lágrimas, em um choro sequencial que durava até que o menino conseguisse dormir.

- B-beom... - Ele manhou baixinho, encolhendo-se em sua cama e abraçando-se com o moletom do amigo e o pingente de gatinho. O moletom já havia sido lavado e já não tinha mais o aroma reconfortante de seu amigo, o colar que ele utilizava tinha algumas avarias por ter sofrido tanto impacto contra o asfalto.

Era como se Im não estivesse completo ali em nenhum aspecto.

Jinyoung começou a chorar alto sem se dar conta. Aproveitou que estava sozinho no dormitório para liberar as lágrimas que lhe sufocavam de um modo agoniante.... Era, simplesmente, aterrorizante não ter notícias do mais velho. Era assustador não receber nenhuma mensagem de Jaebeom dizendo "Morri, mas passo bem", em apenas uma brincadeirinha para informar que nada mais grave havia acontecido.

Mas não. Não tinha como não ser algo grave, não com a quantidade de sangue que ele viu cercar seu amigo. Junto ao líquido, ele conseguiu - de forma dramática - ver a vida do amigo, tudo que passaram juntos, o conforto do abraço alheio e dentre tantas outras coisas que pareciam estar eternizadas em sua cabeça.

Junto aquele sangue que se perdia pelo asfalto, ele viu seu amigo indo.

- Por quê? - Jinyoung cerrou os punhos e socou a própria coxa, em um modo de descontar o próprio nervoso. - É culpa sua, Jinyoung! Tudo culpa sua! Se você não quisesse vir para Seoul, ele não precisaria se acidentar e não teria sofrido o acidente!

A porta do quarto se abriu e por ali adentrou Chan, um treinee da empresa assim como Jinyoung, que por motivos semelhantes se hospedava em um espaço - dormitório - cedido pela CYJ. O órfão apenas se escondeu mais embaixo de seu cobertor e tentou fingir que dormia, porém, os soluços frequentes que viam fazia sua atuação parecer fajuta.

Não demorou muito para que ele sentisse um movimento no colchão que dormia, o mesmo afundou um pouco e ele rolou pela cama. Quando abriu os olhos e se virou para o lado, notou que o rapaz havia se sentado perto de si, segurando um celular nas mãos e estendendo na direção de Jinyoung que arregalou os olhos.

- Você não pode ficar se culpando pelo acidente que seu amigo sofreu...

- O-o que? - Jinyoung sentou-se na cama, secando suas lágrimas e fungando.

- Você acha que ninguém escuta você chorar a noite toda? - Interpelou Chan. - Ou então, que ninguém escuta suas tentativas de ligar para esse garoto e saber como ele está? - O garoto arrumou sua pose, olhando para o outro e colocando o celular a coxa alheia. - Liga de novo...

Jinyoung encarou o eletrônico e logo o pegou, olhando para o rapaz enquanto refletia. Seus olhos deveriam estar inchados pelo choro e a face avermelhada pela intensidade de sua expressão de choro. Ele mexeu nos cabelos e discou o número de Jaebeom, a cada número, o garoto se questionava se era aquilo mesmo que queria.

A sua cabeça estava muito confusa, porque ele queria ouvir a voz de Im, mas tinha medo de que não fosse necessariamente a resposta que teria ao ser atendido.

E se recebesse a notícia do pior? Como ele suportaria a notícia de que Im morrera? Como ele lidaria com aquilo e como conseguiria seguir em frente?

- Jinyoung...

- Hã? - O garoto olhou para Bang Chan ao que foi chamado, enquanto o dedo ficava na dúvida do botão verde ou então apenas bloquear a tela do celular.

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