Leon viu os olhos de Manuela se encherem de lágrimas e os lábios tremerem no momento em que terminou de proferir a frase que para ela parecia ser uma sentença de prisão perpétua, ela o fitava indefesa, o desespero distorcendo suas feições delicadas.
Sua confusão e medo era perceptíveis, ela abraçou os joelhos em total desamparo fazendo-o se sentir o canalha que era por tê-los colocado naquela situação, em nenhum momento de sua longa existência encontrara um humano capaz de lutar contra os próprios instintos com tal empenho quanto seu Pedacinho de céu, admirava-a por conseguir se negar a algo que obviamente queria e que outra em seu lugar já teria aceitado, seria bem mais simples e menos doloroso se render, mas apesar das poucas armas que possuía para se defender ela se mantinha firme em seu propósito de resistir ao que sentiam, ao que de fato queriam.
Seu lado cavalheiro disse que a deixasse em paz, que respeitasse seu tempo e esperasse que ela por conta própria viesse até ele buscando pelo que ambos desejavam, mas o lado vil ordenou que acabasse com aquela tortura, que tirasse das mãos hesitantes de Manuela essa decisão, uma vez que ela obviamente não era capaz de lidar com algo tão simples e ao mesmo tempo tão importante, precisava resolver essa situação o quanto antes não suportaria outro mês como o que passaram.
Sentia os efeitos do chamado dela cada vez mais forte, já não dormia direito, sua concentração estava se perdendo e o desejo seu companheiro constante desde o momento em que a encontrou se tornou uma dor física que o atormentava em todas as horas, inclemente, incessante, insatisfeito, se continuassem como estavam temia se tornar um risco para ela.
Se ajoelhou diante de Manuela que ainda estava sentada no sofá, o olhar perdido fitando sem ver a pequena fonte no centro do jardim, uma lágrima solitária escorrendo pela face bonita em uma expressão tão desolada que ele não resistiu e a apanhou no colo, sentando-se no sofá e colocando-a sentada sobre suas coxas, aninhou-a em seus braços e sussurrou em seu ouvido.
- Nós temos a eternidade para fazer isso dar certo ou para estragar tudo. – Segurou-lhe delicadamente o queixo fazendo-a fita-lo. – Por que não fazemos direito e aproveitamos essa infinidade de tempo para nos tornamos os companheiros que estamos destinados a ser?
- Acha que estamos destinados a isso? – Disse em um murmúrio quase imperceptível, baixando o olhar para o seu peito.
- Você me chamou Manuela. – Contou, sua voz profunda causando uma descarga elétrica no corpo feminino. – Em todos o milénios de minha existência nunca senti algo assim. – Confessou aconchegando o rosto dela de encontro ao seu ombro e acariciando-lhe os cabelos macios. – E até conhecer você achava que o chamado de alma era só uma lenda.
- Como eu o chamei? – Perguntou ela confusa. – Não entendo o que quer dizer...
- Não sei exatamente os mecanismos que fazem esse tipo de coisa acontecer. – Admitiu acariciando suavemente cada parte dela que suas mãos alcançavam sem nem mesmo se dar conta de seus gestos. – Mas eu ouvi sua voz, senti seu cheiro, eu vi você antes mesmo de deixar meu quarto de hotel naquele réveillon, você me atraiu como o canto da sereia e quando dei por mim já estava com você nos braços, não sei como cheguei a praia ou como te encontrei naquela multidão, mas foi a primeira vez em muito tempo que senti que estava no lugar certo com a pessoa certa...
- Gostaria de ter tanta certeza. – Murmurou pesarosa.
- Por que é tão difícil acreditar? – Indagou com voz triste.
- Tenho medo...
- De que?
- De você. – Reconheceu escondendo seu rosto no pescoço dele. – Das coisas que é capaz de fazer... Do que pode fazer comigo. – Admitiu em voz baixa com o rosto ainda colado na curva do pescoço dele, sentindo seu cheiro marcante envolver seus sentidos.
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EM SUAS MÃOS
RomanceJá dizia o velho ditado: Cuidado com aquilo que deseja, você pode conseguir. Manuela Cavalcante descobriu tal verdade ao se ver como alvo do desejo de um homem extremamente belo, sexy e poderoso. Um homem cheio de mistério, movido por uma paixão obs...