Por um segundo Leon ficou sem voz, um calafrio percorreu seu corpo enquanto seu coração disparava, o sabor do medo deixando um gosto amargo na língua e lhe apertando a garganta, sendo imediatamente substituído pela ira ante a ideia de que o conselho queria separá-lo de sua mulher.
- O que a faz pensar que eu irei obedecer a esse absurdo? – Indagou com voz dura.
- E o que o faz pensar que tem escolha? – Rebateu Minerva arrogante. – Foi determinado pelas Sete hierarquias celestes que a recém-criada Manuela saia de seu convívio o quanto antes, sinta-se feliz que ainda estamos lhes dando algumas horas para se despedir.
- Espero que isso seja uma brincadeira.
- Parecemos do tipo que nos permitimos gracejos? – Inquiriu Araton assumindo a conversa. – Temos permissão para usar a força se necessário, mas sabemos que se entrarmos em um confronto isso fará mais mal do que bem, especialmente para os seres desse planeta, por isso o estamos intimando para que faça a entrega da jovem pacificamente e nos permita executar a ordem das Sete hierarquias sem transtornos.
- Manuela é minha mulher, nem vocês nem ninguém vão tirá-la de mim! – Declarou ameaçador.
- Ela é uma criação de Deus que foi transformada em um novo ser através de um ritual profano. – Declarou Azbogah inflexível. – Uma afronta aos mandamentos celestes, uma heresia contra os regimentos do mundo sobrenatural.
- Ela tem a minha marca. – Afirmou, lembrando-os da regra implícita de que o companheiro escolhido por um eterno e por ele marcado não poderia ser retirado de seu convívio a menos que tivesse a liberação de quem o marcou. – Não podem tirá-la de mim!
- Para alguém que não obedece às regras, você parece agora muito necessitado de que elas sejam cumpridas, não é? – Minerva caçoou. – Teria razão e estaria respaldado por essa regra implícita se tivesse sido menos ganancioso e deixado à humana na condição em que foi criada.
- Ela me chamou. – Contou com voz grave. – Chamou por mim, o que esperava que eu fizesse?
Os três o encararam incrédulos, Azbogah deu uma discreta risada, Araton pigarreou, Minerva apertou os olhos fitando-o com desprezo antes de sibilar.
- Isso é patético até mesmo para alguém como você! Pensa que pode se eximir dos seus crimes usando como desculpa uma lenda antiga?
- É a verdade! – Bradou indignado por sua palavra estar sendo posta em dúvida. – Se acreditam ou não pouco me importa, mas Manuela e eu já éramos um antes mesmo de o ritual ter sido feito.
- Você não está bem da cabeça se crê realmente nisso Spodium. – Resmungou Azbogah aborrecido. – Celestiais foram feitos sem par, essa máxima de alma gêmea, metade da laranja e tantas outras bobagens inventadas pelos homens não se aplicam e nunca se aplicarão a seres da nossa raça mesmo àqueles que foram banidos, acha mesmo que se houvesse de fato algo como diz a lenda, justo você um Quisquiliae que só causa aborrecimento e desgosto seria o contemplado? – Questionou desdenhoso.
- Não estou pedindo que acreditem no que eu digo. – Informou sisudo. – E pouco me importa se isso faz sentido ou não para vocês, estou apenas expondo uma das muitas razões de porque não vou entregar minha mulher.
- Sua mulher. – Repetiu Araton sarcástico. – Ela não lhe pertence! – Proclamou autoritário. – Antes de se propor a fazer algo expressamente proibido, deveria averiguar cada pequena nuance e consequência para todos os envolvidos. - Aconselhou, encarando-o por alguns instantes antes de fazer uma declaração bombástica que abalaria Leon terrivelmente. – O que você fez não afetou apenas a sua vida e a da moça, o ritual que a fez sua esposa também a tornou compatível com todos os eternos já criados.
VOCÊ ESTÁ LENDO
EM SUAS MÃOS
RomanceJá dizia o velho ditado: Cuidado com aquilo que deseja, você pode conseguir. Manuela Cavalcante descobriu tal verdade ao se ver como alvo do desejo de um homem extremamente belo, sexy e poderoso. Um homem cheio de mistério, movido por uma paixão obs...