Cap. 36: Two Hearts

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Emma

3 meses de gravidez

Escuto meu celular tocar e abro os olhos... Caramba, cochilei no meio do filme. Ando pela sala procurando meu celular, até que o acho.

- Alô?

- Emma? Querida, como está?

Sento-me no sofá.

- Estou ótima mãe! Todos cuidam tão bem de mim.

- Ah, que bom ouvir isso! Eu sinto tanto, tanto por não estar ai com você. Mas prometo que antes do bebê nascer, seu pai e eu estaremos ao seu lado.

- Que bom ouvir isso mãe, estou morrendo de saudades.

- E o bebê, como está?

- Está saudável, ainda bem.

- Espere até a sua barriga crescer e ele começar a chutar... é algo inexplicável - mamãe choraminga.

Sinto uma vontade de chorar.

- Meus nervos estão a flor da pele mãe, não me faça chorar...

- Oh, é verdade. Tenho que desligar agora, eu amo você meu anjo.

- Eu também te amo.

Finalizo a ligação.

Onde está todo mundo?! Adam acabou de voltar do primeiro GP do ano e foi para a cidade com Giovani comprar algumas coisas, dona Isabela estava cuidando de umas flores... Nunca chegaram?!

Vou até a porta da frente e olho a entrada, a casa é rodeada por um jardim bem bonito e muito bem cuidado por dona Isa. Ela está lá, podando uma plantinha.

- Olá - digo - precisa de ajuda?

- Oh, não querida. Já estou quase terminando.

Me aproximo. Há flores de vários tipos, mas as margaridas estão em maior número.

- Que flores lindas - digo, tocando em uma linda margarida.

Dona Isabela olha para mim e depois para a flor. Fica um tempo calada, olhando para o nada.

- As margaridas eram as preferidas de Sofia - ela diz, subitamente.

Oh...

- Quando ela era criança me ajudou a plantar as primeiras florzinhas... Ela iria gostar tanto de você... porque você faz Adam feliz. E isso é tudo o que ela queria que ele fosse. Você me lembra um pouco ela... Ah Emma... - ela olha para mim com os olhos marejados - eu não sei o que você passou, mas eu sei que você tem uma superproteção com esse bebê e isso deve ter um motivo querida...

Eu a olho. Sinto uma pontada no meu coração. Volto para a entrada e me sento no degrau.

Ela se aproxima e senta ao meu lado.

Passamos um tempo sem falar nada.

- Eu sempre achei que ter um filho fosse a coisa mais importante para uma mulher - desabafo - e ainda acho. Quando eu era casada, fazia de tudo para engravidar. Sabe, eu era tão imatura... Meu casamento era horrível, mas eu insistia. Achava que ele era o homem da minha vida, apesar de tudo. Eu tentei engravidar inúmeras vezes, mas não deu certo. Só duas vezes, eu tive a oportunidade de ser uma mãe. Na primeira... eu ouvi a batida do coraçãozinho do bebê... Uma semana depois, não havia mais nada. E eu nunca soube o porque ou como o aborto aconteceu. O segundo, nem isso. Parecia que Deus não queria que eu tivesse um filho de forma alguma, eu não entendia o porquê. Mas agora, eu entendo. Ele sabia que aquele homem não era o certo para ser pai dos meus filhos.

- Você está certa Emma... Nossa história é muito parecida, na verdade. Eu já sofri um aborto, foi a coisa mais agonizante pelo que já passei. Mas logo após, Deus me deu Sofia. Minha única filha, meu presente, meu legado. Ela foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Quando você tiver o seu bebê, entenderá ainda mais. Só que ele não será um neném para sempre, ele crescerá aos poucos, sendo ajudado por você. E quando já estiver maduro, irá partir, para o mundo. E não há nada que você possa fazer para protegê-lo, a não ser coloca-lo nas mãos de Deus. Nunca vou poder descrever ou esquecer o que senti quando soube que minha filha tinha morrido. Uma parte de mim morreu também. Pensei em suicídio... Mas me lembrei de Adam. Deus me deu Sofia. E Sofia deu-me Adam. E Adam agora está me dando mais um anjinho.

Ela toca em minha barriga, mas eu não recuo.

- Deus trabalha de formas estranhas Emma, nós não entendemos seus planos... Mas tudo coopera para o bem - ela sorri para mim.

E ali ao meu lado, ela parece radiante como nunca. Uma mulher de idade, com os cabelos brancos como a neve, mas tão forte, tão majestosa.

A abraço.

- Obrigada - digo.

- Não há de quê querida, não há de quê.

Ficamos ali abraçadas, até os homens da casa chegarem. Entramos na casa alegremente, e eu me sinto leve. Todos os meus medos foram embora depois disso... Vou curtir minha gravidez.

4 meses de gravidez

Estou em pé, de frente para o espelho. Tiro minha blusa e viro de lado. Ah meu Deus...

Minha barriga já está grandinha. Bem grandinha até, para quatro meses.

Deslizo a mão por ela. Meu amor a cada dia cresce mais por esse presentinho de Deus. Estou contando as horas para pegar logo meu anjinho no colo.

Hoje farei uma ultrassom, para saber o sexo. De início, queríamos que fosse surpresa, mas sabe como é... a curiosidade está no meu sangue. Então convenci Adam.

Ele entra no quarto e me abraça por trás, pousando as mãos em minha barriga. Ficamos nos olhando no espelho por um tempo, sorrindo feito bobos.

- Você acha que é menina ou menino? - ele pergunta.

- Acho que é menino - sorrio.

- Já eu acho que é menina - ele sorri.

- Vamos descobrir então - digo animada.

Visto minha blusa novamente e então saímos do quarto em direção a garagem. Já na estrada, seguimos para o hospital. Estou nervosa!

Adam escolhe o Ospedale de Santa Maria Nuova. Porque é tradição. Quantas tradições... Mas tudo bem, Leonardo Da Vinci já foi internado lá, é quase como ir a um museu!

Finalmente chegamos. Adam me conduz pelos corredores, eu poderia muito bem me perder aqui.

Quando chegamos na sala correta, a doutora nos cumprimenta e conversa conosco sobre a gravidez. Depois de muito fala-fala, partimos para a ação.

Me deito em uma espécie de maca, odeio isso mas ok. Tudo pelo meu bebê. Adam fica ao meu lado. Ela levanta minha blusa e coloca aquele gel, que me faz cócegas.

Olhamos para a tela da tv ansiosos, quando ela começa a rolar o instrumento pela minha barriga.

Não entendo nada na tela, mas estou emocionada.

- Oh! - ela grita, surpresa.

- O quê? - eu pergunto amedrontada.

- Escute isso - ela aumenta o volume e eu fico em silêncio.

Já ouvi esse som antes...

A melodia mais linda do mundo... De um coraçãozinho batendo.

Só que dessa vez é diferente.

Desabo em lágrimas quando ouço não só um... Mas dois corações batendo.

ℭ𝔬𝔪𝔭𝔩𝔢𝔱𝔞𝔪𝔢𝔫𝔱𝔢 𝖘𝖚𝖆 (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora