Capítulo 35

589 78 39
                                    

CALEBE

Estaciono Madeleine na porta da fazenda girassol. Assim que ouve o barulho do carro, Tina já vem me receber de braços abertos.

— Querido, bom dia. Você esta bem?

— Sim senhora. Obrigada por estar me ajudando com isso, eu não sabia o que fazer. — tento esconder meu desespero.

— Tudo bem menino. Vamos entrar, ele já acordou.

Sigo Tina para dentro e a cada passo eu sinto meu corpo gelado e tremer. Estar de novo nessa situação onde tenho que olhar para a cara do meu pai e ouvi-lo dizer que se arrepende chorar e depois pedir dinheiro são umas das coisas mais difíceis para mim.

Quando cheguei em casa ontem e o encontrei desacordado ainda, meu peito doeu. Só de pensar que Darcey presenciou as loucuras dele a quão nervosa e assustada ela não ficou, eu fico nervoso. O fato de ele ser meu pai me impede de querer deixar as boas maneiras de lado e partir para a agressão. O que me deixa mais nervoso é saber que ele dirá sempre a mesma coisa e eu vou poupa-lo.

Assim que entro no quarto onde ele esta, inspiro uma boa quantidade de ar antes que ele se vire para mim.

Ele esta de costas olhando para a janela, mas sei que sabe que cheguei.

Finalmente ele se vira para mim e posso notar o quanto ele esta horrível.

— Bom dia filho. — sua voz sai sem nenhuma preocupação ou rancor. — Você se superou me trazer para a esse lugar e me trancar ao invés da cadeia.

— Eu nunca te coloquei na cadeia e você sabe. Tudo o que acontece com você foi por suas escolhas e não minhas. — sinto uma raiva imensa.

Ele caminha para meu lado e seu olhar me surpreende quando encontra o meu. Tem tanta frieza e me pergunto quando foi que ele se deixou perder assim.

— Não pode me manter aqui para sempre. Eu sempre estou vindo e indo, tudo o que você tem que fazer é me dar dinheiro, que por sinal também é meu, já que a fazenda é minha.

— Sua fazenda? Como sua? Você a deixou cheia de dividas e foi graças a mim que ela se manteve de pé. Não ouse dizer que aquelas terras são suas, porque não são.

Ele sorri debochando e bate a mão no meu ombro.

— Olha só para você moleque. Cresceu um bocado desde então. Já se acha homem só porque cuida dos irmãos e da minha fazenda? O que aconteceu com o menino chorão que foi abandonado pela esposa e filho?

Cerro os punhos tentando manter a calma. Eu nunca fui de agressão, acho isso a pior fase que alguém pode chegar, ainda mais ele sendo meu pai. Mas eu também sou ser humano e dentro de mim cresce uma vontade enorme de ser o animal que quero ser.

— Eu quero que você pegue o dinheiro que vou dar a você e vai embora da cidade, não volte nunca mais. Eu não quero te ver.

Ele bate palmas e cai na risada, debochando de tudo que eu disse.

— Ah, você me faz sorrir sabia? Escuta filho, eu só vou dizer isso uma vez e espero que entenda. — ele me olha friamente. — Aquela fazenda é minha.

— Você não tem nada! — grito sem poder mais segurar a calmaria. — Você foi embora deixando seus filhos e a mim com o pé na lama! Tudo o que você fez foi se afundar na sua solidão ao invés de encarar seus problemas, você foi o covarde! Por isso, você não tem mais nada aqui, nem mesmo seus filhos são seus porque eles odeiam o pai deles!

O vejo arrastar o silencio enquanto seus olhos trêmulos me buscam.

Meu coração salta de nervoso.

Paixão No TexasOnde histórias criam vida. Descubra agora