Amanda Butterman
Eu estava no escritório, a luz ajustável mais fraca para não incomodar minha visão, era dia mas não gostava de deixar ela apagada então apenas enfraquecia. Quando ficava mais tarde eu mudava para amarelo que parecia mais aconchegante. A decoração era bem básica, paredes brancas mas o teto escuro dando um ar amplo a sala como se ela fosse maior do que é, mas o tom escuro deixava o teto parecendo mais baixo, um vaso no canto, o azul escuro da cerâmica se destacando da parede branca e do ambiente claro e bem iluminado, a mesa onde eu trabalhava era feita de vidro cheia de coisas em cima organizadas ou minimamente "bagunçadas" de um jeito que para mim fazia total sentido. A porta canetas em cima dela, a lixeira baixinha do lado e os pufes no canto, era tudo escuro para dar um contraste de cores e tudo foi perfeitamente escolhido por um decorador.
Somente passo o olha na ficha do candidato da vez e jogo no canto, a verdade é que antes eu tinha pilhas de fichas para ficar analisando até poder decidir quem iria trabalhar aqui, meus funcionários achavam que era sobre algum cargo executivo importante e ficavam preocupados se eu iria escolher a pessoa certa. Mas isso tem se tornado tão comum que eles nem se interessam mais e eu parei de analisar as fichas detalhadamente ou minha primeira impressão acabaria com as candidatas antes de chegarem até a minha casa e eu já o olharia torto e focaria nos defeitos, perdi minhas imensas opções e uma fila enorme de pessoas para tentar me atender e a agência de empregos dessa vez só me trouxe duas ofertas mas uma das mulheres desistiu ao ouvir meu nome. Covarde.
Mas a outra ficou então eu tenho uma última chance de fazer isso funcionar, todas as babás anteriores falharam em cuidar dos meus filhos e da casa de um modo absurdo e foram demitidas em pouquíssimo tempo. Jogo o currículo no lixo, eles acham que dessa vez achou alguém capaz e eu espero que seja ou vai ser minha última tentativa com essa agência e logo seguirei para próxima que me trará pilhas e pilhas para análise enquanto escolho alguém. Eu gostei de uma babá, é a única que confio para deixar filhos até hoje mas ela não trabalha mais com isso e por mais que eu ajude quando as crianças precisam e estão sem babá ela não pode cobrir a função de empregada doméstica, babá e seu novo cargo na empresa.
Ela era perfeita e eu deixei que escapasse.
Não importa quem é Axel a nova empregada, se ela for boa vai ficar com o emprego. No momento tenho que focar em ser CEO de uma empresa multimilionária. E como eu queria que fosse simples como arrumar a casa e colocar crianças para dormir.
Vou lhe contar uma história, provavelmente já contada milhares de vezes para outras pessoas simplesmente para divulgar o nome da empresa e esse tipo de coisa. Sou Amanda Butterman, mas nem sempre era a mulher que sou hoje, a garota de alguns anos atrás não sabia quem era nem o que queria da vida, ela não era como as outras que se encaixam facilmente em rótulos como esporte, dança ou culinária. Ela queria ser mais só não tinha idéia do que era "ser mais", com o tempo e muito trabalho duro consegui achar meu lugar, eu gostava das partes "chatas". Economia, administração, gestão, deixei de ser a garota tímida que eu era para me tornar alguém, comecei pequeno é claro, no que eu chamava de caixinha. Literalmente crescer numa caixinha não foi fácil, todos os funcionários na área onde eu trabalhava tinha seu próprio "escritório" que para mim é mais fácil descrever como uma minúscula caixa que não fecharam em cima para "circular ar" e com um buraco na lateral para pessoa entrar.
Foi estranho ver tantas pessoas ao meu redor fazendo o mesmo que eu, me senti como se tivesse me encaixado em um estereótipo como era para ser desde o inicio, mas dai percebi que sou diferente . Não frequentava os mesmos lugares, não gostávamos das mesmas coisas, não nos vestíamos iguais e o número de mulheres na minha área era baixíssimo, eu não era só mais uma em um mar de pessoas e no inicio eu me sentia meio deslocada como se não fosse mais o meu lugar mas percebi que eles também não tinham algo que eu tinha. Amor pelo trabalho cansativo. E com o tempo não fui a única a perceber, meu superior viu algo em mim e me subiu de cargo, consegui até o cargo dele uma vez mas não parei ai, quis continuar crescendo, até que eu consegui um dos cargos mais altos da empresa, eu ganhava bem o suficiente para investir nas minhas próprias coisas se eu quisesse e me dediquei para subir cada vez mais. Mas aquele era o meu limite e senti como se tivessem cortado minhas assas. Comparar essa fase da minha vida e agora pareciam coisas distintas de mais para serem colocadas lado a lado e analisadas, desde o cubículo que eu chamava de escritório com o que tenho agora a inocência que eu tinha quanto a coisas do trabalho que ninguém te conta.
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A Magnata e O Babá
RomanceQuantas historias sobre magnatas você por ai? Um cara forte, bonito, aquele corpo perfeito e sempre de terno. E se eu te contasse que os papéis se inverteram? No caso de Amanda Butterman ela é a empresaria bem sucedida, comanda uma empresa famosa e...