Pv Lorenzo Jauregui
Dor.
Era tudo que sentia, depois do clarão, não senti muita coisa. Mas agora estava sentindo, tudo estava doendo muito. Talvez isso fosse um bom sinal, já que significava que tudo ainda estava no lugar, e eu podia sentir.
Eu ouvia vozes, algumas perto, outras distantes. Algumas conhecidas, outras não. Até que ouvi a voz dela, da minha latina. Ela conversava animada, mas de repente sua voz ficou chorosa, eu não gostava de ouvir ela chorando. Eu precisava acalma-la. Tentei abrir meus olhos, mas eles não me obedecia. Juntei todas minhas forças e tentei outra vez.
Lorenzo: Ca... mz – apertei sua mão que estava segurando a minha.
Ela me olhou rápido, como eu amava aqueles olhos achocolatados, que agora estavam inchados e com algumas olheiras.
Camila: Lolo meu amor, você voltou pra mim – ela abriu um sorriso lindo.
Lorenzo: Ca... – tentei falar mais não saia, é claro, tinha um tubo na minha boca me impedindo de falar, levei minhas mãos para tirar logo aquilo.
Camila: Não Cariño, isso tem que ficar aí – ela me repreendeu segurando minha mão e eu obedeci – Vou chamar um médico.
Eu queria que ela ficasse, queria abraçar minha pequena, beijar ela, conversar. Tínhamos tantas coisas pra conversar.
Precisava saber como estava o nosso bebê saber o que o pai dela tinha decidido. Eu não ia aceitar ficar longe dela, não mesmo.
O médico que me examinou me informou que eu fiquei desacordado uma semana. Ele examinou minhas pernas, então notei que uma delas estava encaixada, e um dos meus braços também. Minha cabeça doía muito, ele me contou que tinha feito uma pequena cirurgia por causa do traumatismo que eu havia sofrido. Uma enfermeira aplicou um medicamento pelo soro que estava ainda ligado ao meu braço. A dor estava passando, e eu ficava cada vez mais sonolento. Não queria dormir mas foi inevitável.
(...)
Clara: Meu pequeno urso – sentia um carinho gostoso em meus cabelos – Ele só está descansando Mila, daqui a pouco ele vai acordar de novo.
Camila: Eu tive tanto medo de perde-lo, Clara – ela estava chorando de novo.
Não podia deixar que ela chorasse, ainda mais sabendo que era por minha causa. Me mexi um pouco, meu corpo estava pesado, devia ser o efeito do remédio.
Lorenzo: Ois – falei olhando para as duas que sorriram ao me ver. Me encheram de beijos, eu adorava ser paparicado por elas.
O médico veio pra acertar minha transferência para um quarto, já que meu quadro não era mais grave. O quarto acabou ficando cheio, minha família e meus amigos estavam ali. Estavam preocupados comigo, ficaram muito felizes por me ver bem. Dinah meu deu uma bronca por ter feito ela chorar, depois começou a chorar de novo. Dava pra entender? Ela ficou agarrada a mim até Normani levar ela embora. Camila a substituiu, ficando do meu lado fazendo um carinho gostoso em meus cabelos, e pra completar minha mãe massageava minha mais direita. Não ia demorar pra eu voltar a dormir. Mas eu não queria dormir, já tinha dormido tempo demais. Puxei Camila pra mais perto tocando sua barriga, meu bebezinho estava ali.
Sinu: Você será um papai bem babão em – minha sogra entrou no quarto sorrindo e se aproximando de mim – É muito bom te ver assim, acordado.
Lorenzo: Oi sogra – peguei sua mão com a minha que estava livre do gesso.
Não foi surpresa não ver Alejandro ali, não sabia como estavam as coisas, mas ele com certeza não estava contente com os acontecimentos.
Esperei ter um tempo sozinho com Camila para perguntar a ela como estavam as coisas com seu pai.
Lorenzo: Camz – eu a chamei quando ela ajeitava algumas flores que Selena tinha trago pra mim.
Camila: Oi Cariño – ela respondeu vindo em minha direção.
Lorenzo: Seu pai – ela fechou os olhos – Ele ainda quer te levar pra longe de mim?
Camila: Não Lolo, ele não quer mais... mesmo se ele quisesse eu não iria, não posso viver longe de você Cariño – ela beijou meus lábios.
Eu estava radiante, ficaria com ela do meu lado pra sempre. Me recuperaria logo, ia procurar um emprego e um lugar pra gente morar juntos.
