Bem vindas a New York

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-Será que tem como você se acalmar e parar de ficar se mexendo? Está me desconcentrando.

A morena de olhos azuis encarou por breves segundos sua melhor amiga que desobedecendo-a remexeu-se inquieta pela centésima vez no banco carona do carro em que estavam.- Nicole eu to falando sério, você vive jogando na minha cara que sou uma péssima motorista não é? Então não me dê motivos pra matar nós duas em um acidente.

Wynonna, a morena que conduzia um Honda Civic 2020 na cor preta, carro do qual ela ainda estava pagando repetia diariamente que, batê-lo, risca-lo e exageradamente falando, molhá-lo estava fora de cogitação e por isso estava tão preocupada com as pequenas distrações que os movimentos de Nicole lhe causavam. Mas, não negava se preocupar também com sua amiga, então rapidamente encarou-a e notou que a ruiva tinhas nós brancos nos dedos da mão de tão forte que apertava o cinto que a mantinha em segurança. Voltou a atenção a estrada porém decidiu iniciar um conversa com Nicola para tentar entender o que tanto a incomodava.

-Haught eu sei que tem algo errado.Te conheço há anos e só te vi nervosa assim quando você foi demitida e estava tão desesperada que não lembrava nem onde havia estacionado o carro ou seja, definitivamente tem algo cozinhando nessa sua cabeça. Seu cabelo até pegou fogo, olha tá vermelho.

Uma risada reprimida saiu dos lábios avermelhados e levemente feridos de Nicole, que os mordia sem parar para tentar aliviar o estresse e o nervosismo causando pequenos cortes. A ruiva virou-se para a janela e passou a encarar a estrada extremamente movimentada em que elas se encontravam. Seus olhos captaram mais cafeterias e lojas de roupa em segundos do que em horas ela veria em Purgatory e isso era parte do problema que a deixava tão nervosa. Mudanças. Era óbvio que ela sabia que elas eram importares e também inevitáveis em algum ponto na vida de alguém mas ela guardava lá no fundo do peito a esperança que talvez tudo desse certo em sua vida e que como em um jogo de tabuleiro, ela apenas pularia o momento de mudança e seria como se nada nunca tivesse acontecido mas, não foi isso que aconteceu. Há 4 semanas, Nicole havia sido demitida do local onde trabalhava, uma empresa de construção onde ela atuava na parte de financias devido a sua experiência adquirida em sua faculdade de Economia. Ela amava o que fazia, mesmo acordando ás 04:50 da manhã para que conseguisse atravessar a pequena Purgatory para chegar á "cidade" sem nenhum atraso. Infelizmente, todo seu esforço não foi o suficiente para que ela não fosse mandada embora devido a empresa estar indo à falência levando consequentemente o dono, a iniciar um plano de corte de gastos conhecido também como corte de funcionários. Tentou pensar positivamente, havia sido a escolhida para deixar a empresa por ter sido a última contratada, mas quando atravessou a porta da frente, aquela teoria já não fazia mais sentido. Porquê seria a única demitida? Estava trabalhando arduamente para eles a 6 meses e todos os dias recebia elogios que a motivavam a continuar fazendo tudo do exato jeito em que estava. Então qual era a lógica em demitir alguém que estava contribuindo tanto para o local em tão pouco tempo? A ruiva não lembra mais nada sobre o dia de sua demissão, apenas de ir ao um bar perto de onde estava e ligar em pânico para Wynonna por não conseguir lembrar se estava de carro e caso sim, onde ela havia estacionado.

-Olha você não precisar me contar tudo bem? Não quero que você se sinta pior ainda então, vamos fazer o seguinte, vou te contar um pouco sobre minha irmãzinha.

A morena assustou Nicole que estava imersa em seus pensamentos mas passou a prestar atenção na bela morena que continha agora um largo sorriso nos lábios. Isso era natural de Wynonna quando se tratava de falar sobre sua irmã caçula. Não podia conter as diversas memórias divertidas que automaticamente vinham a sua mente, assim como não podia e nem gostaria de esquecer a forma como as duas eram ligadas, era uma conexão extremamente forte que as mantinha unidas, até que tudo mudou. Famílias foram separadas e novos membros entravam na história da família Earp. Ela lembrava das várias noites em que acordava com batidinhas na porta e quando abria, se deparava com uma figura descabelada e de camisola que segurava um urso esfarrapado colado ao corpo, olhava a pequena menina encarar a sua cama e rapidamente chamava-a para dormir com ela depois de acalma-la e prometer que jamais a abandonaria. Ao lembrar-se dessa parte Wynonna sente seu âmago apertar pois sabia que tinha quebrado uma das promessas mais importantes pra ambas.

-Wynonna? – Nicole chamou a amiga após perceber o silêncio e as expressões nostálgicas da morena que sacudiu a cabeça e sorriu novamente mas dessa vez, precisou esforçar-se.

-Você vai adorar conhecê-la, ela é meiga, super bonita e extremamente inteligente, chega a ser meio assustador mas com o tempo você se acostuma e o mais importante...- Earp deu uma pausa na fala para checar sua localização no GPS.- Ela nunca trataria ninguém mal já que ela é dona do maior coração que eu já conheci, ela vai te tratar melhor do que a mim, você vai ver.

Mesmo que a amiga soasse realmente convincente essa era a última parte da razão pela qual a ruiva soava mais do que o comum. Estava indo conhecer a irmã da sua melhor amiga e também teria que criar coragem para pedir ajuda com moradia e trabalho e para ela isso era humilhante e assustador.

- Chegamos finalmente.- Após tirar os olhos do GPS, ambas ao mesmo tempo encararam a enorme mansão em que a Earp mais nova morava e seus queixos foram ao chão. Quando recuperarem a postura e estacionarem o carro, as garotas seguiram até a entrada da casa onde após um caminho de pedras e um jardim artificial que cobria toda aquela área, chegaram a uma porta de madeira lisa maior do que parecia ser necessário para uma casa onde a moradora tem 1,64 de altura. Wynonna começa a bater na porta mas é interrompida por uma mão molhada que segura levemente seu pulso.

-Wynonna tem certeza que isso vai dar certo? Ela vai mesmo nos recepcionar bem?

Com um sorriso irônico a morena tocou novamente a porta agora com mais firmeza como se tentasse provar algo.

- Ela é minha irmã Haught, eu cuidei dela a maior parte da minha vida. É óbvio que ela vai me receber com um enorme sorriso e seus pequenos braços abert...-Antes que ela pudesse terminar a frase, a grande porta foi aberta, revelando do lado interior uma garota muito bem vestida em um traje social que após encará-las fixou seu olhar em uma em específico .Wynonna.- Waverly é você ? Como você cresceu, vem aqui e me dê um grande abraço.

Com seus braços cobertos por uma jaqueta de couro preta ela aguardava sua irmã se aproximar.

-Wynonna Earp, a que devo o desprazer da sua visita?

Nicole encarou primeiro sua amiga que tinha uma expressão de choque e depois encarou a mais nova que possuía uma expressão de ódio e desprezo pela própria irmã e aquilo não era um bom sinal.

Agora é oficial, sejam bem vindas a New York.

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