Capítulo Vinte e Três

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— Ana Luísa, a vovó está te esperando.

— Já vai papai, só tava colocando meu chinelo.

Tiago riu da menininha que fazia bico com as mãozinhas na cintura. Caminhou até ela e deu um beijo no rosto para logo em seguida pegá-la pela mão e levar até a sala onde sua mãe aguardava.

— Tem certeza que não se importa da Ana Luísa dormir lá hoje?

— Claro que não Tiago, já falei várias vezes que nem precisa perguntar.

O rapaz riu da mãe que parecia esforçar-se para soar "nervosa" e deu mais um beijo na filha recebendo em troca um abraço apertado.

— Te amo papai, amanhã eu volto.

— Também te amo, princesa. Lembra do nosso combinado?

Observou a filha colocar o dedinho no queixo e semicerrar os olhos como se estivesse pensando.

— Nada de desobedecer a vovó e o vovô, e ser uma boa menina, igual o Papai do céu gosta.

— Isso mesmo — respondeu com um sorriso de orelha a orelha que evidenciava suas covinhas, e passou a mão pelo cabelo da filha bagunçando levemente os cachos numa brincadeira.

Despediu-se da mãe novamente e ficou observando enquanto as duas distanciavam-se da casa.

Não gostava de abrir mão das noites com a filha — sentia-se um tanto quanto culpado —, mas as vezes simplesmente não tinha como evitar.

Esse era só um dos obstáculos de criar um filho, sozinho.

Caminhou até o banheiro e checou as horas chegando à conclusão que precisava se apressar, a vigília começaria em menos de uma hora e ele precisava correr para chegar a tempo.

Suspirou sentindo o cansaço tomar conta do seu corpo ao lembrar-se que ainda demoraria para poder deitar e descansar.

O dia havia sido corrido como sempre. A loja, as aulas on-line, a filha, a casa, os jovens na igreja, sua vida espiritual. Só de pensar já sentia a exaustão ameaçar chegar e nesses momentos ele buscava focar os olhos em Deus pois sabia que sua vida estava debaixo de um propósito e nada de tudo aquilo que fazia, era em vão.

Após um banho rápido regado com água bastante gelada, ele se arrumou o mais rápido que pôde e seguiu em direção a igreja pensando em como seria bom se todos os jovens que estavam frequentando as reuniões na praça aparecessem naquela noite para tirar um período maior de oração à Deus.

Passou na lanchonete para comprar um sanduíche natural e bateu a mão no bolso verificando se havia pego o estojo com a escova de dente. O dia havia sido tão corrido que não tinha conseguido parar para lanchar, e ele havia aprendido que as vezes era preciso improvisar para que tudo saísse do jeito certo.

— Oi Tiago, você está indo para a igreja?

O rapaz foi pego de surpresa mas abriu um sorriso pequeno ao ver Michele lhe acenando na prateleira ao lado.

— Exatamente. — Ele respondeu dabdo um dos sorrisos costumeiros enquanto cumprimentava a moça negra com um aperto de mão.

— Como está a Ana Luísa?

— Cheia de energia, como sempre.

Os dois riram lembrando da mocinha serelepe que parecia ter uma bateria infinita.

— Se você quiser e deixar, ela podia passar o dia comigo e com o Ben esse final de semana. Acho que ele está precisando de uma companhia infantil por perto além do Rick.

Descanso em Seu OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora