capítulo dois

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Depois da frase "Você está com leucemia", minha vida ficou completamente rotineira

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Depois da frase "Você está com leucemia", minha vida ficou completamente rotineira. Pelo menos quando estou no hospital, e isso vem acontecendo frequentemente.

Eu estava quase acabando minha faculdade de jornalismo, tinha acabado de começar a realizar um sonho de criança quando meu chão se desabou.

Ficar doente não estava nos meus planos e certamente não está nos planos de ninguém, mas aconteceu e não tem como voltar atrás. Não tem como.

Leucemia Mieloide Crônica, essa é nome da doença que mudou completamente minha vida e a vida de todas as pessoas que eu convivo.

Minha mãe já não trabalha, entrou em uma depressão profunda e me culpo por isso. Meu pai ao contrário de minha mãe, só vive no trabalho para conseguir o dinheiro para o tratamento e meu irmão é o que mais sofre, ele já nem vê os pais direito. Ultimamente ele tem vivido com os outros familiares, já que Susy e Connan só vivem para mim. Eu não queria que fosse assim.

Eu fiquei algum tempo somente no tratamento oral, já que foi descoberto no início mas não fez efeito algum. Eu não melhora e minhas infecções só pioravam cada dia mais.

Irei começar o tratamento de quimioterapia, medo é que me define. Talvez o tratamento de quimioterapia funcione, ou talvez não. Minha última chance seria o transplante de medula óssea, eu até poderia já ter feito ele, mas não tenho ninguém compatível já que meu único irmão tem apenas oito anos.

O meu mal é ver filmes de pessoas que tem a mesma doença e eles morrerem mas o que me conforta é que elas sempre conseguem o que querem no final: serem felizes.

Uma maneira de me distrair é andar pelos corredores do hospital. Hoje o andar escolhido é o de fisioterapia, fiquei sabendo que tem paciente novo. Ótimo, amo conhecer novas pessoas.

Entro no elevador e aperto o andar quinto, alguns segundos depois a porta de metal é aberta me dando passagem para o corredor.

Durante o processo algumas pessoas me cumprimentam, digamos que já faço parte da família hospitalar.

Por sorte a última sala que é a de fisioterapia está aberta. Não me julguem, por ser curiosa.

Me encosto na soleira da porta e olho o doutor James trabalhar, ele é um homem jovem com cabelos curtos, a pele clara totalmente lisa e com os olhos puxados.

Ele pega uma caixinha e se aproxima do paciente que está na maca, tira algumas ferramentas que não faço ideia do que sejam e toca na perna do homem que não transmite feição alguma.

Ele olha para minha direção e o reconheço, é ele que sofreu um acidente com os amigos alguns dias atrás, eu o vi em seu quarto alguns mas preferi não me aproximar pois ele não estava em um estado muito bom. Sua pele é mais branca que a neve, seus cabelos dourados, seus olhos mais azuis que o céu fazem um contraste perfeito com sua boca vermelha. Apesar de alguns arranhões, é inegável sua beleza.

James toca em sua perna de novo e o rapaz coloca a mão no rosto negando.

- Nathaniel, não se preocupe. Essa é apenas sua primeira seção - James diz - Você até disse que sentiu um formigar na perna, significa que logo você estará andando novamente.

Um suspiro sai de boca. Sorrio simpática e ele retribuí mostrando os dentes.

- Isso foi um sorriso? - o doutor pergunta e se vira para mim - Ah, Dianna.

- Oi doutor- digo e ele sorri.

- Não devia estar em seu quarto?

- Já não aguento mais ficar lá o tempo todo, já até contei os azulejos do banheiro. Se eu não me engano são 208.

Nathaniel ri.

- Te entendo, é entediante - ele diz.

- Viu?! Até ele concorda.

- Vou ali na outra sala buscar o Martelo de Reflexo e Estesiômetro - o fisioterapeuta diz - Não saia daí.

- Como se eu desse conta - o garoto responde irônico.

Depois que o doutor sai me aproximo dele, que continua deitado.

- Dianna Butler - estendo minha mão e ele a aperta.

- Nathaniel Simmons, mas pode me chamar de Nate - sorri.

- Então, vai ficar aqui por quanto tempo? - me sento ao seu lado na maca.

- Receberei alta daqui alguns dias eu acho e você?

- Bom, depois que minha infecção de garganta passar. Digamos que tenho a imunidade muito baixa - dou de ombros.

- Foi grave? - pergunto - Desculpa, se eu tiver incomodando eu.. - sou interrompida por um uma mini risada.

- Tudo bem, é legal ter alguém para conversar, já que meus amigos estão quase no mesmo estado que eu - diz - Foi um pouco grave sim, aparentemente não posso mais andar mas nada que seções que fisioterapia não funcione.

- Sei que vai voltar a andar, James é um excelente profissional. Seus amigos estão aqui no hospital?

- Elliot já recebeu alta, mas está com a perna quebrada então não vou vê-lo por enquanto - ele ri sem graça - Maycon ainda está internado, mas está bem e Jonathan... Bom, ele.. - seu olhar se abaixa.

- Eu sinto muito - ele sorri balançando a cabeça.

- Espero que estejam falando o quanto sou magnífico - James entra na sala segurando os equipamentos.

Ele se aproxima de Nate e o coloca sentando apoiado na parede continuando sua seção.

Eu me levantei para sair dali e os deixarem a vontade, porém Nate disse que não se importava o que eu estranhei já que os outros pacientes sempre me expulsam. Dizem que sou intrometida demais.

Talvez eles tenham razão.

°°°
Continua...

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