Nós merecemos paz

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_ Ei vocês saiam daí. - O porteiro e segurança da escola gritam.

_ Viu? Eu não falei que tinham dois delinquente se pegando no gramado.- A Lívia fala com o porteiro que está  em cima da gente.

_Olha me desculpa de verdade. Agente já tá indo.- Eu falo me levantando junto com o Ben.

_ Bom mesmo, se eu pegar vocês aqui de novo, vocês vão ver.- O senhor fala bem bravo enquanto volta para a portaria.

_Nossa... achei que vocês estariam brigados até hoje.- A Lívia fala com um sorrisinho no rosto que me dá vontade de matar ela.

_Olha aqui sua vaca. Vê se vai procurar um lugar pra pastar.- O Ben sai andando e acaba não ouvindo o que eu e a Lívia estamos falando.

_Aí Lara você é tão patética. Jura? Uma carta em pleno século XXI?

_Confesso que não foi a melhor ideia. Mas eu nunca pensei que alguém estaria com tanta inveja e sem nada para fazer da vida ao ponto de trocar as cartas.

_ Você acha realmente que eu tenho inveja de você?

_Sabe o que eu acho? Acho que se arrepende de ter feito tudo aquilo comigo. Acho que sente falta de ter pelo menos uma amiga que não te julgue pelo seu corte de cabelo. E acho que queria ter o que tenho hoje, amigos que gostam de verdade de mim.- Quando digo isso percebo que os olhos da Lívia estão cheios de água.

_Eu... Eu te odeio. Te odeio porque achei que ia sentir minha falta. Mas na verdade me substituiu.

_Eu senti sua falta. Mas a decepção  foi muito maior do que qualquer outro sentimento. Você me trocou por fama. Fama passageira.

_Me perdoa. Eu só queria...

_Você só queria se sentir superior. Eu não posso dizer que vamos ser alguma coisa a mais algum dia, mas perdoo você. Acho que tudo isso já é castigo o suficiente.

_Lara. Me dá um abraço?- Vejo então lagrimas saírem de seus olhos.

_Não. Eu te perdoei mas não significa que eu esqueci.- Eu me viro e vejo Ben e calmamente vou em direção a ele. É eu queria dizer a ela que podíamos ser amigas de novo, mas eu não consigo esquecer. Não ao ponto de dar um abraço nela. Assim meus olho se enchem de água mas eu não derramo nenhuma lagrima. 

_Tá tudo bem?- Ben me pergunta preocupado.

_Tá sim. Eu precisava conversar com ela. E assim as máscaras caíram. Eu perdoei ela por tudo. 

_Mas, ela não merece. Ela te humilhou, usou você para chegar ao topo.

_É, você tá certo. Ela errou, talvez eu esteja sendo uma idiota, por perdoa-la mas acho que ela merece seguir a vida em paz e eu também.

_Você merece, mas não acho isso certo e não é só você que tem assuntos pendentes com ela.- Ben fala isso indo em direção a ela.

_Ben não faz isso.- Ele olha para mim e vejo em seus olhos a raiva que ele está sentindo dela.

_ Lívia! O que você achou que isso era? Você brincou com sentimentos das pessoas, como pode ser tão mesquinha?

_ Eu apenas estava com raiva eu não queria...

_ Não queria mexer com um assunto tão sensível para mim. Aliás como sabia de tudo aquilo?

_ Na festa você ficou muito louco e acabou me contando muita coisa. Acho que não me reconheceu.

_ É claro. Você foi tão baixa a esse ponto. Acredite você pode ter o perdão da Lara mas nunca terá o meu.- Eu escuto tudo o que eles dizem de longe e no final vejo o Ben vindo em minha direção.

_ Ben?

_Vamos embora.- Ele pega minha mão e me leva para fora da escola.

_Você está bem? 

_ Estou.- Ele fala isso e na maior parte do caminho que é bem curto até minha casa, o carro fica em silêncio, não conversamos eu fiquei preocupada mas não queria perguntar. O que a Lívia fez foi pior para ele do que para mim. Ela mexeu com uma ferida que não tinha se cicatrizado. Então chegamos a minha casa.

_Eu sinto muito.- Falo isso segurando na mão do Ben. Ele olha para meus olhos por alguns segundos e depois coloca sua mão em meu rosto me puxando para um beijo demorado. 

