Capítulo 6

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Pov Christian

A visão era repugnante. O homem estava violentando a pobre moça. Meu maior susto foi ver que era a mesma moça que esbarrou comigo mais cedo. Sem pensar duas vezes ordenei que o desgraçado saísse de cima dela. O homem me lançou um olhar furioso.

— Que porra é essa? Como você invade meu quarto assim? — reclama ele indignado.

Atrás dele a moça se cobre rapidamente e posso ver o medo em seus olhos.

— Do corredor se podia ouvir a pobre moça gritando por socorro. Você estava abusando dela, seu infeliz.

O cara solta uma gargalhada alta. Ele recolhe do chão sua cueca e sua bermuda e veste calmamente.

— Olha meu senhor, não que eu lhe deva algum tipo de explicação a respeito de minha vida, mas essa é a minha esposa. Casamos recentemente e estamos em lua de mel.

— Você pensa que sou algum idiota. Eu vi! — digo tentando conter a minha vontade de socar a cara deste imundo até ele perder a consciência.

— O que você viu foi um casal realizando uma fantasia. Ninguém aqui estava abusando de ninguém, não é mesmo meu amor? — ele se vira e encara a moça.

Ela seca suas lágrimas e olha para ele sem dizer nada por alguns instantes.

— Conte para o senhor, meu amor. Diga a ela que está tudo bem? — insiste ele.

—Está tudo bem, mesmo. Esse é meu marido, Jack.

—Você não tem que ter medo. Me diga a verdade. Eu prometo ajudá-la. — tento passar o máximo de segurança a ela.

— Senhor Hyde, algum problema? — um funcionário do hotel chega ao quarto.

— Eu estava tendo um momento íntimo com minha esposa, quando esse doido invadiu nossa suíte aos berros.

— Eu ouvi os gritos. Eu vi você machucando ela.

— A senhora está bem? É verdade o que esse senhor disse? —  pergunta o funcionário encarando a moça.

Ela olha para o tal Jack, ele sorri para ela de um jeito estranho. Ela baixa a cabeça.

— O moço se enganou, meu marido não me machucou. Tudo o que ele viu foi consensual.

Ela está mentindo, eu sei que está. Uma das primeiras coisas que eu aprendi ao entrar no FBI é ver os sinais de que alguém está mentindo. Mas estou de mãos amarradas já que ela insiste em dizer que o tal marido tem a permissão dela. Sei que muitas mulheres passam por isso, mas não denunciam por medo das consequências.
Fico a encarando por longos minutos na esperança de que ela volte atrás.

Vamos moça, me deixe te ajudar. — penso, mas ela não levanta seu olhar.

— Senhor, eu peço que se retire. — o funcionário do hotel pede — Senhor Hyde, pedimos desculpas pelos transtornos. O hotel tomará as de vidas providencias.

Assinto sem dizer nada e saio do quarto, mas minha vontade é voltar lá e tirar aquela mulher de lá nem que seja na marra, mas não posso. Não tenho este direito. Eu mal a conheço.

No meu quarto, Juliane me aguarda furiosa.

—Você ficou doido? Eu não acredito que você foi capaz de fazer isso, Christian? — grita ela assim que eu fecho a porta atrás de mim. — O hotel inteiro viu e ouviu o vexame que você deu.

— E o que você esperava que eu fizesse? Era a moça que nós ajudamos mais cedo. O marido dela estava a violentando.

— Não, não estava. Estavam apenas tendo um sexo selvagem Christian. Algumas pessoas gostam! — diz ela com um sorriso debochado.

— Você so pode estar brincando. Eu sei muito bem a diferença de sexo selvagem e violência sexual. E aquilo que estava acontecendo naquele quarto era estupro.  Ela mentiu. Mentiu por medo.

— Pouco me importa se ela mentiu ou não. Problema é dela se casou com um homem desse tipo. Agora que aguente.

— Você está se ouvindo? Eu não posso acreditar!

— Eu não conheço essa mulher, Christian. Não estou interessada na vida dela. Não vim para um lugar paradisíaco como este para me preocupar com a vida dos outros. Vim para aproveitar as minhas férias e nada além disso. Por mim ela que se dane.

— Não dá. Eu não posso ficar aqui te ouvindo dizer estas coisa nojentas. Eu preciso respirar.

— Volte aqui agora, Christian! — ela grita.

Com meu peito cheio de tristeza e decepção deixo o quarto e sigo em direção a saída do hotel. No hall o mesmo funcionário tenta me parar, mas faço sinal para ele que depois falamos.

Imagino o que seja, vão me pedir para deixar o hotel. Certamente o tal Jack é algum magnata poderoso e eu ousei atrapalhar sua lua de mel com a esposa.

Como se isso fosse uma lua de mel. Mais cedo a mulher parecia ter saído de um velório e agora aquela cena terrível.

E ainda tem a Juliane. Ela nem parece a mulher doce e alegre que eu conheço. Eu nunca imaginei que minha esposa fosse virar as costas a alguém que precisa de ajuda. Estou tão decepcionado.

Quando me dou por conta estou na beira da praia, retiro meus chinelos e sigo caminhando pela beira da água, sentindo as ondas batendo nos meus pés.

Tento não pensar muito em tudo o que aconteceu, mas toda vez que fecho meus olhos vejo a mulher triste que caiu em meu caminho. O olhar dela me lembra muito a mulher do sonho.

Será que ela está bem? E se ele a machucar?

Eu fui um fraco. Eu deveria ter feito alguma coisa.

Depois de andar por um longo tempo noto que me afastei bastante do hotel. Me sento na areia e fico olhando para o mar. A lua está brilhando sobre a água.

Como agente do FBI eu vi e vivi as coisas mais absurdas e terríveis que se possa imaginar, mas aquela cena do tal Jack sobre a moça me doeu de tal forma que não sei explicar. Eu fui treinado para não deixar as emoções me dominarem, mas neste momento minha raiva é tão grande em saber que ela está lá com aquele ser nojento e eu não pude fazer nada.

— Chega, Christia! — digo a mim mesmo. — Você precisa esquecer aquela mulher. É hora de enfrentar Juliane. Está ficando tarde e ela deve estar preocupada.

Me levanto, tiro a areia de minha bermuda e decido que é hora de voltar, mas para a minha surpresa a poucos metros dali a moça estava sentada.

Era ela! Mal pude acreditar, quando vi!

Fiquei parado a certa distância sem que ela me notasse. Essa mulher não parecia em nada com alguém que havia acabado de casar.

Ela estava com suas pernas dobradas e seus braços as envolviam. Seu queixo estava apoiado em seus joelhos e eu podia ouvir seus soluços.

— Você está bem? — ela se assusta ao me ver e rapidamente se levanta para fugir.

— Por favor, não fuja. Eu só quero ajudar.

— O senhor é muito insistente. Já disse que está tudo bem. — ela esfrega seus olhos rudemente.

Ela sai andando e por um impulso eu seguro seu braço.

—Por favor, não vá.

Obrigada por lerem!
Deixem suas estrelinhas!

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