Capítulo 8 - Jack Taylor

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Five ainda sentado no banco reflete sobre o acontecido de mais cedo. Ele não queria fazer aquilo com Dolores (ele realmente acha que é traição a sua amada), se ele soubesse o que realmente sente, seria mais fácil ele conversa com Dolores sobre seus sentimentos, mas ele não sabe. Ele literalmente não sabe. Desde que ele chegou e Anne estava aqui, mudou tudo por completo.

O único jeito é pedir um tempo para Dolores, mesmo sendo muito difícil ele tinha que o fazer. Se ele não fizer para não se machucar, ele vai machucar Dolores. Five depois de pensar sobre o ocorrido, ele levanta do banco pacientemente, coloca suas mãos no bolso, encara o chão, dá um suspiro longo e começa a caminha indo em direção ao "seu" quarto.

Ele em meio ao caminho, rezava para que Anne não estivesse lá, ele não queria a encontrar e aquela situação constrangedora vir a tona novamente. Com certeza ele tinha muito o que falar com Anne, mas será na hora certa; e quando ele tiver certeza do que está sentindo, ele vai falar com ela. Foi tudo muito rápido e talvez os sentimentos estivessem ainda a flor da pele acontecendo junto com várias outras coisas. Talvez aquilo que ambos estivessem sentindo fosse só um efeito borboleta (?)

Se ele for contar para Anne o que sente, ele pode a machucá-la, ele poderia falar coisas que iria se arrepender depois, sejam boas ou ruins. Se ele contar o que está sentindo nesse exato momento, ele poderá estar errado e depois se culpar de não refletir antes para depois falar com ela.

— Ser um homem sensato é cansativo. — mais um suspiro.

Five agradece mentalmente por Anne não estar no quarto, ele vê Dolores e senta ao seu lado a pegando e colocando em seu colo.

— Dolores , — o garoto da uma pausa, respira fundo e continua. — Eu... Não sei o que estou sentindo. Desde que vi Anne não gostei nem um pouco, mas quando vi seus olhos inocentes e seu lado forte por passar por tudo o que já passou e mesmo assim ser uma pessoa positiva, eu, mesmo sendo frio, ela me "derreteu" — fez aspas com os dedos. — Não! Não por completo. Mas, acho que devemos dar um tempo até eu saber o que realmente estou sentindo.  — Me desculpe Dolores. — Five a olha uma última vez e sai.


Aquelas palavras doeram em Five, ele não queria ter deixado Dolores daquele jeito, sem nenhuma explicação, mas até o próprio não sabia qual era a explicação exata para aquela situação. Os sentimentos de Five eram como um problema de matemática. Mesmo sendo resolvidos ainda eram uma completa confusão. Como PI. Com incontáveis problemas.

Quando não se acha o número do valor de X, você fica impaciente, sem saber o que fazer, e as vezes faz a conta errada e depois se arrepende e não quer mais resolver; mas se ter paciência e fazer e refazer todos os cálculos, você finalmente vai achar o seu resultado tão esperado, e vai ver que aquela, é a certa. É só ter... Paciência.

Cálculos são difíceis e bastante complicados, mas nada é tão difícil, complicado e doloroso quanto o amor ou até mesmo meros sentimentos.

Enquanto isso, Anne estava andando sem rumo nas ruas de Toronto. Ela também precisava pensar o que está acontecendo com os seus sentimentos, ela está muito afetada.

Primeiro Five a beija e depois a ignora, segundo ele vem conversar com ela como se aquele beijo não tivesse acontecido e terceiro, ela pode ser um alvo para acabar com a humanidade - se Handler a tiver em suas mãos - ela estava tão confusa e com medo. Medo de fazer tantas escolhas erradas e que suas escolhas afetem toda a humanidade e principalmente as pessoas em que ela ama.

Sem perceber ela esbarra em alguém, quando ela levanta a sua cabeça ela vê um menino.

— Me desculpe — Anne fala envergonhada.

O garoto apenas balança a cabeça, lhe lançando um sorriso. E que sorriso! Mas um sorriso que é memorável.

