𝐪𝐮𝐚𝐝𝐫𝐚𝐠𝐢𝐧𝐭𝐚 𝐪𝐮𝐢𝐧𝐪𝐮𝐞

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Sábado
14:30

A caminhada até a casa de Scott foi longa. Apesar de quase sempre estarmos juntos, Scott morava do outro lado da cidade. E, devido a minha falta de dinheiro ou disposição, nunca havia considerado comprar um carro. Pelo menos, até agora. Meu pai vivia insistindo que eu comprasse um, afinal, já tinha tirado a habilitação. Chegava a ser um desperdício não usufruir de minhas habilidades. Porém, a faculdade ficava quadras de distância de minha casa e sempre que eu saia, tinha Theo para oferecer carona. Talvez fosse melhor se eu parasse de depender tanto assim dele.

Assim que chego na casa do mesmo, dou graças a Deus. Parte de mim, já estava ficando cansado de andar. Vou até a varanda dele e ao ficar em frente a porta, toco a campainha. Depois de alguns segundos, a mesma é aberta. Scott fica surpreso ao me ver, coisa que eu já esperava que ele ficasse. Eu estava sendo um amigo terrível para ele. Teria sorte se ele ainda quisesse ser meu amigo.

— Podemos conversar? — Digo, em um tom calmo. Coloco as mãos no bolso e mordo meu lábio de leve. Eu estava nervoso. Assim que vejo Scott balançar a cabeça positivamente, relaxo.

— Entra. — Ele me responde.

Entro na casa e ela estava exatamente igual a última vez que vim aqui. Tinha alguns retratos de Scott com sua mãe, seu padastro e seus amigos. Tinha um porta-retrato de Scott, Stiles e eu bem pequenos. Era bom ver que nós não mudamos nenhum pouco. Apesar de que Stiles e eu nunca fomos realmente grandes amigos. Colegas, no máximo. Scott vai até a sala e eu o sigo, e então, se senta no sofá. Respiro fundo e começo a pensar em como dizer para ele o que eu queria.

— Me desculpa, Scott. — Começo a falar, em um tom baixo. Desvio o olhar para o chão, onde começo a morder o interior da minha bochecha de leve. — Eu fui um idiota com você. Espero que você ainda queira ser meu amigo. Eu vou te contar tudo o que aconteceu e...

— Liam, não viaja. — Ele me interrompe, o que faz com que eu volte o meu olhar para ele. — É claro que eu ainda quero ser seu amigo. — Ele revira os olhos e bufa. — E eu estou muito curioso para saber o que aconteceu.

Passo a mãos pelos cabelos de um modo desajeitado. Eu sabia que ele já suspeitava o que aconteceu, de alguma forma, Scott sempre sabia de tudo. Deixo um sorriso de leve transparecer em meus lábios e consigo sentir minhas bochechas ficando vermelhas.

— Você estava certo, Scott. Quando disse que eu estava apaixonado pelo Theo. Eu estou.

— Estava? — Ele pergunta arqueando a sobrancelha.

Volto a olhar para o chão, tentando de alguma forma, fazer minhas bochechas voltarem ao normal. Eu sabia que podia confiar em Scott, sabia que ele nunca faria nada que me magoasse, mas mesmo assim, eu ainda não conseguia admitir fielmente meus sentimentos por Theo em sua frente.

— Sim, estava. Só que eu não sei se ele gosta de mim. — Digo em um tom nervoso, revirando os olhos logo em seguida. — Eu só percebi que eu estava me sentindo assim quando chegamos naquela festa e eu vi o Theo beijando a Quinn.

O rapaz em meu lado pareceu pensar em algo. Era extremante desconcertante ver que Scott pensando em minha relação com Theo. Theo e eu sempre fomos amigos. Melhores amigos. E agora, já fazia dias que a gente não trocava uma palavra sequer.

— Agora eu entendi tudo. Você precisa dizer para ele, Liam. — Scott sorriu.

— Eu já disse. E depois vi ele beijando a cachorra da Quinn.

Aquela frase me fez lembrar do beijo de Quinn e Theo. Quando vi os dois se beijando, parecia que algo dentro de mim havia se quebrado. E por mais que eu tentasse, profundamente, não conseguia parar de pensar naquela cena. Na Quinn, beijando o meu Theo, apesar dele não ser realmente meu como eu gostaria que ele fosse.

— Liam, você precisa dizer para ele o que você quer. Diga que você não vai esperar a vida toda para ele se decidir. Deixe claro de que você... Está pronto. Eu sei que ele irá te escolher.

Respiro fundo e me aproximo de Scott, abraçando-o. Esse era o Scott que eu conhecia, meu amigo de toda a vida. Ele sempre dava os melhores conselhos amorosos ou não, ajudava os outros, e o melhor de tudo: sempre me apoiava.

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