capítulo três

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- Nada que preste nessa tevê - resmungo desligando o aparelho

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- Nada que preste nessa tevê - resmungo desligando o aparelho.

Encaro o teto e me repreendo ao me pegar contando as listras que ele contém. Dianna me indicou fazer isso, achei meio estranho mas não julguei.

Ela é a pessoa mais legal que conheci nesse hospital, com aquele jeito intrometido, suas piadas sem graças e toda espontânea ela conquista qualquer um. Não é por acaso que ela quebra uma das maiores regras do hospital e não ganha bronca de ninguém.

Três batidas na porta me fazem me despertar de meus desvaneios. Digo para a pessoa entrar.

Meus olhos se enchem de lágrimas ao verem Maycon passar pela porta, ele recebeu alta na noite passada. Vestido com um conjunto de moletom, seus cabelos negros bagunçados e olheiras nos olhos entregam suas noites mal dormidas.

- E aí, como você está? - pergunta se sentando ao meu lado com ajuda de moletas.

- Na medida do possível e você? - ele a abaixa a cabeça dando de ombros.

- Fiquei sabendo oque aconteceu com.. bem suas pernas - solto com riso sem graça.

- É, as coisas não estão sendo fáceis - digo e imediatamente me lembro de Jonathan.

Uma lágrima cai. Nunca irei superar.

- Eu sinto muito Nate - Maycon que quebra o silêncio - Eu não deveria ter bebido, não deveria ter pegado o volante.

- Para Maycon, estavamos todos loucos. Não sabíamos nem nossos próprios nomes, não se culpe. Além do mais, quem deu a ideia de ir para a balada afundar no álcool foi minha.

Eu tinha acabado de terminar com Sarah, minha namorada. Ela havia me traído. Inconformado fui afundar minha mágoa com meus amigos e o pior aconteceu.

Se eu o tivesse escutado Jonathan, ele não queria ir. Disse que era melhor ficar em casa e superar mas eu não o ouvi..

- Ele não gostaria de nos ver sentindo culpa pelo o aconteceu - Maycon retruca.

Talvez Maycon tenha razão, talvez eu tenha que superar e seguir em frente. Mas a questão é: Como?

Depois de alguns minutos ali, Maycon teve que ir embora já que o mesmo está tomando antibióticos controlados.

- Oi, filho - minha mãe abre a porta do quarto e se aproxima de mim - Está bem? - anuo.

- O que está fazendo aqui? Não era a vez de Alice me dar banho? - pergunto e ela revira os olhos.

- Seu pai, ele quer vir.. - a interrompo.

- Não, mãe. Eu não quero vê-lo - digo.

- Ele é seu pai Nate - diz ríspida.

- Um pai de verdade não teria vergonha de mim. Não me expulsaria de casa.

Rogério Simmons, meu pai. Um dos maiores empresários do país, ambicioso e detalhista. Um filho que desconta todas as emoções na bebida não estava em seu plano.

Eu sempre dei um jeito de chegar em casa sem que ele me visse, em uma noite eu entrei pelos fundos como sempre fazia. Mas eu não sabia que ele estava fazendo uma social com seus novos sócios e ainda estava dizendo que eu era um dos futuros donos na Company Simmons.

E como todos sabem, bêbado, festa e psicina não combinam. Acabei envergonhando meu pai e chingando um de seus maiores sócios que no mesmo instante o deixou.

Na hora da raiva meu pai me expulsou de casa, só não tirou meu sobrenome pois minha mãe interviu. Alguns dias depois ele pediu para eu voltar, mas eu e meu orgulho negamos.

- Ok, não vou insistir - ela da as costas saindo do quarto.

Odeio deixar minha mãe chateado, mas sempre que ela toca nesse assunto e de nós nos machucamos. Está bom assim, não precisa mudar as coisas.

📽️📽️

- Até a próxima seção, Nate - James se despede.

Giro as rodas da cadeira me locomovendo, depois de eu fazer uma demostração para minha mãe que eu conseguia me virar sozinho, confesso que James também me ajudou dizendo que não havia perigo já que minha coluna estava recuperada. Bom, pelo menos voltar para o quarto depois da fisioterapia, ela finalmente deixou em eu vir sozinho.

Eu poderia voltar para casa, mas quando eu disse que morava sozinho os médicos pediram para que eu ficasse no hospital até os primeiros sinais da minha perna. Eu tentei dizer que eu ficaria bem, mas eles não acreditam então fui obrigado a ficar com a companhia do tédio e da comida sem sal. Pelo menos até eu não sentir mais dores.

Entro no elevador e olho o cartaz que indicava o nome de cada andar.

Se Dianna pode, eu também posso.

Aperto o botão "8", oncologia.

Alguns segundos depois as portas se abrem, me ponho para fora. Os corredores são mais vazios e consequentemente mais silenciosos.

As rodas da cadeira deslizavam pelo porcenalato. Todas as portas estão fechadas exeto uma. Sem disfarçar me ponho na frente da mesma e me surpreendo ao ver Dianna sentada na poltrona e cabeça baixa enquanto balançava a perna sem parar.

°°°°
Continua...

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