— Tudo bem. Eu que não lhe vi, mas para poder me desculpar, vou lhe pagar um café. — O garoto de olhos castanhos claros sorri amigavelmente para Anne.

Anne solta um sorriso nasal, fazendo o menino soltar um sorriso entristecido. Ele logo pensou que Anne iria rejeitar o seu convite pelo simples fato dele ser um desconhecido, mas logo ele se impressiona com o que Anne diz.

— Bem... Pode parecer estranho, mas não gosto de café. — Anne solta uma gargalhada ao ver a expressão de confuso do garoto. — Mas, se você me pagar um donuts eu aceito.

O menino olha para Anne feliz e os dois seguem caminho até a Donuteria - que era a preferida de Anne - já que em todas as vezes em que ela se sentia triste, ela se mantinha lá.

Não é que Anne odeie café só de olhar, muito pelo contrário, Anne já tentou tomar café várias e várias vezes, mas ela não conseguia. Parecia tão delicioso quando ela via aquelas pessoas tomando café, mas Anne não conseguia.

Era como se aquele cheiro quando adentrasse em suas narinas, fosse uma droga que ela não conseguisse suportar o cheiro nem o seu gosto. Mas para outros é diferente, sim, também como uma droga, mas uma droga viciante. Em poucos minutos ela e o rapaz - que ela não sabia o nome - chegaram na Donuteria.

Anne adorava entrar lá, sentir aquele cheiro de alguma coisa no forno, ouvir pessoas conversando tranquilamente e rindo sem se preocupar com as coisas lá fora e ver aquela agitação, era contagiante e ao mesmo tempo confortável para Anne.

— Qual o seu nome? — Anne pergunta após se sentar em uma cadeira em frente ao garoto.

— Jack Taylor

Quando Jack iria falar um garçom aparece, já anotando o pedido de ambos. Enquanto eles iam comendo, falavam sobre coisas aleatórias. O que Anne não pode deixar de perceber é que Jack tem um gosto bastante peculiar, mas um peculiar legal. Eles terminaram de comer, Anne já estava pronta para se despedir mas Jack se oferece a levá-la até sua casa.

Anne pensou muito sobre ele a levar até sua casa, Anne por um lado não queria que Jack descobrisse que ela morava na Umbrella Academy e que tem poderes, ela por um momento - mesmo tendo sido por pouco - Anne foi uma pessoa normal. Sem assustos sobre poderes, comissão, apocalipse e até mesmo sobre ela ser um fardo. Conversas normais com uma pessoa normal e fora da academia.

Hoje ela passou um momento sem chorar, sem precisar se preocupar, mas ela sabe muito bem que quando chegar até sua casa, as coisas iram voltar como eram antes, era como um padrão, sempre na mesma rotina e isso era cansativo para ela.

— Não, tudo bem. Eu vou pra casa sozinha — Anne lança um sorriso para o mais alto e saiu andando sozinha, mas logo sente Jack pegar em seu pulso a impedindo de continuar sua rota para casa.

— Não. Eu não posso deixar uma menina ir sozinha para casa, é muito perigoso. — Jack solta seu pulso, sorri e começa a caminhar em sua frente, fazendo Anne rir.

O que era engraçado para ela pois podia se proteger até de um leão, mas gostou daquele cuidado que o mesmo teve com ela.

Os dois estavam conversando em meio ao caminho sobre coisas, como qual a cor preferida e etc... Anne vê que estavam quase perto de sua casa. Ela para fazendo Jack olhar para ela confuso.

— Jack... Eu meio que tenho que lhe contar uma coisa. Promete que não se assusta — Anne respira muito fundo e move sua mão.

Quando Anne move sua mão ela faz uma lata de lixo flutuar, fazendo Jack abrir a boca formando um grande "O"  e piscando várias vezes. Anne para e o olha fixamente. Ela escuta os seus pensamentos assim fazendo Jack se surpreender mais com seus atos.

— Vo-você tem... Poderes?!

Number eight - Umbrella AcademyOnde histórias criam vida. Descubra agora