CAPÍTULO XVI

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- E se eu tiver dado? – Provocou, um sorriso debochado enfeitando-lhe os lábios. – Você sabe que isso não é da sua conta, não é? Afinal não estou aqui perguntando a você com quantas mulheres dormiu desde que nos vimos pela última vez.

- Cuidado Manoela. – Avisou sério. – Não me provoque.

- Então não seja deselegante! – Exigiu severa. – Pare de achar que é meu dono, porque você não é!

Leon a fitou longamente, seu rosto tão sério, a expressão tão vazia que lhe causou calafrios, quando ele a olhava daquela forma temia pelo pior.

- Eu poderia mostrar facilmente que está enganada. – Declarou frio. – Só um gesto meu, uma palavra minha e essa sua vida que você tanto preza e para a qual diz que quer voltar seria apenas uma lembrança.

Manuela o fitou aparentemente tranquila, seu rosto em nada denunciando o pânico que começava a se instalar em seu coração, torcia para que ele não fosse capaz de ouvir as batidas aceleradas de sua pulsação, pois assim saberia que estava abalada diante de suas palavras e não queria dar a ele esse prazer.

- Aquele trabalho que você tanto estima, as pessoas que você chama de amigos, a casinha no interior, sua família...Tudo seria apenas poeira, assim. – Falou estalando os dedos. – Para o resto do mundo eles nunca teriam existido, para você seriam apenas bonitas lembranças que seriam apagadas com o tempo, sabe por quê? – Inquiriu ameaçador. – Porque tudo o que você tem e valoriza, só existe porque eu coloquei de volta na sua existência, inclusive sua própria vida, se não fosse a minha intervenção, você e a sua preciosa família não seriam mais do que alguns números preenchendo as estatísticas de acidentes de trânsito.... Ainda acha que pode dizer com toda essa empáfia que não é minha? – Incitou.

Manuela estremeceu e deu inconscientemente um passo atrás, atingida pela força de suas palavras, assim como a veracidade delas, podia vislumbrar no rosto bonito o perigoso homem que por vezes enxergava nele sob a camada de riqueza, sofisticação e que a fazia repudia-lo, qualquer desejo que sentia por ele se extinguia imediatamente diante de sua arrogância e suas ameaças e lhe dava a certeza de que Leon não era alguém em quem podia confiar, pelo menos não como uma figura justa e misericordiosa que saberia entender suas dúvidas e anseios, que respeitaria seu tempo, que tentaria conquista-la por meio de atitudes e gestos românticos, ali estava um homem preocupado única e exclusivamente com suas próprias vontades e que passaria por cima de qualquer um para consegui-las, naquele instante verdadeiramente o odiou.

- É assim que pretende me manter ao seu lado? Ameaçando aquilo que é importante para mim?!

- Se for necessário. – Respondeu tranquilo.

- A cada minuto que passa eu sinto mais nojo de você! – Atacou revoltada. – Você é a escória da humanidade!

- Não querida, eu sou uma escória superior à humanidade. – Rebateu puxando-a novamente para os seus braços. – E sabe por quê? – Sorriu sem humor. – Porque eu não sou humano.

Manuela arregalou os olhos em choque diante da revelação, por mais que soubesse que ele não era um homem normal e as evidencias desse fato foram muitas, tinha acreditado que talvez ele fosse algum tipo de mutação entre ser humano e algo místico ou diabólico, mas que não houvesse nenhuma parte humana nele, fora algo que não havia cogitado.

- E o que um eterno é? – Indagou Manuela com voz trêmula.

Essa era uma dúvida que a perseguira por todos esses anos, havia pesquisado incansavelmente em livros, na internet e nas mais variadas fontes, mas ninguém nunca lhe dera uma resposta precisa, havia quem dizia que era uma espécie de Deus mitológico antigo, outros afirmavam que era um extraterrestre vindo de uma galáxia distante e claro aqueles que como Antônia lhe garantiram que era o próprio Diabo e seus asseclas, não sabia em quem acreditar, mas em momentos como aquele, em que surgia aquela expressão destrutiva na face de Leon, acreditava que de fato era o demônio.

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