Lorenzo: Então nós vamos poder criar nosso bebê juntos – perguntei a ela que assentiu sorrindo – Camz, você quer morar comigo, eu já tenho em uma casa, quer dizer, não a casa dos meus pais, meu pai deu uma casa pra cada filho, ela fica no mesmo condômino dos meus pais, pra ser mais preciso a casa ao lado – expliquei empolgado.
Camila: Calma... Cariño... você quer morar comigo? – perguntou com um brilho nos olhos.
Lorenzo: Sim, mas eu quero me casar também, só que vai ter que ser depois que o bebê nascer, pra dar tempo de organizar tudo.
Camila: Lolo, nossa – ela riu um pouco nervosa – Você deve... deve ser o efeito do remédio, deve ser isso – ela se deitou ao meu lado já que a cama tinha espaço.
Fiquei quieto por alguns instantes. Ela não queria se casar comigo, nem morar junto. Eu teria que entender, éramos jovens ainda. Ser pai me assustava um pouco e pra ela seria ainda pior. Então talvez ficar do lado de sua mãe, que com certeza tinha muito mais experiência parecia mais seguro, talvez ela pensasse assim. Mas eu podia tentar, nós iríamos aprender juntos eu estava disposto a isso.
Bufei tentando achar uma posição melhor naquela droga de cama. Camila já tinha ido embora descansar. Tivemos uma boa briga, eu venci. Ela realmente precisava descansar.
Mike: Tá sentindo alguma coisa filho? – Meu pai quis ficar comigo. Não antes de ganhar em uma discussão com minha mãe, que também queria ficar.
Lorenzo: Tá tudo bem pai – respondi bufando outra vez.
Mike: Ei, eu te conheço, sei que tem alguma coisa te incomodando – me olhou significativo.
Lorenzo: Sabe pai... – eu precisava desabafar, e ninguém melhor do que meu pai pra me ouvir – Eu pedi Camila em casamento e ela não aceitou – falei desanimado.
Mike: Você fez o pedido e ela disse não?
Lorenzo: Bom, eu não fiz o pedido formalmente, só perguntei a ela se queria morar comigo, e falei de casamento também.
Mike: E ela disse não?
Lorenzo: Ela não disse não, só falou que eu devia estar sobre o efeito do medicamento.
Mike: E estava?
Lorenzo: O remédio me deixou mais agitado, mas não tirou meus sentidos, eu quero me casar com ela, quero estar do lado dela ajudando com o bebê, não quero apenas ir até a casa dela para visita-los de vez em quando. Quero se pai e marido – merda, meus olhos começaram a arder e as lágrimas vieram.
Meu pai me puxou para um abraço, não falou nada, só me deixou chorar por alguns instantes. Ele sempre tinha palavras certas para nos reconfortar, e sabia também nos acolher com o silêncio.
Mike: Filho, acho que você deve fazer o pedido de novo, de modo mais convincente – ele falou por fim me soltando dos braços – Mas Lorenzo, só faça isso se realmente estiver pronto para tal passo, ser pai é uma responsabilidade muito grande, e ser marido é uma ainda maior.
Lorenzo: Eu sei pai, quero ser igual ao senhor – falei sincero e ele sorriu emocionado – Quero ter um emprego, quero trabalhar para sustentar minha família.
Mike: Você sabe que não precisa disso, posso te ajudar, você tem sua mesada.
Lorenzo: Eu agradeço pai e não vou recusar a ajuda, mas mesmo assim quero um emprego, preciso disso pra ser mais responsável.
Mike: E sua faculdade?
Lorenzo: Eu vou conciliar as duas coisas, pai. Vou fazer tudo dar certo.
Mike: Eu tenho orgulho de você, Lorenzo, orgulho do homem que está se tornando.
Saber que meu maior exemplo tinha orgulho de mim era a melhor coisa do mundo, me fez querer ser ainda mais como ele, para que meu filho me amasse e me admirasse, assim como eu amava e admirava meu pai.
(...)
Fiquei mais dois dias no hospital, apenas de observação. Achei desnecessário, já estava bem, já podia ter ido pra casa a muito tempo. Quase fugi quando minha mãe estava me obrigando a comer uma comida horrorosa que eles davam no hospital. Ela saiu pra ir até o banheiro quando eu me levantei da cama pra jogar aquela coisa fora, foi quando uma enfermeira entrou no quarto. Eu fiquei mega sem graça porque ela me pegou com a bunda de fora, porque aquela droga de roupa hospital deixava minha comissão de trás a mostra. O pior foi que ela ficou me encarando de forma maliciosa, pior ainda foi que Camila presenciou tudo. Resultado, uma latina brava tentando bater em uma enfermeira duas vez maior que ela, eu tentei segurar como podia já que estava sem o apoio de uma perna por estar engessada e um braço também. A sorte que a enfermeira se mancou e foi embora. Só que eu não me livrei da ira da minha namorada.
