Capítulo 15

634 71 31
                                    

BÉLGICA

   Só percebo que estou de camisola quando passo pela cerca e um pedaço do meu tecido fica preso nas pontas. Estou com tanta pressa de fugir que não dou a mínima para nada. Continuo sem entender o porque todo mundo nessa cidade parece me odiar. Quer saber? Que se dane tudo isso, eu não preciso da aprovação ou do amor deles. Posso estar sendo odiada em Nova Iorque, mais a maioria das pessoas ainda me amam.

  Entro na casa e só quero me vestir para ir até a cidade resolver isso de uma vez por todas.

  — Elizabeth?

Fico estagnada quando o nome sai da sala, a alguns passos de mim. Meu corpo todo se estremece e minha respiração fica arfante. Quero voltar porém tenho medo do que posso encontrar.

Mesmo com receio, sei que preciso encarar seja quem for. Tomo coragem o suficiente para me mover e olhar quem está na sala. Embora a voz pareça saudável e até mesmo cheia de timbre juvenil, eu me deparo com um senhor baixinho, cabelos já brancos e ralos, rugas que mostram que sua idade está avançada. E embora ele pareça forte, seus olhos azuis transmite cansaço e ao mesmo tempo um brilho enigmático.

  O canto de seus lábios se contorcem para o lado em um sorriso singelo e quase imperceptível.

  Esses olhos... Eu já os vi em algum lugar? Embora meus pensamentos queiram rasgar e me levar até o passado onde talvez eu encontre esses olhos ou esse rosto, eu ignoro.

  — Quem é você? — pergunto finalmente sentindo cada parte do meu corpo trêmula.

  — Você não se lembra de mim? — ele parece chateado.

  No meu interior alguma coisa grita, mais prefiro fazer o que faço de melhor.

  — Não. E o meu nome não é Elizabeth, deve ter havido algum engano.

  — De maneira nenhuma que eu iria me enganar quanto a isso — insiste ele. — Eu posso estar velho, mais não estou burro — ele caminha com certa dificuldade e se senta na poltrona que já está descoberta. — Faz muitos anos, mais não esqueço os meus.

  Infelizmente eu não consigo raciocinar como esse senhor sabe meu nome, meu verdadeiro nome. Quando eu entrei para a carreira de modelo tinha muita coisa que eu queria deixar para trás. Meu nome de nascimento foi uma delas. Infelizmente na época os cartórios não permitiam que o nome verdadeiro fosse mudado, não sem o consentimento de um familiar, mesmo eu já sendo adulta o bastante e passado por duas casas de adoção, ainda sim eles insistiam em dizer que somente a minha mãe tinha aquele poder. Foi mais ou menos essa época, quando eu estava com 20 anos que conheci Fernando. Ele cumpriu tudo que prometeu e em troca eu pedi que meu nome verdadeiro fosse esquecido. Do jeito dele ele deu conta do recado e me tornei Bélgica Rosalyn Grace.

Pensei que esse passado tivesse sido enterrado com as pessoas que deixei para trás, porem esse senhor parece saber do que eu tentei esconder.

  Me posiciono de peito aberto para não mostrar que minhas estruturas estão quase sendo atingidas.

  — O que o senhor quer aqui? Ou eu deveria perguntar como sabe sobre isso?

  — Eu disse, a conheço bem.

  — Senhor...

  — Belchior. — ele finalmente fala o nome.

Paixão No TexasOnde histórias criam vida. Descubra agora