_Obrigada.- Ele fala isso ainda bem próximo de mim. Eu dou um sorriso simplório e saio do carro.

Eu entro em casa pensando na tarde que tive, nas coisas que foram ditas, até que vejo um homem sentado no sofá bem nervoso. Ele é negro, alto, de olhos castanhos amendoados e está muito bem vestido.

_É... Oi?- Digo meio confusa.

_À, você deve ser a Lara. Eu sou o Carlos.- Ele fala estendendo a mão para me cumprimentar.

_Prazer Carlos.- Digo o cumprimentando de volta.  Mas o que você tá fazendo na minha casa?

_Eu...

_Amor eu tô pronta.Só deixa eu ligar para a Lara - Aí somos interrompidos pela voz da minha mãe. Que chega atrás de mim distraída mexendo na bolsa.

_Amor?- Digo com um um sorriso no rosto.

_Filha???- Ela me olha assustada.

_Tudo bem mãe. Eu já sabia que você estava saindo com alguém, só não sabia que era um cara tão bonito.

_Como assim sabia?- Ela diz meio sem graça.

_Você não chama ninguém de querido no seu trabalho.- Eu olho para os dois e eles estão muito sem graça. Eu acabo soltando uma risada.- Não precisa ficar assim, você merece ser feliz. Já faz muito tempo que ele se foi.

_Filha se você quiser que eu fique aqui para conversarmos...

_Não mãe. Vai com o Carlos, espero que você se divirta. - Ela sorri e me da um beijo na testa. Depois sai com ele que está bem aliviado.
    Eu percebi que com essa confusão que tava nesses meses não tive tempo de olhar minhas inscrições para faculdade. Eu tenho a vantagem de que minhas notas são boas mas a redação é que me complica. Então eu comecei a escrever, na real eu nem sabia por onde começar, eu não tenho uma faculdade dos sonhos mas tenho um futuro dos sonhos. Eu...
Meus pensamentos são interrompidos pelo toque do meu celular.
_Alô?
_ Lara! Eu estou indo para sua casa, tenho que te contar o que rolou hoje.
_ Quem disse que eu deixo?
_ Você não precisa deixar. Eu sou sua melhor amiga automaticamente não preciso de convite.
_Haha!!! Tá bom. Tô te esperando.
Para ser sincera eu estou bem curiosa para saber o que a senhorita Cris conversou naquele encontro.
Depois da ligação eu vou até a cozinha fazer um jantar para se caso a Cris estiver com fome e porque eu estou com muita fome também. Depois de alguns minutos ouço alguém batendo na porta.
_ Oi amiga!- Eu olho para a Cris e ela está muito animada.
_ Oi!- Digo isso com um sorriso desconfiado.
_ Nossa que cheiro bom. Você tá cozinhando alguma coisa.
_ É, eu estou fazendo alguma coisa para comer.
_ Olha ela, super prendada.- Ela fala rindo.
_Menina você nem imagina o que eu sei fazer. Mas enfim para de enrolar e me conta o que aconteceu nesse encontro.- Falo isso indo me sentar no sofá da sala.- Pode ficar a vontade.

_Então...- Ela se senta ao meu lado.- Eu cheguei lá no restaurante e tava tudo bem eu e o Caio estávamos ambos bem nervosos. Mas eu estava confiante, queria falar tudo que tava dentro de mim sobre aquele dia que peguei a menina no quarto dele. Depois de minutos em silêncio, que parecia horas, resolvi falar algo.

_Então... vamos falar daquele dia.- Eu disse bem séria como se estivesse em uma reunião.

_Está bem.- O Caio diz cabisbaixo.- Naquele dia eu estava sim com uma garota no meu quarto...

_Ah! Eu sabia seu safado, idiota, filha da...- Ele me interrompe antes que eu terminasse a frase.

_Cris! Me deixa terminar. Ela não era uma amante, era uma amiga que tava me ajudando. Confesso que ela é bem mais carinhosa que o normal mas naquele dia você não me deu tempo.

_É claro. Amiga? Você realmente acha que eu seria idiota a esse ponto?

_Cris! Eu não quero saber se você vai acreditar ou não, eu vim para contar a minha versão da história.

Sonhos da LaraOnde histórias criam vida. Descubra agora