Lorenzo: Camz, Cariño, eu não tive culpa – reclamei de novo enquanto ela me ignorava.
Camila: Come essa droga e cala a boca Michael – ela falou seca sentada na poltrona.
Além do gelo que ela estava me dando, não consegui fugir daquela sopa branca sem gosto que dona Clara me obrigou a comer. E falando nela, tinha saído pra ir atrás do medivobprs me dar alta.
Lorenzo: Ei gostosa, vem cá vem – deixei o prato de sopa em cima da mesinha – Vem aqui me dar uns beijinhos, tô com saudades, gostosa.
Camila: Vai beijar aquela enfermeira peituda – ela falou cruzando os braços fazendo um bico fofo.
Lorenzo: Eu não, eu quero é beijar só uma boca pro resto da minha vida, o nome dela é Camila Cabello, ela é a mulher que eu amo, é a mãe do meu filho e – eu ia dizer futura esposa, mas como ela não tinha aceitado meu pedido, me calei suspirando, ela percebeu, se virou me olhando – Camz, não precisa ficar com ciúmes por uma coisa boba, nem olhei para aquela enfermeira, só tenho olhos pra você, mesmo você se recusando a se casar comigo.
Camila: Lolo, eu...
Clara: Pronto pra ir para a casa filho – minha mãe entrou no quarto acompanhada pelo médico.
(...)
Clara: Tive que trazer sua cama pra cá por enquanto filho – minha mãe me informou assim que chegamos e me levaram para o quarto que ficava no primeiro andar. Seria mais cômodo pra mim, por ter que usar cadeiras de rodas, seria impossível ficar subindo e descendo escadas.
Lorenzo: Minha caminha – me deitei, beijando meu travesseiro – Aí, finalmente.
Taylor: Que bom ver você em casa maninho – ela se deitou ao meu lado.
Chris: Essa casa está sem graça, sem você aqui – ele bagunçou meus cabelos.
Clara: É ótimo ter meus filhos em casa bem – ela começou a chorar me puxando para um abraço. Que logo se tornou um abraço coletivo com a participação de Camila é meu pai também.
Lorenzo: Ei, cuidado gente, meu filho, vocês vão esmagar ele – empurrei todos abraçados a cintura de Camila.
Meu quarto logo ficou cheio, porque meus amigos logo chegaram. Como ainda era duas da tarde de um sábado, me levaram para a área de churrasco, comemorar minha volta pra casa e o fato de que logo seria pai.
Os pais de Camila também vieram. Sofia se jogou em meus braços com cuidado por causa dos meus machucados. Ela encheu meu rosto de beijinhos, estava com saudades da minha pequena. Coloquei ela no chão que logo correu para brincar com meus irmãos. Sinu também me abraçou apertado. Alejandro vinha logo atrás, suas mãos no bolso da calça me olhando um pouco sem graça. Não tínhamos conversando depois do acidente, eu ainda não sabia como estávamos.
Lorenzo: Oi Sr. Cabello – falei de maneira formal, estendi a mão para ele que me encarou por alguns instantes, então notei seus olhos marejando. Já estava recolhendo minha mão quando ele me abraçou um pouco desajeitado por causa da cadeira de rodas que estava sentado.
Alejandro: Espero que um dia você possa me perdoar pelo que fiz e falei pra você – ele se afastou e notei seu rosto molhando por suas lágrimas – É muito bom ver você bem garoto, e eu sei que você será um bom pai para meu neto – ele se virou para ir embora – Eu vou indo.
Fiquei por alguns instantes parado olhando pra ele. Escutei um choro atrás de mim, Camila chorava abraçada a sua mãe. A relação dos dois não estava nada boa, depois do que aconteceu não estava falando com seu pai. Conseguia notar que aquilo estava machucando minha pequena, podia notar isso em seus olhos.
Lorenzo: Alê, não vai – eu o chamei – Quero minha família do meu lado, você faz parte, é pai da minha princesa e avô do meu filho – ele se virou olhando pra mim – Eu te perdoo Alê, se você também me perdoar por ter quebrado sua confiança, mas não me arrependo, sei que é precoce, que devíamos ter esperado mais um pouco, mas esse bebê já é tão amado, por mim e por Camila também.
