Capítulo 8

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CALEBE

Entro no carro indo embora e deixando essa maluca falar sozinha. Não é época de visitantes mais mesmo que fosse com com certeza essa garota é a mais peculiar de todas. Eu deveria dizer para ela que não irá sobreviver a um dia aqui na cidade com aquela roupa e aqueles sapatos. Cada gente.

- Você poderia ter sido um pouco mais gentil. - Austin fala quando tomamos uma certa distância. - Você não deve saber quem ela é.

- Não estou interessado. - respondo. - E você deveria ficar ao meu lado e não ao lado de uma estranha que não tem um pingo de simplicidade.

- Ela parecia bem educada, ao modo dela. - ele retruca me fazendo perceber que ele gostou mais de uma estranha do que gosta de mim.

- Ao meu modo, aquilo não é simplicidade. Para mim ela é uma metidinha e barulhenta.

Austin arfa e decidi não me enfrentar mais, talvez porque dois bicudos não se trombam. Poderíamos ficar aqui discutindo isso todo o tempo e ele sabe que eu não daria o braço o torcer.

Chegamos em casa e Darcey já foi correndo com a sacola de carne para a varanda de trás de casa onde costumamos passar as sextas. Tem uma mesa grande com um sofá e churrasqueira para que possamos observar o céu estrelado.

- Vai devagar abelinha! - aviso antes que ela possa cair ao chão, embora ela tenha uma coordenação motora ótima.

Austin desce batendo a porta e aquilo faz meu coração se cortar.

- Por favor, não bata com força a Madeleine. - peço.

Ele somente revira os olhos e entra em casa. Adolescentes são esse tipo pior que cavalo bravo.

Entro em casa e já vejo Darcey tentando ascender a churrasqueira, lutando contra o vento e o fósforo que não para aceso.

- O que eu já disse sobre crianças e fogos? - pergunto me aproximando e tomando dela.

- Que é perigoso. - ela fala triste. - Mais eu estou com fome!

- Você não comeu na escola? - finalmente coloco fogo na churrasqueira e me volto para Darcey que está calada e com os olhos baixos. - Ei? O que foi? - me abaixo para vê-lá melhor.

Ela joga o cabelo para trás e me olha com os olhos tristes, partindo meu coração.

- É que as outras crianças tiraram sarro de mim hoje. - conta ela tristemente. Isso para mim é como estapear meu rosto varias vezes. - Disseram que eu era a bastarda e que meu pai era um bêbado fedorento.

Me vi em uma prisão quando ela me conta isso. Meu coração fica apertadinho no peito e eu gostaria que ela não tivesse que passar por tudo isso. Isso machuca. Tenho um alarme de proteção apitando dentro de mim.

- Quem disse isso? - pergunto.

- As irmãs Austen.

A família Austen é composta por uma senhora muito mal educada que costuma dizer que prega a palavra do senhor todo domingo na pequena igreja, seu marido que a trai com todas as mulheres da cidade e ainda se diz o pastor abençoado e as duas crianças que são as próprias figuras do satanás. O que me deixa irritado é que essa gente não tem moral alguma.

Paixão No TexasOnde histórias criam vida. Descubra agora