Capítulo 6

761 85 32
                                    

BÉLGICA

    Sei que estou sozinha agora. Isso não deveria ser tao assustador, já que passei por muitas coisas e todas elas foram sozinhas. Eu sou uma mulher forte e não vai ser esses caipiras que vão me fazer estremecer.

Tomo um fôlego assim que vejo meu carro sumir. Eu juro por tudo que quando isso acabar Fernando é um homem morto. – me viro para pegar todos os envolvidos me olhando. Tenho 5 malas no chão de terra que valem muito dinheiro. Será que eles já ouviram falar em suborno?

  — Oi. — uma jovem usando uma grande trança de lado se aproxima.

  — Vai me expulsar da cidade? — pergunto de cabeça erguida.

Ela sorri.

  — Não. Eu sou Débora. — ela estende a mão. Não vou segurar em uma mão estranha quando nem sei por onde passou. — Certo. — ela desiste de esperar. — O senhor Belchior não esta na cidade. — me conta ela. — Mais ele me disse que você poderia chegar e que poderiam estranhar você. Por isso pediu que eu te levasse até a fazenda.

  — Me estranhar? — encaro os olhos que aos poucos vão sumindo. — Eu fui tratada como lixo aqui! Cadê a hospitalidade? — pergunto fervilhando de raiva.

  — Somos um povo muito hospedeiro. Claro, que isso vai defender da pessoa. — o que ela quis dizer com isso? — Bom, acho que vamos precisar de um carro. — ela olha minhas malas. — Eu já volto.

Vejo ela se afastar enquanto eu estou sendo assada nesse sol quente. Por Deus! Não vejo uma árvore, não vejo um asfalto. Só vejo terra amarela, cavalo, caipiras e mais caipiras. Onde eu fui me meter? Isso tudo é culpa daqueles idiotas! Eu juro que vou processar cada um. Sinto minha garganta secar e tudo que eu quero é beber uma água com gás.

A garota de outra hora me vem dirigindo um maverick branco. Nessa cidade eles não devem saber o que é modernidade.

  — Vamos? — pergunta ela animada.

Eu juro que não posso acreditar em nada disso. Eu não tenho outras escolhas, infelizmente esgotei todas elas.

Depois de colocar minhas malas no carro, entrei no carro que fedia.

  — Que cheiro é esse? — pergunto fungando como um cão. O cheiro é horrível, parece coisa morta.

  — Ah desculpe. Meu pai caçou tem pouco tempo, então...

  — Nesse carro?

  — Sim. É o que temos. — ela da partida.

  — E o que ele caçou? — pergunto temendo a resposta.

  — Um porco do mato. — responde com tranquilidade. — O bicho era enorme e deu muita carne!

Meu estômago embrulha e preciso abrir mais o vidro. Eu jamais comeria qualquer tipo de animal, muito menos um porco do mato. Esse lugar é um pesadelo. Não sei se deixo o vidro aberto por causa do cheiro ou se fecho pela enorme poeira que entra por todos os buracos desse ferro velho. Eu só quero minha banheira, meu carro e água.

  — Escuta? Você pode parar em algum lugar para comprar água? Eu estou morrendo de sede!

  — Comprar água? — ela gargalha e não sei qual a graça. — Não precisa comprar, eu tenho aqui.

Paixão No TexasOnde histórias criam vida. Descubra agora