Manuela sentiu a bile subir a garganta, os olhos ardendo enquanto as lágrimas escorriam incontrolavelmente por seu rosto, correu até onde Leon estava, porém antes de alcança-lo foi detida por uma espécie de véu, uma barreira transparente que permitia que visse tudo que estava acontecendo do outro lado, mas impedia sua passagem.
As seis pessoas sentadas nas cadeiras se ergueram, cinco delas deixaram a sala, uma figura, porém ficou para trás, uma mulher de frios olhos azuis que estudou Leon por um longo momento antes de caminhar até ele, seu longo vestido preto arrastava pelo piso de mármore como se fosse uma calda, seu andar lembrava o de uma pantera, elegante, mortal, sua expressão vazia em nada demonstrava seus pensamentos ou seus propósitos, mais ainda assim era possível notar a satisfação que sentia por vê-lo naquela situação.
Parou diante dele segurando seu rosto com uma de suas mãos de dedos longos e unhas bem feitas avaliando-o, a face era a única parte do corpo masculino em que deixaram pele, seu cabelo e rosto estavam encharcados de suor e respingos de sangue, mas ela não se importou, colou seu rosto ao dele e sussurrou algo em seu ouvido que o fez se empertigar e sussurrar algo furiosamente de volta.
O carrasco os olhou chocado evidenciando que havia entendido a troca de palavras, a mulher apenas sorriu e fincou cruelmente uma de suas unhas na carne exposta do peito de Leon arrancando um pequeno naco do músculo fazendo o corpo forte estremecer. O choro de Manuela tornou-se mais intenso, sem perceber pôs-se a esmurrar o véu tentando a todo custo atravessar, tinha que ajuda-lo! Quanto mais batia mais forte e espessa a barreira ficava, sua transparência adquirindo um tom leitoso que se tornava mais intenso a cada instante, em segundos já não conseguia mais ver o outro lado o que aumentou seu desespero.
- Manuela o que há? - A voz masculina vinha de longe, como de um túnel, enquanto tentava derrubar a barreira a pancadas. - Manuela... Manuela... Pedacinho de céu!
Manuela sentiu um forte impacto no peito como se tivesse batido em um veículo em alta velocidade, o ar escapou de seus pulmões, era como se sua alma houvesse acabado de voltar para o seu corpo, gemeu enquanto piscava incontrolavelmente ao se ver nos braços de Leon que a encarava preocupado, a apreensão contorcendo seu rosto bonito, o olhou confusa, seus olhos percorrendo afobada toda a extensão do corpo dele, percebendo aliviada que ele estava perfeito, o peito sem camisa devidamente coberto pela pele firme e macia, o abraçou com força, escondendo seu rosto molhado de lágrimas no peito largo, sentia que estava tremendo como uma folha ao vento, mas não conseguia se impedir de tremer.
- O que houve? - Perguntou ele angustiado. - Por que está chorando Manuela? O que você tem?
Ela queria falar, mas só conseguia soluçar em seus braços, a imagem dele sendo literalmente esfolando vivo estava fixa em sua mente, torturando-a ao testemunhar mentalmente o sofrimento que ele tivera que passar.
- Por favor, Pedacinho de céu... - Pediu aflito. - Me diz o que está acontecendo.
- Só me abraça. - Rogou abraçando-o ainda mais.
Leon a atendeu, a abraçava enquanto acariciava-lhe os cabelos e murmurava palavras de consolo, pegou-a no colo e os tele transportou de volta ao quarto, deitou-a na cama deitando-se ao seu lado e a puxou para o seu peito secando-lhe as lágrimas com carinho. Ficaram em silêncio por um longo tempo, o único som no quarto vindo dos soluços angustiados de Manuela.
- Por que eles fizeram isso com você? - Perguntou com voz trêmula.
- Isso o que? - Indagou ele atônito.
- Por que arrancaram a sua pele? - Sua voz saiu engasgada pelo choro.
- Como você sabe disso? - Inquiriu assombrado.
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EM SUAS MÃOS
RomanceJá dizia o velho ditado: Cuidado com aquilo que deseja, você pode conseguir. Manuela Cavalcante descobriu tal verdade ao se ver como alvo do desejo de um homem extremamente belo, sexy e poderoso. Um homem cheio de mistério, movido por uma paixão obs...