20. QUEBRA CABEÇA

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Non... Je ne regrette rien

Édith Piaf

Como uma melodia esquecida entre suas memórias aquelas palavras em francês ecoaram no interior da cabeça de Emilia, a tradução era clara e diante do momento uma peça a mais do quebra cabeça que havia se tornado sua vida, cerrando as pálpebras afundou seu rosto contra o macio travesseiro de pena. Quente e bagunçado o lençol de linho bege roçava sob seu corpo, um contato leve, conforme os necessários movimentos de seu organismo – sua respiração já era normal, o coração palpitava imperceptivelmente e o suor era absorvido pelo tecido abaixo de si, mas sem tirar o brilhoso tom de sua pele molhada– com a frente do corpo esparramada sobre a confortável espuma daquela cama, a mulher de cabelos castanhos sentiu o deslizar daqueles cálidos lábios tocando o meio de suas costas, arrepiando todas as terminações de sua pele, em um caminho tortuoso até sua nuca a mostra.

O fogo daquele homem era contagiante e estava a reacendendo para mais uma rodada naquela noite, onde os números de orgasmos já haviam se perdido em sua mente, apenas tornando seu corpo mais sensível.

Inconscientemente, seus lábios se curvaram, devido as semanas que levava naquela maratona selvagem com Tobias  Nash, aquele toque havia se tornado familiar, em momentos de clareza sabia que era insano estar esparramada sobre a cama de seu carrasco, saciada e satisfeita, porém toda aquela atmosfera a embriagava, deixando qualquer arrependimento do lado de fora daquele – ou qualquer – outro cômodo em quem se entregassem ao prazer.

Errado! Profundamente errado!

Parte de seu consciente—sem força— tentava realçar aquelas palavras, aquele jogo era perigoso, arriscado, mas tão prazeroso – Ohhh— um gemido queimou em seus lábios arrancando qualquer pensamento, enquanto toda arrepiada ajeitou seu corpo ao sentir o suave deslizar daqueles lábios para atrás de sua orelha.

— ... mal está prestando atenção. Droga isso é broxante — em um agudo e repreensivo tom aquelas palavras acariciaram a sensível curvatura entre sua orelha e pescoço.

— Ual ! – ironicamente surpresa, Emilia o encarou — Tobias  Nash  broxando.

— Não seja uma megera Emilia — rosnando a advertência o homem completamente desnudo sobre o leito, prendeu entre seus dentes o sensível lóbulo da orelha próximo a seus lábios.

Inconscientemente, o lábio inferior — da mulher completamente pelada – prendeu—se entre seus dentes ao sentir aquela caricia nada sensível e excitante, porém bruscamente seus sentimentos se converteram, quando o ensurdecedor som de um espalmar em sua nádega rompeu o silêncio entre as quatro paredes, deixando um ardor irritante em sua pele.

— Cretino — irritada esbravejou, girando rapidamente seu corpo e se apoiando nos cotovelos.

—Megera— Tobias  rosnou satisfeito entre os dentes, como se provoca—la fosse o começo de mais um round.

Imóvel, apenas comtemplou aquela serpente como uma fera pousar parte de seu corpo sobre si, roçando levemente suas peles e obrigando seus olhos se encararem em uma brincadeira nada divertida.

— Assim que eu gosto — em um suspiro inerte, sussurrou o homem com o olhar atento aos lábios diante de seus olhos — Toda sua atenção somente voltada para mim.

—Não — rapidamente, como uma presa encurralada pestanejou — Você gosta da minha faceta megera — concluiu, tombando os olhos castanhos nos vermelhos e inchados lábios a sua frente.

Excitante!

Pensou. Jogando seu corpo sobre o leito, observou os lábios daquela fera réptil se curvar em um divertido sorriso, definitivamente estava se acostumando a aquela atmosfera de guerra, as semanas naquele jogo de '' fera e mamífero'' como Nash  denominara estava contradizendo  toda sua rotina, diferente de todos seus relacionamentos, sem amor, um puro e irracional desejo onde o ''o'' tornava—se o catalisador de algo mais quente, sem mencionar o melhor sexo de toda sua vida.

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