Ele se aproximou de mim sorrindo, me abraçou novamente.
Alejandro: Sei que falei coisas ruins pra vocês, mas eu também já amo essa criança – ela falou olhando pra Camila – Me perdoa também filha?
Camila alternou seu olhar entre seu pai e eu, sorri pra ela, assentindo. Ela se soltou do abraço de sua mãe, esperei ela vir até nós, mas me surpreendi quando ela saiu correndo pra dentro da casa.
Alejandro quis ir embora mais uma vez, meu pai me ajudou a convence-lo a ficar. A amizade dos dois não ficou abalada, meu pai entendia o lado do meu sogro. Deixei eles conversando e fui até o meu quarto provisório onde Camila provavelmente estaria. Ainda bem que a cadeira que eu estava usando era daquelas motorizadas, seria horrível ficar dependendo sempre de alguém pra me locomover, mesmo que fosse por pouco tempo.
Lorenzo: Oi amor – entrei no quarto devagar, minha latina estava deitada na cama chorando abraçando meu travesseiro – Camz, você quer conversar?
Camila: Não – ela respondeu ainda sem me olhar – Eu quero ficar sozinha.
Lorenzo: Tudo bem então, eu saí do hospital hoje cheio de saudades do meu amorzinho e ela não quer ficar perto de mim – fiz um pouco de drama, virei a cadeira pra sair do quarto.
Camila: Cariño, fica – pediu chorosa.
Puxei ela pra se sentar em meu colo com cuidado por causa da minha perna. Eu entendia o porquê ela está chateada, mas já estava na hora dela conversar com o pai dela.
Lorenzo: Eu sei que ouvir aquelas coisas não foi fácil – comecei a falar – Quando acordei no hospital fiquei com tanto medo de que seu pai realmente tivesse feito o que prometeu.
Camila: Você não sabe o quão despertador foi sentir que quase te perdi, Lolo, eu te amo, não posso ficar sem você, o nosso bebê ia crescer sem ao menos te conhecer – ela se agarrou a mim e voltou a chorar – Se meu pai não tivesse brigado com você, não tinha...
Lorenzo: Você viu a perícia, o caminhão estava em alta velocidade – puxei seu rosto pra ela me olhar – Eu fui irresponsável também, cruzei o sinal fechado, falta de atenção minha – ela ia argumentar – Não culpe seu pai pra sempre Camz, você o ama, ele te ama tanto, só quer proteger você. Eu me lembro que você sempre me dizia que ele era o melhor pai do mundo.
Camila: Ele era, só que...
Lorenzo: Já passou Camila, eu me lembro da história que você me contou dos seus pais, me lembro também de você me contar que sua mãe se senti até hoje um pouco culpada da forma que trava seu avô, de como foi difícil ver ela chorando a falta dele quando ele se foi – eu não queria apelar, mas eu precisava – O tempo passa muito rápido Camz, não podemos ficar por muito tempo brigados com quem amamos. Eu perdoei seu pai, vi sinceridade em seu pedido. Pense um pouco.
Ela não me respondeu mais nada, simplesmente se levantou do meu colo e voltou a deitar em minha cama. Suspirei derrotado, ela era cabeça dura, mas não adiantava brigar com ela, tudo ao seu tempo.
Fiz o que ela tinha pedido, deixei ela um pouco sozinha pra pensar. Voltei para área onde todos ainda estavam conversando animados.
Dinah: Oi futuro pai farinha – ela veio mexendo não minha cadeira.
Lorenzo: Oi girafa – consegui fazer ela para.
Dinah: Idiota, espero que você nunca mais me dê um susto igual a esse seu babaca.
Vero: Se você tivesse morrido, eu ia te matar, viu Gaspar – ela me ameaçou.
Justin: Caraca, você vai ser pai, isso é muito louco – ele brincou me oferecendo um refrigerante.
Eles estavam animados com as notícias, me divertia muito com eles. Meu coração ficou um pouco apertado, sentia falta da minha latina comigo ali também.
Olhei para a porta no momento exato que ela passou por ela, indo em direção à churrasqueira, onde Alejandro estava conversando com meu pai.
Isso era um bom sinal, pelo menos era o que eu esperava.
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Perfect Change
RandomA vida perfeita de Camila Cabello sofre uma grande reviravolta depois que seu pai, Alejandro Cabello, leva um golpe em sua empresa e perde tudo. Com isso tiveram que mudar de cidade, fazendo com que ela deixasse para trás sua escola e seus amigos, e...