Sonhos da Lara

Talvez novos amigos

        Depois do que aconteceu com o pai do Ben, eu não ví muito ele porque ele preferiu ficar lá com o pai dele na maior parte do tempo, e eu entendo, se meu pai estivesse assim eu ia querer ficar o máximo de tempo possível com ele.
         Mas por isso acabei me aproximando do Dan, Lucca e principalmente de Cris. Essa tarde combinamos de sair para tomar um sorvete e depois passar no hospital para ver o pai do Ben.
          - Lara vamos. - A Cris me chama para entrar no carro dela.
          - Oi Cris, como você tá?
          - Não tô tão bem assim sabe. - Ela diz isso com um rosto triste e desanimado.
          - O que houve? - falo isso preocupada.
         - É que tipo tem um carinha chamado Clark na minha turma de biologia e ele é um gato, mais um gato, muito galinha. - Eu a olho surpresa quando vejo que seu maior problema é um garoto galinha.
          - Bom, não sei bem o que dizer. Talvez você deva esquecer ele e procurar outro garoto gato mas sem ser galinha, ou só cai de cabeça mesmo e vê o que rola. - Falo isso tentando dá uma animada nela.
           - Ei. Não é que você tem razão. Na segunda parte. Mas tem razão, eu não sou o tipo de garota que se esconde, é melhor eu cair de
cabeça. - Bom pelo menos eu animei ela, só que a parte do pular de cabeça deveria ter tido um sentido diferente.
           - Não faça isso tá legal, não vai tanto de cabeça se não você pode cair de cara no chão, e acredite dói muito.
     - Pode deixar eu sei me cuidar. - Ela diz isso muito confiante. - Acho que seremos boas amigas Lara.
     Depois de um tempinho chegamos a sorveteria, o Dan já estava lá e o Lucca também.
     - Oi galera! - Digo isso abraçando os dois. - E aí como vocês estão?
     - Bom, o Ben faz falta. E além disso agente vai mudar de escola, nós vamos para a sua escola Lara. - Quando ele fala isso me deixa ligeiramente animada, o que parece é que eles estão tristes com isso.
    - Vocês vão me deixar sozinha naquele lugar. - A Cris fala meio histérica.
    - Olha eu sei que é ruim mas agente mora um do lado do outro, você vai me ver todos os dias. - O Lucca fala isso bem mancinho, tanto acalma la.
   - Não vai ser a mesma coisa, eu vou ficar sozinha o pessoal da escola não gosta de mim. - Nesse momento eu tive uma ótima ideia.
   - Cris lembra do que conversamos no carro, talvez seja uma ótima ideia você ficar sozinha para dar
liberdade. - Falo isso esperando que ela entenda.
    - Eu não entendi. - Caramba como eu vou explicar sem falar do garoto para ela.
    - Há não, se for sobre macho eu quero saber. - O Dan vem todo animado para o nosso canto ouvir os nossos cochichos. Chegando a ser engraçado.
   - Há Dan não, desencosta vai. - E com essa frase começa a discução, e eu no meio tentando fugir para o lado do Lucca. Finalmente consegui.
   - É sempre assim,  antes de você chegar era ele conversando com Ben e  a Cris, querendo saber mas no final eles acabam se entendendo. - Bom a situação era meio engraçada, então eu e o Lucca ficamos vendo tudo e dando algumas risadas.
     De repente a Liv aparece com a D e o Mac na sorveteria. Ela passa me olhando com o olhar de raiva e eu devolvo no mesmo nível.
      - Oi Lara! Parece que arranjou alguns "amigos". - A D fala isso fazendo aspas com as mãos. - Cadê o Ben heim? Queria marcar de sair com ele. Você não  acha ele muito gato? Tchau! Tchau! - Quando ele fala isso me dá uma raiva um ódio que eu só sentia pela Liv.
    - Quem é a vaca? - O Dan e a Cris me perguntam, os dois ao mesmo tempo, chegando a ser engraçado.
   - Ele é a otária que roubou minha melhor amiga de mim e destruiu meu poder de invisibilidade na escola. - Falo isso um pouco irritada.
   - Nossa que otária essa garota. Pera aí poder de invisibilidade? - A Cris fala  um pouco confusa.
    - Meio que ninguém sabia da minha existência e era muito bom, eu tinha poucos amigos e ninguém se importava comigo. Mas ela sim, ela sempre se importou, se importou de fazer a escola virar um inferno para mim, com um simples vídeo na internet arquitetado por ela e minha ex melhor amiga. - Quando falei isso ví eles totalmente boquiabertos com a história. - Mas tá tudo bem, eu tô melhor agora.
    - Amiga que caos, mas você vai ficar bem com agente tá legal? - Quando o Dan fala isso e todos acompanham falando sim me dá uma sensação de conforto, confiança.
   - Obrigada gente. Vamos pegar esse sorvete, ou não?
   - Claro que sim. Tô morrendo de vontade de comer esse sorvete.  - O Dan fala todo animado.
   Depois nós ficamos lá esperando dar o horário de visita no hospital para vermos o Ben enquanto isso falamos um pouco sobre quando éramos crianças.
    - Quando eu era criança, tinha tipo um balanço de pneu na árvore na frente da minha casa era tão bom balançar nele. - A Cris fala isso com um olhar de felicidade e carinho sobre aquela época.
    - Gente eu amava ir nos parquinhos lá do bairro era maravilhoso. - Eu vai falei isso tentando dar uma animada.
   - Sim, sim e aqueles escorregadores de ferro que queimavam a bunda. - Quando o Dan falou isso caímos na risada.
   - Sabe eu sinto falta daquela época, vivíamos em uma bolha de infância sem saber que o mundo estava acabando aqui fora, e agora que essa bolha estourou não tem nada que possamos fazer. - Falo isso sem querer deixando o clima triste.
    - É mas bom, a minha bolha tá intacta por que é cada sonho que eu vivo na realidade. - Quando a Cris fala em sonho, eu me lembro dos meus, que faz um bom tempo que eu não tenho, talvez seja uma melhora.
    - Eu prefiro viver a minha vida  sem chorar, porque a cada lágrima é um sorriso que eu mato, então me esforço para não chorar por nada. - Lucca fala isso trazendo um pouco de reflexão para nós que estávamos alí.
    - Pera aí, como assim mata um sorriso? - A Cris novamente fica confusa e acabamos rindo dela.
   - Vamos gente, deu a hora de ir para o hospital. - O Dan fala se levantando.
     Depois fomos para o hospital onde o pai do Ben estava internado.