16. ENTRE QUATRO PAREDES

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Surpresas

Uma noiva – apaixonada— deveria estar em êxtase com qualquer surpresa de seu amado, bem como a imagem dele praticamente sem roupa diante de si, deveria se tornar um delirante convite para algo mais pecaminoso – carnal— mas tais palavras seriam cabíveis a uma noiva apaixonada.

Não a Emilia Field ...

Empunhando o sapato entre seus dedos, a mulher de cabelos castanhos analisou o homem parado a longos passos distantes de si, praticamente em um cômodo distinto – alguns pingos de agua escapavam da ponta de suas madeixas castanhas, deslizando por seu tórax, tomando um rumo pecaminoso em direção ao cós da toalha branca envolta em sua cintura, o cenho grosso direito se arqueava na espera de seu próximo ato, bem como a suave curvatura em um dos cantos de seus lábios, delatando certo humor em seu interior – vontade de atirar o sapato em sua mão contra aquele homem não faltava, porém temia errar. O ar dilatava suas narinas ao iniciar o caminho até seus pulmões, que visivelmente inflavam seu tórax.

Ódio

Era indescritível o quanto o odiava, sua petulância, soberba, crueldade, perversidade, odiava cada centímetro do interior e exterior daquele homem, entretanto o odiava por torna—la fraca, por conhecer suas fraquezas, a manipular como um diabo, ataca—la sem aviso prévio como uma serpente de olhos cintilantes inexpressivos e principalmente, invadir seu quarto trajando nada além do que uma miséria toalha – o que de certa forma desnorteava seus sentidos e abalava seu ódio que se via tentando em voltar a tornar—se aquele maldito e inapropriado desejo carnal – que estava se tornando intenso.

Distraídos, seus olhos a traíram, fitando com cautela aquele abdômen que alguns dias atrás estava sobre o contato de seus dedos, não tivera a oportunidade de analisa—los – visivelmente – mas diante daquela imagem não podia negar que Tobias  Nash, era o diabo, no corpo de um ser humano. Rendendo—se inconscientemente, sua mão movimentou—se para baixo com suavidade até parar ao lado de seu corpo

Lembre—se –se – grunhiu seu consciente diante daquela imagem – Você jamais! ... Jamais pode voltar a permitir que o que aconteceu no elevador se repita – e como uma fraca voz, que perdia sua intensidade, recordou seu consciente, buscando ignorar que aquele sexo – em um elevador – tinha sido a coisa mais quente e ousada que houvera feito em toda sua vida.

Ele é um cretino

Buscou recordar, tentando nublar a atenção – mais que atenta – de seus olhos no corpo daquele homem imóvel diante de si.

– E se você passar por essa porta, não vou hesitar em pinta—la como a malvada dessa história, afinal o Alex já contou a mentira a quem estivesse disposto a prestar atenção, mas não creio que sua imagem de santa vai permanecer intacta quando eu revelar que apenas fui usado por você.

– Sempre covarde – a acusou, escondendo suas mãos no bolso da calça jeans azul.

–Não – ressaltou, tornando a expressão em torno de seus olhos de reprovação – Essa é minha forma de dizer que você está parecendo um pedaço de carne a venda, disposta a satisfazer a luxuria de todos os homens aqui presentes.

Alimentado pelo silencio, seu consciente a presentou com recordações –palavras— tornando fácil odiá—lo e alimentar a certeza que nenhum contato físico entre ambos se repetiria.

Curiosidade, erguendo o olhar, encontrou a curiosidade estampada naqueles olhos verdes – cintilantes, mais escuros que o habitual e inexpressivos para uma leitura de seu interior – a sobrancelha se mantinha arqueada.

Temor

O covarde temor percorreu o corpo de Emilia diante daquele silêncio, afinal Tobias  Nash  era uma serpente e a ausência de palavras significava apenas uma coisa ...

Duas vezes Você [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora