Barcelona, Espanha
Maio de 2000Uma vez mais a alegria tomava conta do lugar construído entre 1914 e 1918, ambiente propício para festas da alta sociedade de Barcelona, bem como a melhor forma de ostentar as cifras da conta bancaria dos anfitriões, a família Perez, que orgulhosamente casava sua filha mais velha.
As serias conversas de negócios entre os homens e as disputas fúteis entre as mulheres se mesclavam com o som das longas gargalhadas das crianças de distintas idades, que apressadamente transitavam pela escada de pedra, de poucos degraus, a ligação entre o formoso salão dourado e o gracioso jardim, com um gramado invejavelmente verde, sem se importarem com iminentes riscos de acidentes, percorriam em passos ligeiros os dois ambientes, desviando de adultos em seus elegantes trajes, que seguravam entre seus dedos uma delicada taça de cristal.
—Cuido crianças – advertiu o homem de cabelos negros, trajando um belo smoking.
Ignorando a advertência, apressados um menino de cabelos loiros, uma menina de cabelos castanho e outra de cabelos negros corriam desesperados da menina de cabelos loiros, corriam como se suas vidas dependessem da agilidade de seus pés, atravessaram com a mesma velocidade o batente dourado da porta.
—Está com a Emilia – gritou a menina de madeixas loiras.
Impetuosamente, ofegante, a menina de cabelos castanhos cessou seus passos, com o miocárdio disparado, sentiu a frustação mesclada com a raiva, por haver sido pega, percorrerem suas veias.
—Não me pega – gritou o menino de cabelos negros provocativamente.
Como um vulto, viu seu amigo descer as escadas, percorrendo em direção ao vasto jardim, com algumas arvores e pessoas de obstáculos para seu caminho, da posição onde encontrava—se tinha plena visão de seus amigos, apenas escapando dois, que não se fazia capaz de encontrar com aquela olhada mais que ligeira.
Necessitada, as narinas da menina de cinco anos tragaram o ar, recuperando seu folego, desceu em passos cautelosos os degraus, utilizando seus braços para equilibrar seu corpo.
Seus pés, calçados por um formoso sapato branco, que combinava com seu vestido rosa claro, pisaram o macio gramado, avistando o menino de cabelos loiros se perder entre as arvores que rodeavam a propriedade, não hesitou em rumar em sua direção, disposta a pega—lo.
Em meio ao caminho, ou em apenas alguns passos, sentiu a ponta de seu pé prender—se em algo, seus olhos se acovardaram obrigando suas pálpebras a se cerrarem ao sentir que seu corpo cedia a gravidade.
Suas pálpebras se estremeceram ao sentir seu corpo chocar—se com as inúmeras folhas gélidas do gramado e um ardo, concentrar—se na região de seus joelhos, provocando um nó em sua traqueia, fruto do iminente choro que ameaçava acomete—la.
Em silêncio, com globos oculares ardendo, embargados pela concentração de agua que acumulava—se, abriu suas pálpebras, com a ajuda das palmas de suas mãos, que levemente ardiam, girou seu corpo, meio atordoada e envergonhada.
—Se machucou Emilia ? – questionou em um tom de preocupação a voz, de um menino, conhecida.
Sem a oportunidade de averiguar qualquer lesão, com a crescente ganas de chorar tomando seu interior, os olhos de Emilia recorreram até a face familiar daquele menino de olhos verdes, cabelos castanhos e pele clara, seu amigo de longa data, Tobias Nash.
—Não sei – suspirou dobrando seu joelho direito que ardia, com os lábios trêmulos, devido a vontade de cair em um copioso choro, mas contido pelo seu interior.
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Duas vezes Você [✓]
RomanceQuantas vezes uma pessoa tem o direito de invadir a sua vida e destruir tudo? Emília Field tem a resposta para essa pergunta na ponta da língua: 2x ou duas vezes. Duas vezes é o número exato que teve Tobias Nash como protagonista em sua vida. Her...