O vento que corria batendo nas pétalas das flores levou os cabelos de Ana em direção ao seu rosto fazendo-a sentir um leve pinicar nas bochechas naturalmente coradas.
Olhou para o rapaz dos olhos cor de oceano parado bem a sua frente e observou o sorriso torto aparecer em seu rosto enquanto ele colocava perto da lixeira uma caixa velha que trazia nas mãos, parando logo em seguida para observá-la.
— Parece que estamos meio programados a nos encontrar, não acha? Ou você me seguiu no outro dia que te deixei lá no circo? — disse ele, parecendo se divertir com Ana que de surpresa, passou a rir envergonhada.
— Acho que eu não estava exatamente em condições de te seguir — ponderou segurando o celular, nervosa.
— Bom, isso é verdade — respondeu ele ainda rindo —, está melhor hoje?
— Sim estou. Obrigada por aquilo, eu não ia conseguir chegar no circo sozinha. E desculpa por... bem, você sabe. Por tudo.
Ela abaixou o rosto envergonhada, mas logo tentou recuperar a sua dignidade levantando os olhos e observando o brilho infantil no olhar do rapaz que a encarava com curiosidade.
Perguntou-se o que ele fazia na casa que de acordo com Rick, ainda era do seu avô.
— Foi uma experiência interessante... Mas não precisa agradecer, salvar moças indefesas é só mais um dos meus hobbys. — Os lábios finos se esticaram em um sorriso torto enquanto olhava dentro dos olhos dela fazendo-a ver mais uma vez aquele brilho diferente que os olhos dele tinham, e novamente aquilo fez com que ela se sentisse bem — Se você não me seguiu e não veio só pra me agradecer, posso saber porque está aqui?
— E quem disse que o meu destino era essa casa? — Arqueou a sobrancelha tentando parecer mais segura de si do que realmente se sentia.
— Levando em conta que é a última casa da rua e era bem em frente dela que você estava, eu acho que essa hipótese faz muito sentido.
Ele sorria enquanto respondia, e ela vasculhou os pensamentos em busca de alguma desculpa ou resposta sarcástica para livrá-la daquela situação; porém não obteve sucesso, sua mente insistia em se manter totalmente em branco.
O rapaz estendeu as mãos para finalmente fazer uma apresentação.
— A propósito, meu nome é Tiago. Você é?
— Ana, só Ana; nada tão bonito quanto o nome da Lulu — disse sorrindo ao se lembrar imediatamente do rapazinho insolente do outro dia.
Observou Tiago olhar para ela ainda mais curioso enquanto sorria mostrando covinhas atraentes.
Ana ouviu a porta ser aberta outra vez, e sentiu o coração acelerar quando de dentro da casa saiu um senhor dos cabelos brancos que olhava aquela cena com curiosidade.
— Já terminou, meu filho? — questionou o senhor, virando sua atenção para Ana ao continuar — Ah, temos visita?
Ana tentou disfarçar o olhar de pânico que certamente exibia; aquele só podia ser seu avô, e apesar de ter esperado por esse encontro por tanto tempo, não estava nem um pouco preparada.
Tiago olhou para ela esperando que se apresentasse mas como continuou calada, ele respondeu:
— Acho que ela está um pouco perdida. — Sorriu conspiratoriamente enquanto respondia ao senhor que encarava os dois com cuidado — Está na cidade com o circo.
— É mesmo?
Ana mirou os olhos do senhor à sua frente e viu quando ele levantou as mãos em sua direção em um cumprimento.
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Descanso em Seu Olhar
SpiritualAs cores sempre tiveram um fascínio sobre ela e o circo conseguia reunir todas elas em um espetáculo que lhe tirava o fôlego na infância, e lhe apresentava novas oportunidades na juventude. Ana sabia bem o que queria: estar o mais longe possível de...